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27/Set/2022

Tendência de alta externa limita os recuos no Brasil

Estimativas indicando transações internacionais recordes e déficit hídrico em parte das lavouras de trigo da Argentina e do sul das Planícies dos Estados Unidos estão impulsionando os valores externos do cereal. O acirramento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que pode dificultar o escoamento de grãos por meio do Mar Negro, também reforça o movimento de alta. Ainda, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a Ucrânia deve exportar 11 milhões de toneladas de trigo na safra 2022/2023, o menor volume desde a safra 2013/2014. Esse cenário limita as quedas nos preços no Brasil. Diante disso, as cotações internacionais operam nos maiores patamares desde junho deste ano. O contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago apresenta valorização de 2,4% nos últimos sete dias, a US$ 8,80 por bushel (US$ 323,53 por tonelada). Vale ressaltar que, no dia 22 de setembro, este contrato atingiu US$ 9,10 por bushel (US$ 334,64 por tonelada), o maior patamar desde 29 de junho deste ano.

Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter tem avanço de 1,6% no mesmo período, a US$ 9,50 por bushel (US$ 349,25 por tonelada). No dia 22 de setembro, este contrato também foi negociado no maior valor desde 29 de junho, a US$ 9,79 por bushel (US$ 359,90 por tonelada). Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, apontou que as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 402,00 por tonelada. Embora o movimento externo tenha limitado o ritmo de queda no Brasil, os valores internos seguem influenciados por expectativas indicando produção recorde no País e pelo início da entrada da safra 2022/2023, sobretudo no Paraná e em São Paulo. Os produtores do Rio Grande do Sul também aguardam por safra volumosa, diante do clima favorável às lavouras. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam recuo de 0,42% no Paraná, 0,06% em Santa Catarina e 4,76% no Rio Grande do Sul.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 1,64% em Santa Catarina, de 1,66% no Paraná, de 1,64% em São Paulo e de 3,28% no Rio Grande do Sul. Além disso, a demanda de moinhos brasileiros segue enfraquecida, devido às baixas vendas dos derivados. No campo, com as chuvas limitando a colheita de trigo no Brasil, os avanços são pequenos. No Paraná, a colheita avançou 9%, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), alcançando 28% da área até o dia 19 de setembro. Com relação às condições das lavouras, 79% apresentam condições boas, 18%, médias e apenas 3%, ruins. No Rio Grande do Sul, segundo dados da Emater-RS, com o clima beneficiando o desenvolvimento das lavouras, os produtores seguem com boas expectativas para a safra e, até o momento, 70% da área estadual está em estágio reprodutivo. No entanto, novas chuvas seriam fundamentais para melhorar a umidade dos solos.

Em relação à área nacional, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que, até o início da semana passada, a colheita havia chegado a 14,3%, avanço semanal de 2,5% e anual de 8,8%. Na Argentina, apesar das recentes chuvas, algumas áreas ainda registram déficit hídrico, o que tem feito com que as expectativas em relação à temporada fiquem abaixo das iniciais. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 14% das lavouras estão em condições ótimas de umidade, 44%, regulares e 42%, ruins. Em relação ao déficit hídrico, 47% estão entre ótima e adequada e 53%, em regular a seca. No ano anterior, eram apenas 33% em déficit hídrico. Nos Estados Unidos, a colheita do trigo de primavera está praticamente finalizada. Até o dia 19 de setembro, cerca de 94% do total já havia sido colhido, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Quanto ao cultivo de inverno, 21% já foram semeados, avanço de 11% frente à semana anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.