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18/Out/2022

Tendência é de alta nos preços domésticos do trigo

Os preços do trigo seguem avançando no Brasil. Esse cenário é verificado mesmo diante da expectativa de produção mundial recorde na safra 2022/2023. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial está estimada em 781,69 milhões de toneladas, 0,3% inferior aos dados indicados em setembro/2022, mas ainda 0,2% acima dos da temporada passada, e um novo recorde. Os ajustes negativos no mês estiveram atrelados às reduções nas produções norte-americana e argentina, que apresentaram quedas de 3,6 milhões de toneladas e de 1,5 milhão de toneladas entre os relatórios de setembro e outubro. Por outro lado, houve ajuste positivo, de 2,6 milhões de toneladas, na previsão da produção da União Europeia, também entre os relatórios mensais. A estimativa de consumo caiu leve 0,1% no comparativo mensal, indo para 790,17 milhões de toneladas, 0,5% menor que a da safra 2021/2022.

Os estoques de passagem foram previstos em 267,5 milhões de toneladas, baixa de 0,4% no mês, o que se deve sobretudo ao fato de os Estados Unidos registrarem os menores estoques desde a temporada 2007/2008. Assim, a relação estoque final/consumo deve ser de 33,9%. Em relação às exportações da safra 2022/2023, a previsão é de 207,69 milhões de toneladas transacionadas, 0,3% abaixo do relatório de setembro, devido aos menores volumes dos Estados Unidos e da Argentina Apesar disso, o volume exportado nesta temporada ainda deverá ser 1,2% superior ao de 2021/2022, com as elevações estimadas para o Canadá (73,9%) e Rússia (27,3%). Vale destacar as reduções expressivas da Índia (62,1%) e da Ucrânia (41,6%). A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu novamente a projeção da produção argentina, devido ao déficit hídrico e geadas em lavouras, para16,5 milhões de toneladas na safra 2022/2023. Em relação ao trigo que está no campo, 49% estão em condições ruins, 39%, em regulares e apenas 12%, em boas/excelentes.

Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 0,2% nos últimos sete dias, a US$ 421,00 por tonelada. Quanto aos preços externos, o contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 2,3% nos últimos sete dias, a US$ 8,59 por bushel (US$ 315,90 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter tem baixa de 1,7% no mesmo período, a US$ 9,52 por bushel (US$ 349,89 por tonelada). Os valores estão recuando com preocupações relacionadas a uma recessão global e à menor demanda do trigo dos Estados Unidos na última semana. Apesar da baixa na semana, os preços subiram pontualmente, devido a preocupações sobre a renovação do acordo com a Rússia de exportação de grãos ucranianos por meio do Mar Negro. O USDA indicou que, até o dia 9 de outubro, 55% do trigo de inverno havia sido semeado, abaixo do mesmo período do ano passado (58%) e da média dos últimos cinco anos (58%). Destes, 26% já emergiram.

No Brasil, nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra avanço 1,95% no Paraná, 1,62% no Rio Grande do Sul e 0,68% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as valorizações são de 2,35% no Rio Grande do Sul, de 2,14% em São Paulo, de 1,32% no Paraná, com recuo de 0,98% em Santa Catarina. As chuvas prejudicaram a qualidade de lavouras do Paraná, reforçando o movimento de alta nas cotações. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita no Paraná atingiu 50% da área até o dia 10 de outubro. Das lavouras que ainda se desenvolvem, 69% apresentavam condições boas; 24%, médias, e 7%, ruins, novamente uma piora em comparação à semana anterior, em decorrência das chuvas registradas desde setembro. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS divulgou que a produtividade desta safra de trigo foi revisada para 3,2 toneladas por hectare, alta de 11% na comparação com a projeção anterior. Assim, a produção do estado está estimada em 4,68 milhões de toneladas do cereal, 32% maior que a temporada anterior. Os trabalhos de campo avançaram pouco e somam apenas 4% da área até o dia 13 de outubro, abaixo da safra passada (5%) e da média dos últimos cinco anos (11%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.