16/Nov/2022
Estimativas apontam produções recordes de trigo no Brasil e no mundo. Ainda assim, agentes nacionais estão atentos à produção na Argentina, que deve registrar queda equivalente a um ano de importações brasileiras. Em termos mundiais, apesar da oferta recorde, o volume ainda ficará abaixo da demanda, pressionando os estoques pelo terceiro ano consecutivo e resultando em uma relação estoque final/consumo de 34,1%, a menor em oito anos-safras, o que contribuiu para a sustentação de preços. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial está estimada em 782,67 milhões de toneladas, 0,1% superior aos dados indicados em outubro/2022 e 0,4% acima dos da temporada passada, um novo recorde.
Os ajustes positivos no mês foram relacionados, principalmente, ao aumento da produção na Austrália, no Cazaquistão e no Reino Unido. A produção da Argentina foi novamente reduzida e está estimada em 15,5 milhões de toneladas, baixa de 6,65 milhões de toneladas em relação à safra 2021/2022. A estimativa de consumo mundial subiu leve 0,1% no comparativo mensal, indo para 791,16 milhões de toneladas, 0,3% menor que a da safra 2021/2022. Os estoques de passagem foram previstos em 267,8 milhões de toneladas, alta de 0,1% no mês, mas o menor desde 2016/2017, em volume. Para as exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 206,56 milhões de toneladas transacionadas, 0,5% abaixo do relatório de outubro, devido aos menores volumes da Índia e da Argentina.
Apesar disso, o volume exportado nesta temporada ainda deverá ser 0,7% superior ao de 2021/2022, com as elevações representativas estimadas para o Canadá (73,9%) e a Rússia (27,3%). Destacam-se também as reduções expressivas da Índia (71,6%) e da Ucrânia (41,6%). Para o Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a projeção desta safra, que deverá atingir 9,5 milhões de toneladas, alta de 23,7% em comparação a temporada 2021/2022, além de ser um recorde. Isso foi possível com maiores projeções de produtividade e de área destinada ao cereal. A estimativa de produtividade também aumentou na comparação com o boletim de outubro, e deverá ser de 3,11 toneladas/hectare, 11,1% maior que na temporada anterior. A área destinada ao cereal foi estimada 3,05 milhões de hectares, elevação de 11,4% sobre a safra passada.
A estimativa de importação foi mantida em 6,1 milhões de toneladas no acumulado de agosto/2022 a julho/2023, 0,3% superior ao da temporada passada. Com a alta da produção nacional e a estabilidade no volume de importação, a disponibilidade interna foi elevada para 16,32 milhões de toneladas. O consumo doméstico está previsto em 12,28 milhões de toneladas, e as exportações devem ser de 2,7 milhões de toneladas (entre agosto/2022 e julho/2023). Assim, o estoque final foi reajustado positivamente para 1,33 milhão de toneladas em julho/2023. As cotações internas do trigo são influenciadas pelo avanço da colheita no País, sobretudo no Rio Grande do Sul, e por projeções de crescimento da produção no Brasil e no mundo. A liquidez está maior no Rio Grande do Sul, em decorrência da melhor qualidade do cereal colhido.
Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor) o valor registra recuo de 3,73% no Paraná, 2,48% no Rio Grande do Sul e 0,32% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 4,21% no Rio Grande do Sul, de 0,72% em Santa Catarina e de 0,49% no Paraná, mas alta de 0,13% em São Paulo. A Emater-RS relata que, até o dia 10 de novembro, 37% da área do Rio Grande do Sul havia sido colhida. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), no Paraná, a colheita havia alcançado 82% da área até o dia 7 de novembro. Informações da Conab indicam que, até o dia 5 de novembro, 9% da área havia sido colhida em Santa Catarina, e 43,2% no agregado do País.
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu novamente a estimativa de safra de trigo da Argentina, devido a geadas, somando 12,4 milhões de toneladas. As cotações FOB no Porto de Buenos Aires apresentam avanço de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 417,00 por tonelada. O contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 4% nos últimos sete dias, cotado a US$ 8,13 por bushel (US$ 299,00 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter registra baixa de 1% no mesmo período, a US$ 9,43 por bushel (US$ 346,68 por tonelada). A baixa está relacionada à melhora das condições das lavouras norte-americanas. Atenções internacionais estão focadas nas negociações e na possibilidade da renovação do acordo de exportações de grãos pelo Mar Negro, que será encerrado no final desta semana. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.