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11/Out/2022

Preços do trigo seguem sob a pressão da colheita

Apesar da ocorrência de chuvas em muitas regiões produtoras de trigo, a colheita do cereal vem, no geral, avançando. As expectativas ainda são de produção recorde no País, o que, inclusive, levou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a elevar a estimativa de exportação do trigo e a reduzir a previsão de importação. Quanto aos preços, estão em direções opostas nos mercados de balcão (preço pego ao produtor) e no de lotes (negociação entre empresas). Enquanto os valores ao produtor são influenciados por expectativa de colheita recorde, os preços entre empresas apresentam leves altas, devido às chuvas que limitaram os trabalhos de campo em algumas regiões. Em relatório divulgado neste mês, a Conab indicou produção nacional na safra 2022/2023 em 9,35 milhões de toneladas (baixa de apenas 0,1% em comparação aos dados de setembro/2022), mas 21,9% acima da de 2021/2022 e um recorde. A estimativa de produtividade também foi levemente reduzida na comparação com o boletim de setembro, mas ainda deve atingir 3,08 toneladas por hectare, 10,2% maior que a de 2021/2022.

A área destinada ao cereal continuou estimada 3,03 milhões de hectares, alta de 10,6% sobre a temporada passada. Diante disso, foi reduzida a estimativa de importação, em 200 mil toneladas na comparação com o relatório de setembro, indo para 6,1 milhões de toneladas no acumulado de agosto/2022 a julho/2023, mas este volume ainda é 0,3% superior ao da temporada passada. A disponibilidade interna deve ser de 16,18 milhões de toneladas. O consumo doméstico está previsto em 12,28 milhões de toneladas e as exportações, em 2,7 milhões de toneladas (entre agosto/2022 e julho/2023). Assim, o estoque final foi reduzido para 1,19 milhão de toneladas em julho/2023. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita no Paraná havia atingido 42% da área até o dia 3 de outubro. Das lavouras que ainda se desenvolvem, 73% apresentavam condições boas; 23%, médias, e 4%, ruins, leve piora em comparação à semana anterior.

No Rio Grande do Sul, as lavouras seguem apresentando boas condições. Informações da Emater-RS demonstram que os trabalhos de campo foram iniciados no estado, com 3% da área colhida até o dia 6 de outubro, igual à safra passada e dentro da média dos últimos cinco anos. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram baixa 2,66% em Santa Catarina, 1,3% no Rio Grande do Sul e 0,09% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as valorizações são de 0,96% no Paraná, de 0,74% em Santa Catarina, de 0,56% em São Paulo e de 0,27% no Rio Grande do Sul. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em setembro/2022, o Brasil exportou apenas 369,78 toneladas de trigo. O volume em 12 meses (de outubro/2021 a setembro/2022) somou 3,14 milhões de toneladas. De janeiro a setembro de 2022, foram embarcadas 2,6 milhões de toneladas. Do lado das importações, chegaram aos portos brasileiros 373,39 mil toneladas em setembro, baixa de 30,4% em comparação a agosto/2022, e recuo de 16,6% em relação a setembro/2021.

A Argentina foi o principal país fornecedor do Brasil (80,62% do volume importado em setembro), com o trigo chegando ao preço médio de R$ 2.281,45 por tonelada. Nos últimos 12 meses, as importações somaram 5,95 milhões de toneladas. As importações de farinhas em setembro/2022 totalizaram 21,22 mil toneladas, baixa de 15,2% em relação às do mês anterior e 27,4% inferiores às de setembro/2021. As exportações das farinhas somaram apenas 770 toneladas em setembro/2022, redução de 63,4% frente às de agosto/2022 (2,1 mil toneladas) e 62,6% menores que as de setembro/2021 (2,06 mil toneladas). A SovEcon, consultoria russa, elevou a previsão exportação de trigo do país na safra 2022/2023 para 43,4 milhões de toneladas, devido à maior produção. Apesar disso, os embarques seguem ocorrendo lentamente. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter tem desvalorização de 4,5% nos últimos sete dias, a US$ 8,80 por bushel (US$ 323,44 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter apresenta baixa de 2,3% no mesmo período, a US$ 9,68 por bushel (US$ 355,95 por tonelada). Os valores estão sendo influenciados por realização de lucros e por incertezas quanto a possível aumento de prazo do corredor marítimo do Mar Negro após novembro. A baixa do dólar, que favorece as vendas norte-americanas, limita a desvalorização do mercado internacional. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita de trigo na Argentina foi iniciada. Em relação ao trigo que está no campo, 46% estão em condições ruins, 40%, em regulares e apenas 14%, em boas/excelentes. O déficit hídrico pode reduzir o potencial produtivo e, consequentemente, a projeção de produção, que atualmente está em 17,5 milhões de toneladas na safra. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 1,9% nos últimos sete dias, a US$ 420,00 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.