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03/Out/2022

Pressão baixista da colheita sobre preços do trigo

A comercialização de trigo no mercado interno é lenta. Os produtores estão voltados ao desenvolvimento das lavouras e à colheita, enquanto a indústria moageira aguarda a entrada do cereal da safra nova em maior volume para voltar a comprar. No Paraná, que já tem um terço da área colhida, os produtores estão preocupados com o excesso de chuva nas áreas de produção. Choveu pelo menos dez dias consecutivos no oeste do Estado, o que já afeta a qualidade do cereal e pressiona as cotações recebidas pelos produtores. Nos Campos Gerais, os moinhos indicam entre R$ 1.600,00 e R$ 1.680,00 por tonelada FOB, enquanto os vendedores indicam R$ 1.800,00 por tonelada. Lotes rodam de forma pontual a R$ 1.650,00 por tonelada FOB para entrega imediata. Mas, são pequenos volumes; a maioria dos moinhos está comprada até metade de outubro e entende que ainda tem a safra toda pela frente. Para entrega em outubro e novembro, os compradores indicam entre R$ 1.520,00 e R$ 1.580,00 por tonelada, sem relatos de acordos. O cereal pode chegar até R$ 1.400,00 por tonelada no auge da safra, se o recorde for confirmado.

No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, os moinhos estão com estoques alongados e cobertos para moagem até a colheita local avançar. Por isso, estão afastados do disponível e das compras antecipadas pela proximidade da colheita. A indicação de compra varia entre R$ 1.630,00 e R$ 1.640,00 por tonelada FOB interior no disponível, enquanto para exportação a indicação de compra oscila entre R$ 1.770,00 e R$ 1.780,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande. Como há pouco trigo da safra velha, a formação de preços domésticos está baseada na exportação e no câmbio. A cautela na aquisição do cereal é admitida pela indústria moageira. Segundo o Sindicato da Indústria do Trigo do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS), os moinhos consideram que o abastecimento de trigo é adequado com a entrada da safra nacional. O cenário de fornecimento é tranquilo, mas alguns indicadores, como o volume que será exportado pelos produtores e o que vai ficar no mercado interno, vão depender do dólar, que interfere na competitividade do cereal no mercado externo.

A previsão é de uma safra acima de 5,5 milhões de toneladas para o Estado. Neste último trimestre, a expectativa é de menor pressão nos custos e menos repasses ao preço final da farinha. O Sindicato da Indústria do Trigo do Estado do Paraná (Sinditrigo-PR) afirmou que, no momento, a expectativa no Estado é pelo fim das chuvas a fim de avaliar os efeitos na safra. O trigo que foi colhido antes da chuva tem bom padrão. O norte já concluiu a colheita e está livre de risco de chuva. A preocupação é com o que ainda vai ser colhido e se as variedades sustentam essa ocorrência de chuva sem queda da qualidade. No Estado, 10% a 20% da área semeada está suscetível aos efeitos da chuva prolongada. Não há preocupação com abastecimento até o médio prazo. Há muito trigo disponível no Brasil nos próximos meses e muito trigo argentino chegando nos próximos meses. Há boa disponibilidade do cereal no Mercosul. O que pode mudar a situação é eventual cenário de exportação acima do esperado, mas, por enquanto, o quadro é confortável.

A indústria moageira aponta preços mais fracos do cereal, mas diz não ser possível ainda mensurar se a tendência de queda das cotações se estenderá. Os preços cederem de em média de R$ 2.300,00 por tonelada no Paraná para entre R$ 1.750,00 e R$ 1.800,00 por tonelada. Outro ajuste de preços vai depender de muitas variáveis, como câmbio, paridade com trigo internacional e safra. É momento de observar se os preços irão se manter no patamar e recuarem para saber como será feita a política de precificação até a safra 2023. Mesmo que as cotações não continuem caindo, os preços são menores do que os da safra passada. Os preços deverão voltar ao patamar de antes da guerra entre Rússia e Ucrânia no ápice da safra, com viés de alta a partir de março. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.