ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Ago/2022

Tendência é de baixa para o trigo com safra recorde

A semeadura da safra deste ano foi praticamente encerrada, e estimativas indicam possibilidade de produção recorde no Brasil. Esse cenário vem pressionando as cotações domésticas do trigo. No mercado externo, os valores são sustentados por dados apontando piora das condições das lavouras nos Estados Unidos e na Europa e por preocupações com as exportações ucranianas. Para o Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reajustou positivamente as estimativas de área e de produtividade e, consequentemente, da produção da safra deste ano do Brasil (temporada 2022/2023, que se inicia neste mês). A nova previsão é de que sejam colhidas 9,16 milhões de toneladas, alta de 19,3% em comparação à temporada anterior (2021/2022). Isso é resultado do aumento de 8% na área com a cultura, somando 2,96 milhões de hectares, e da produtividade 10,5% maior frente à 2021/2022, indo para 3,096 toneladas por hectare.

Apesar da colheita recorde, a estimativa de importação permanece em 6,5 milhões de toneladas, gerando disponibilidade interna de 16,38 milhões de toneladas. O consumo doméstico está projetado em 12,27 milhões de toneladas, um recorde. A previsão é de que o Brasil exporte 2,5 milhões de toneladas entre agosto/2022 e julho/2023 e, assim, possua estoque final de 1,61 milhão de toneladas em julho/2023. Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicaram alta na produção de trigo mundial em comparação à safra anterior, apesar de manter a queda no consumo e nos estoques finais mundiais, no mesmo comparativo. Em relação ao relatório de julho, os dados da produção e do consumo apresentam altas no relatório de agosto. No mercado interno, as negociações seguem em ritmo lento, com moinhos comprando apenas para o curto prazo, aguardando a entrada da nova safra nacional.

Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor) o preço registra recuo de 6,48% no Rio Grande do Sul e de 0,38% em Santa Catarina, com estabilidade no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), há queda de 3,19% no Rio Grande do Sul, de 2,81% no Paraná, de 1,64% em São Paulo e leve avanço de 0,32% em Santa Catarina. Dados da Conab mostram que a semeadura no País somava, até o dia 6 de agosto, 99,1% da área esperada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2022 do Soft Red Winter tem valorização de 3,9% nos últimos sete dias, cotado a US$ 8,06 por bushel (US$ 296,15 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Setembro/2022 do trigo Hard Winter apresenta avanço de 4,8% no mesmo período, a US$ 8,89 por bushel (US$ 326,74 por tonelada). Na Argentina, onde a semeadura foi finalizada, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, a US$ 410,00 por tonelada.

Segundo o USDA, a produção mundial 2022/2023 está estimada em 779,6 milhões de toneladas, alta de 1% em comparação ao apontado em julho/2022 e leve 0,05% maior que na temporada passada. Esta elevação está relacionada principalmente à maior produção no Canadá e na Rússia, apesar de quedas representativas na Ucrânia, na Índia e na União Europeia. Em comparação com a safra 2021/2022, o Canadá aumentará em 13,3 milhões de toneladas o volume produzido, enquanto na Rússia a alta está estimada em 12,8 milhões de toneladas. Quanto ao consumo mundial, o USDA estima em 788,6 milhões de toneladas, alta de 0,6% no relatório mensal, mas baixa de 0,6% em um ano, devido ao maior uso na Austrália e na Rússia.

Em relação aos estoques finais, podem somar 267,3 milhões de toneladas, baixa de apenas 0,1% no comparativo com julho e de 3,3% na comparação com 2021/22, com a queda acentuada pela Índia (40,9% inferior à safra passada). Em relação às exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 208,15 milhões de toneladas transacionadas, 0,7% acima do relatório de julho, com maiores volumes da Rússia, Austrália, Canadá e Ucrânia. Em relação à safra anterior, o volume exportado deverá ser 1,8% superior, sobretudo devido à alta do Canadá (73,9%) e da Rússia (27,3%). Apesar da elevada exportação mundial, os volumes exportados pela Ucrânia, Índia e Argentina ainda são expressivamente inferiores aos da safra anterior, com respectivas quedas de 7,8 milhões de toneladas, de 6,4 milhões de toneladas e de 4,1 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.