13/Dez/2022
As estimativas de produções brasileira e mundial de trigo na safra 2022/2023 continuam apontando volume recorde. Quanto aos preços, seguem em queda no Brasil, acompanhando a baixa internacional. Além disso, os valores são influenciados pelo crescimento na oferta de trigo no mercado brasileiro, já que a colheita nacional está quase finalizada nos principais Estados produtores, Rio Grande do Sul e Paraná, e pela expectativa de safra recorde. Em relatório divulgado neste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou novamente a projeção da safra 2022/2023 no Brasil, que deverá atingir 9,55 milhões de toneladas, alta de 24,4% frente à temporada 2021/2022 e um recorde. A produtividade deve ser de 3,12 toneladas por hectare, 11,5% maior que na temporada anterior. A área destinada ao cereal foi mantida em 3,05 milhões de hectares, elevação de 11,6% sobre a safra passada. Com a maior produção do País, a estimativa de exportação aumentou em 300 mil toneladas na comparação com o relatório anterior e deverá ser de 3 milhões de toneladas (entre agosto/2022 e julho/2023).
A estimativa de importação foi mantida em 6,1 milhões de toneladas de agosto/2022 a julho/2023, sendo 0,3% superior ao da temporada passada. Desta forma, a disponibilidade interna está prevista em 16,37 milhões de toneladas, e o consumo doméstico, em 12,29 milhões de toneladas. Assim, o estoque final foi reajustado negativamente para 1,08 milhão de toneladas em julho/2023. Quanto à safra mundial 2022/2023, apesar de a previsão ter sido reajustada negativamente pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) entre novembro e dezembro, o volume estimado ainda deve ser recorde. O consumo mundial de trigo, por sua vez, deve ficar acima da produção. A produção mundial está estimada em 780,58 milhões de toneladas, 0,3% inferior aos dados indicados em novembro/2022, mas ainda 0,2% acima dos da temporada passada. Os ajustes negativos no mês foram relacionados, principalmente, às baixas na Argentina e no Canadá, que foram mais intensos que as altas da Austrália e Brasil. Na temporada, a redução mais expressiva da produção segue sendo da Ucrânia, com baixa de 12,5 milhões de toneladas, e da Argentina, queda de 9,65 milhões de toneladas em relação a 2021/2022.
A estimativa de consumo mundial caiu apenas 0,2% no comparativo mensal, indo para 789,53 milhões de toneladas, 0,5% menor que a da safra 2021/2022. Os estoques de passagem foram previstos em 267,3 milhões de toneladas, baixa de 0,2% no mês, o menor desde 2016/2017. Para as exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 208,75 milhões de toneladas transacionadas, 1,1% acima do relatório de novembro, devido aos maiores volumes da Austrália, Ucrânia, União Europeia e Rússia. Contudo, destacam-se as reduções expressivas da Índia (74%), da Argentina (57,5%) e da Ucrânia (33,7%), na safra. No Brasil, nos últimos sete dias, o valor no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de 2,59% em Santa Catarina, 1,04% no Rio Grande do Sul e 0,9% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as baixas são de 1,73% no Rio Grande do Sul, de 1,35% no Paraná, de 0,90% em Santa Catarina, mas alta de 0,48% em São Paulo.
De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a safra do Paraná deverá atingir 3,47 milhões de toneladas, e a colheita já está praticamente finalizada no Estado. Esta safra foi fortemente prejudicada pelo clima, que reduziu a qualidade. Desta forma, o Rio Grande do Sul novamente será o maior Estado produtor de trigo nacional, com a colheita podendo somar 4,97 milhões de toneladas. Ressalta-se que a qualidade do cereal é alta. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em novembro/2022, chegaram aos portos brasileiros 316,2 mil toneladas de trigo, avanço de 6,3% em comparação com outubro/22, mas recuo de 17% em relação a novembro/21. O trigo chegou ao País com preço médio de R$ 2.018,58 por tonelada, queda de 7,7% no mês, mas elevação de 28,5% em um ano. Nos últimos 12 meses, as importações somaram 5,67 milhões de toneladas. Do lado das exportações, o Brasil escoou 71,9 mil toneladas de trigo em novembro. Em 12 meses (de dezembro/2021 a novembro/2022), os embarques somaram 3,2 milhões de toneladas. De janeiro a novembro de 2022, foram exportadas 2,6 milhões de toneladas.
As cotações FOB no Porto de Buenos Aires apresentam recuo de 2% nos últimos sete dias, a US$ 397,00 por tonelada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires relatou que 41,2% da safra de trigo da Argentina foi colhida até o dia 7 de dezembro. Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 3,3% nos últimos sete dias, a US$ 7,12 por bushel (US$ 261,89 por tonelada). O menor valor da Bolsa de Chicago no ano foi registrado no dia 6 de dezembro, a US$ 7,05 por bushel (US$ 259,23 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter registra baixa de 3,5% no mesmo período, a US$ 8,50 por bushel (US$ 312,60 por tonelada). A desvalorização externa está atrelada à expectativa de safra recorde na Austrália, a ajustes antes da divulgação do relatório de oferta e demanda do USDA e à liquidação de contrato, após a liberação dos dados. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.