ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

01/Nov/2022

Tendência é de alta dos preços domésticos do trigo

À medida que a colheita de trigo avança no Paraná, as quedas na produtividade e na qualidade do cereal vêm sendo evidenciadas em muitas regiões. Esse cenário, que também é verificado na Argentina, se deve ao clima desfavorável. Além do campo, os agentes nacionais se atentam às conversas entre a Rússia e a Ucrânia para exportação de grãos por meio do Mar Negro, mas há sinalização de que a Rússia não deva aceitar uma renovação do acordo. Neste caso, importadores teriam que se voltar aos Estados Unidos e à Argentina. No Paraná, nova estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica queda de 3,57 milhões de toneladas na produção estadual, devido à estiagem e, posteriormente, a geadas e chuvas em excesso. Além disso, a qualidade do trigo já colhido apresentou condições inferiores. A colheita no Paraná havia alcançado 63% da área até o dia 24 de outubro. Das lavouras que ainda se desenvolvem, 63% apresentavam condições boas; 29%, médias; e 8%, ruins, melhora em comparação à semana anterior.

No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indica que a produtividade deve ser alta. Até o dia 27 de outubro, 7% da área havia sido colhida. Do trigo que está no campo, 46% estão em fase de maturação; 42%, em enchimento de grãos; e 5%, em floração. Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que, até 22 de outubro, 8% da área havia sido colhida em Santa Catarina, e 35,6%, no País. Na Argentina, a Bolsa de Rosário relata que, diante dos baixos índices pluviométricos durante o plantio e o desenvolvimento das lavouras, a safra pode ser a menor desde a temporada 2015/2016, sendo prevista para somar 13,7 milhões de toneladas. Vale lembrar que a safra passada foi recorde na Argentina, com produção de 23 milhões de toneladas. No mercado interno, os preços seguem em alta, sobretudo no Paraná. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) têm avanço de 4,54% no Paraná e de 1,64% em Santa Catarina, com estabilidade no Rio Grande do Sul.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), as valorizações são de 1,59% no Paraná, de 1,13% em Santa Catarina e de 0,82% em São Paulo, com baixa de 0,92% no Rio Grande do Sul. Tomando-se como base dados da Conab, de 17 a 21 de outubro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 370,88 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,24, o cereal importado era negociado a R$ 1.945,52 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.798,77 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 348,13 por tonelada, o equivalente a R$ 1.826,18 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.731,46 por tonelada na média do Estado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro, o Brasil importou 242,11 mil toneladas de trigo, contra 517,57 mil toneladas em todo o mês de outubro de 2021.

Os preços de importação registram média de US$ 418,90 por tonelada FOB origem, 51% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 277,40 por tonelada). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram baixa de 2,6% nos últimos sete dias, a US$ 420,00 por tonelada. O contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 2,5% nos últimos sete dias, a US$ 8,29 por bushel (US$ 304,70 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter registra queda de 2,5% no mesmo período, a US$ 9,25 por bushel (US$ 339,88 por tonelada). A redução das cotações está relacionada ao avanço da semeadura do cereal norte-americano da safra de inverno e a expectativas de chuvas em regiões produtoras do país.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 23 de outubro, 79% das lavouras de trigo de inverno haviam sido semeadas, igual ao mesmo período do ano passado e acima da média dos últimos cinco anos (78%). Destes, 49% já emergiram. Até o dia 20 de outubro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2022/2023) somavam 9,49 milhões de toneladas, apenas 0,5% inferior ao volume escoado no mesmo período do ano passado (9,53 milhões de toneladas). Na semana de 20 de outubro, especificamente, foram exportadas 125,58 mil toneladas, quantidade 46,3% menor que a da semana anterior (233,93 mil toneladas) e 36,4% abaixo da registrada em período equivalente de 2021 (de 197,47 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram México (29,33 mil toneladas), Nigéria (23,76 mil toneladas) e Jamaica (22,29 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.