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25/Out/2022

Tendência de alta nos preços domésticos do trigo

Agentes do setor tritícola nacional estão atentos ao avanço da colheita no País e à qualidade desse cereal, sobretudo no Paraná, onde parte das lavouras foi prejudicada por chuvas significativas. Em Santa Catarina, estimativas indicam aumento na produção, ao passo que na Argentina, o principal país fornecedor de trigo ao Brasil, os dados apontam safra ainda menor. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita no Paraná havia alcançado 54% da área até o dia 17 de outubro. Das lavouras que ainda se desenvolvem, 60% apresentavam condições boas; 28%, médias; e 12%, ruins, uma piora contínua semanal, em decorrência do clima chuvoso. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS divulgou que a colheita segue lenta, somando apenas 5% da área até o último dia 20, com produtores aguardando a finalização do ciclo do cereal. Em campo, 48% estão em enchimento de grãos; 36%, em maturação; 5% foram colhidos; e 1% está em germinação/desenvolvimento vegetativo.

Segundo relatório de outubro da Epagri/Cepa, 2,6% da safra de trigo de Santa Catarina havia sido colhida até o fim de setembro. A estimativa é de que a área semeada seja 34% superior à da temporada passada, atingindo 137,6 mil hectares no Estado, com a produtividade prevista para crescer 3%. Assim, a produção pode chegar a 477,8 mil toneladas, 37% maior que a de 2021. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu, mais uma vez, a projeção da produção da safra 2022/2023, a qual deverá ser de 15,2 milhões de toneladas, com danos em lavouras do país após geadas. Do trigo que está no campo, 52% estão em condições ruins; 37%, em regulares; e apenas 11%, em boas/excelentes, piora em comparação à semana passada. A SovEcon elevou a previsão da safra da Rússia para 100,6 milhões de toneladas, alta de 0,6% em relação à divulgação anterior. Mesmo com expectativas de maior safra nacional, a piora da qualidade de parte das lavouras vem elevando os preços internos de trigo.

Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), o valor registra avanço de 4% no Paraná, 1,54% no Rio Grande do Sul e 1,51% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as valorizações são de 3,14% no Paraná, de 1,42% em Santa Catarina e de 1,1% em São Paulo, mas houve recuo de 0,13% no Rio Grande do Sul. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 10 a 14 de outubro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 373,61 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,24, o cereal importado era negociado a R$ 1.959,83 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.751,57 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 350,71 por tonelada, o equivalente a R$ 1.839,70 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.703,36 por tonelada na média do Estado.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de outubro, o Brasil importou 119,26 mil toneladas de trigo, contra 517,57 mil toneladas em todo o mês de outubro de 2021. Os preços de importação registram média de US$ 423,40 por tonelada FOB origem, 52,6% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 277,40 por tonelada). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires têm alta de 2,4% nos últimos sete dias, a US$ 431,00 por tonelada. O contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 8,50 por bushel (US$ 312,60 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter apresenta recuo de 0,4% no mesmo período, a US$ 9,48 por bushel (US$ 348,42 por tonelada). A baixa dos valores está relacionada ao avanço da semeadura do cereal de inverno nos Estados Unidos. As atenções internacionais seguem focadas na possibilidade da renovação do acordo para as exportações ucranianas por meio do Mar Negro.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 16 de outubro, 69% do trigo de inverno havia sido semeado, igual ao mesmo período do ano passado e acima da média dos últimos cinco anos (68%). Destes, 38% já emergiram. Até o dia 13 de outubro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2022/2023) somavam 9,36 milhões de toneladas, apenas 0,07% superior ao volume escoado no mesmo período do ano passado (9,33 milhões de toneladas). Na semana de 13 de outubro, especificamente, foram exportadas 231,68 mil toneladas, quantidade 62,36% menor que a da semana anterior (615,58 mil toneladas), mas 63,44% acima da registrada em período equivalente de 2021 (de 141,84 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Japão (61,37 mil toneladas), Etiópia (43,83 mil toneladas) e Honduras (27,50 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.