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21/Set/2022

Tendência de baixa com avanço da colheita no País

As previsões de maiores produções de trigo no Brasil e no mundo na safra 2022/2023 vêm pressionando as cotações do cereal. A colheita nacional segue avançando satisfatoriamente, elevando a disponibilidade do produto no spot. No entanto, os agentes estão atentos à piora das condições das lavouras na Argentina, a principal fornecedora de cereal ao Brasil. Nos últimos sete dias, o valor do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresenta recuo de 5,21% no Paraná, 4,77% em Santa Catarina e 2,43% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 2,34% no Paraná, 2,11% no Rio Grande do Sul, 1,82% em São Paulo e 1,80% em Santa Catarina. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 5 a 9 de setembro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 400,75 por tonelada para o produto posto no Paraná.

Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,19, o cereal importado era negociado a R$ 2.080,68 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.793,76 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 376,33 por tonelada, o equivalente a R$ 1.953,88 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.797,99 por tonelada na média do Estado. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial 2022/2023 está estimada em 783,9 milhões de toneladas, o que seria um recorde, 0,6% superior aos dados indicados em agosto20/22 e 0,5% acima dos da temporada passada. A elevação mensal está relacionada sobretudo à maior produção prevista para a Rússia (com aumentos de 3,4% em relação a agosto e de 21,1% sobre a temporada passada) e Ucrânia (avanço de 5,1% frente ao relatório anterior, mas forte queda de 37,9% sobre 2021/2022).

As estimativas de consumo subiram para 791 milhões de toneladas, 0,3% acima do apontado em agosto, porém, 0,5% menor que o da safra 2021/2022. Os estoques de passagem foram previstos em 268,6 milhões de toneladas, o que representa uma relação estoque final/consumo de 34,2%, o menor desde a temporada 2014/2015. As transações internacionais foram previstas em 208,4 milhões de toneladas, equivalente a 26,6% da produção do ano-safra. Em relação às exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 208,39 milhões de toneladas transacionadas, apenas 0,1% acima do relatório de agosto, com maior volume do Brasil. Em relação à safra anterior, o volume exportado deverá ser 1,5% superior, devido às altas do Canadá (73,9%) e da Rússia (27,3%), apesar da queda expressiva da Índia (62,1%) e da Ucrânia (41,6%). No campo brasileiro, segundo apontam dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 12 de setembro, 19% da área do Paraná havia sido colhida.

Das lavouras ainda no campo, 78% apresentam boas condições; 19%, médias; e 3%, ruins, ainda estável em comparação aos dados da semana anterior. Destas, 38% estão em frutificação; 37%, em maturação; 16%, em floração; e 9%, em desenvolvimento vegetativo. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS, até o dia 15 de setembro, 44% das lavouras estavam em germinação/desenvolvimento vegetativo; 42%, em floração; e 14%, em enchimento de grãos. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, atualmente, 54% das lavouras estão em condições hídricas adequadas/ótimas e 46%, regulares/secas, piora de 11% em comparação à semana anterior. O USDA indicou que, nos Estados Unidos, até o dia 11 de setembro, 85% das lavouras de trigo de primavera foram colhidas, abaixo dos 95% do mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos (89%). Em relação ao trigo de inverno, apenas 10% foram plantados até a mesma data.

No mercado externo, o contrato Dezembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 8,59 por bushel (US$ 315,90 por tonelada). A baixa está relacionada à correção registrada no início da semana passada e a dados indicado menor volume de vendas externas norte-americanas na semana anterior. Na Bolsa de Kansas, o vencimento Dezembro/2022 do trigo Hard Winter registra avanço de 0,6% no mesmo período, a US$ 9,35 por bushel (US$ 343,65 por tonelada). A elevação é justificada por incertezas sobre o futuro das exportações ucranianas pelo Mar Negro, pelo tempo seco nos Estados Unidos, que pode prejudicar a semeadura do trigo de inverno, e por dados do USDA indicando estoque abaixo das expectativas no país norte-americano. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, a US$ 400,00 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.