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13/Set/2022

Tendência de queda dos preços com a safra recorde

A colheita de uma possível safra recorde começa a avançar no Brasil, e esse cenário mantém os preços do trigo em queda. As negociações envolvendo o cereal da nova temporada (2022/2023) ainda estão em ritmo lento, mas vêm aumentando gradualmente, à medida que o trigo colhido é disponibilizado no spot nacional. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) novamente reajustou positivamente as estimativas de área e da produção da safra deste ano do Brasil (temporada 2022/2023, que iniciou em agosto). Agora, a previsão é de que 9,36 milhões de toneladas sejam colhidas, alta de 22% em comparação à safra anterior (2021/2022). Isso é resultado do aumento de 10,6% na área com a cultura, somando 3,03 milhões de hectares. A produtividade caiu 0,2% em comparação à estimativa de agosto, porém, ainda é 10,3% maior que a de 2021/2022, indo para 3,091 toneladas por hectare. Para as importações, a estimativa foi reduzida em 200 mil toneladas na comparação com o relatório de agosto, mas ainda deverá ser de 6,3 milhões de toneladas, 3,6% superior à temporada passada.

A disponibilidade interna deve ser de 16,38 milhões de toneladas, e o consumo doméstico se manteve projetado em 12,27 milhões de toneladas, um recorde. A previsão ainda é de que o Brasil exporte 2,5 milhões de toneladas entre agosto/2022 e julho/2023, e, assim, o estoque final deve ser de 1,61 milhão de toneladas em julho/2023. No campo, segundo apontam dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 5 de setembro, 12% da área do Paraná havia sido colhida, sendo que 78% das lavouras apresentam boas condições; 19%, médias; e 3%, ruins, estável em comparação aos dados da semana anterior. Destas, 36% estão em frutificação; 33%, em maturação; 19%, em floração; e 12%, em desenvolvimento vegetativo. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS, até o dia 8 de setembro, 63% das lavouras estavam em germinação/desenvolvimento vegetativo; 32%, em floração; e 5%, em enchimento de grãos.

No mercado interno, as cotações seguem recuando, sobretudo no mercado de lotes (negociação entre empresas). Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram recuo de 3,4% no Paraná, 0,88% em Santa Catarina e 0,38% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 4,41% em Santa Catarina, de 3,92% no Paraná, de 3,9% em São Paulo e de 3,77% no Rio Grande do Sul. Tomando-se como base dados da Conab, de 29 de agosto a 2 de setembro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 400,58 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,13, o cereal importado era negociado a R$ 2.056,51 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.872,82 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 376,14 por tonelada, o equivalente a R$ 1.931,05 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.844,59 por tonelada na média do Estado.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou apenas 871,96 toneladas de trigo em agosto/2022. O volume em 12 meses (de setembro/2021 a agosto/2022) somou 3,14 milhões de toneladas. De janeiro a agosto de 2022, foram embarcadas 2,6 milhões de toneladas. Do lado das importações, chegaram aos portos brasileiros 536,64 mil toneladas em agosto, alta de 7,4% em comparação a julho/2022, porém, recuo de 9,7% em relação a agosto/2021. A Argentina segue como principal fornecedora do Brasil (65,45% do volume importado em agosto), com o trigo chegando ao preço médio de R$ 2.269,13 por tonelada. Em 12 meses, as importações somaram 6,03 milhões de toneladas. O contrato Setembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem valorização de 7,6% nos últimos sete dias, a US$ 8,53 por bushel (US$ 313,52 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Setembro/2022 do trigo Hard Winter apresenta avanço de 6,6% no mesmo período, a US$ 9,29 por bushel (US$ 341,44 por tonelada).

A elevação é justificada pela ameaça do presidente da Rússia de limitar as exportações de grãos ucranianos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 4 de setembro, 71% das lavouras de trigo de primavera foram colhidas, abaixo dos 94% do mesmo período do ano passado e da média dos últimos cinco anos (83%). Em relação ao trigo de inverno, apenas 3% foram plantados até a mesma data. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, a US$ 400,00 por tonelada. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 65% das lavouras estão em condições hídricas adequadas/ótimas, e 35%, regulares/secas, piora em comparação à semana anterior. As condições de cultivo estão 57% normais, 26%, regulares/ruins e 17%, excelentes/boas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.