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18/Out/2022

Brasil perto de atingir a autossuficiência em trigo

O agro brasileiro está perto de conseguir um feito notável: a autossuficiência em trigo. Para um consumo interno da ordem de 13 milhões de toneladas, nossa produção estimada deste ano, que já é um recorde, deve superar 9 milhões. Segundo Jorge Lemainski, chefe do Centro da Embrapa de Passo Fundo/RS, que coordena as pesquisas e estudos sobre trigo no País, até 2030 produziremos 20 milhões de toneladas. Faltam poucas barreiras técnicas e ou burocráticas para isso. Entre as técnicas está o combate a doenças e pragas do trigo, mas a ciência caminha a passos largos para resolver a questão. Entre as burocráticas está a que diz respeito a outorga de água para irrigação da cultura, já que a expansão da triticultura se dará principalmente na região do Cerrado, onde nem sempre chove o suficiente para as exigências da planta. Mas mesmo este tema deverá estar resolvido em breve, de modo que mais uma vez teremos a vitória do tripé que permitiu a conquista do Cerrado: tecnologia tropical sustentável, empreendedorismo do produtor rural e políticas públicas coerentes.

O primeiro item é a base dos avanços obtidos e vindouros. Domado pela ciência iniciada no Instituto Agronômico de Campinas nos anos 60 e continuada com grande êxito pela Embrapa nas décadas seguintes, o Cerrado, até então desprezado pelos produtores rurais por sua baixa fertilidade e pouca retenção de umidade, se transformou na alavanca da agropecuária brasileira de grãos e de carnes. O trigo seguirá o mesmo destino da soja, da braquiária, do milho, do zebu, do algodão, do eucalipto, da cana-de-açúcar, do sorgo, da avicultura e suinocultura, da fruticultura e de todas as demais atividades rurais que ocuparam esta gigantesca fronteira agrícola, colocando o Brasil no mapa mundial da segurança alimentar e energética. E com sustentabilidade indiscutível: o trigo a ser produzido no Cerrado terá uma característica indispensável para o mercado global, que transcende a qualidade que já temos. Será uma planta descarbonizante, tirando o carbono da atmosfera e fixando-o ao solo. O mesmo que a tecnologia fez com a pecuária organizada em pastagens rotacionadas e adubadas.

Trigo no Cerrado, com descarbonização: música para os ouvidos dos cientistas, agricultores e ambientalistas. E comida na mesa de consumidores do mundo todo porque vamos exportar o trigo do cerrado também. Não é possível imaginar onde poderemos chegar com essa novidade. Mas vale a pena olhar para o passado e ver o que aconteceu com nossas principais exportações nos últimos 20 anos. Soja: em 2000, exportamos US$ 4,19 bilhões. No ano passado, US$ 47,99 bilhões. Carnes: de US$ 1,96 bilhão para US$ 19,86 bilhões no mesmo período. Açúcar: US$ 1,24 bilhões em 2000 e US$ 10,27 bilhões em 2021. Cereais, farinhas: US$ 0,06 bilhões em 2000; para US$ 5,24 bilhões em 2021. Produtos florestais: salto de US$ 4,41 bilhões para US$ 13,94 bilhões. Café: de US$ 1,78 bilhões para US$ 6,37 bilhões. Mais uma vez, é impossível prever o que acontecerá com nossas futuras exportações de trigo. Mas basta lembrar que em 2012 produzimos 4,3 milhões de toneladas, e este ano devemos colher 9,3 milhões. Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro.