08/Ago/2022
A negociação com trigo no mercado interno está praticamente parada no spot. Com a aproximação da colheita da nova safra, os moinhos preferem aguardar a entrada dos novos lotes. Os preços em queda do cereal também afastam os produtores, que retêm os poucos volumes ainda remanescentes da temporada anterior. Para a safra nova, os negócios são pontuais. No Paraná, na região dos Campos Gerais, a comercialização está travada. A razão é a queda de preços nos últimos dias.
Quando a Bolsa de Chicago começou a cair, o trigo na Argentina também caiu, pressionando os preços no Brasil. Há cerca de um mês, o valor negociado na região alcançava R$ 2.400,00 por tonelada FOB, mas, agora, o preço indicado por moinhos da região não ultrapassa R$ 2.000,00 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento no início de setembro. Para liberar lotes da safra 2020/2021, ainda em estoque, os produtores indicam R$ 2.000,00 por tonelada, mas no FOB. Os preços têm ficado estáveis.
Outro fator que trava a comercialização é o preço do frete. Os preços subiram por causa da colheita do milho 2ª safra de 2022, além do embarque atrasado de soja. Em relação ao trigo futuro, que será colhido a partir de novembro na região dos Campos Gerais, há cerca de um mês chegaram a ocorrer negócios entre R$ 2.000,00 e R$ 2.200,00 por tonelada. Agora, os compradores indicam no máximo R$ 1.900,00 por tonelada CIF moinho, para entrega em novembro e pagamento no início de dezembro, mas os vendedores insistem em R$ 2.000,00 por tonelada.
No Rio Grande do Sul, na região da Serra Gaúcha, há registro de negócios pontuais com lotes pequenos nos últimos dias a R$ 2.000,00 por tonelada FOB, para retirada imediata e pagamento em 40 dias. Não há volumes grandes disponíveis no mercado. Além disso, praticamente não existe demanda. Os moinhos estão esperando entrada da safra e a maioria está bem estocado. A maior parte da indústria moageira da região está com reservas alongadas em virtude de antecipação das compras com receio de escassez do cereal, quando iniciou a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Os valores pagos pelo cereal têm recuo entre R$ 50,00 e R$ 100,00 por tonelada nos últimos sete dias. O recuo deve-se à combinação de moagem menor que a média, estoques alongados da indústria, dólar mais fraco ante o Real, queda das cotações internacionais e preços futuros mais competitivos. Os valores atuais do cereal para entrega futura levam o moinho a entender que poderá ter trigo disponível em torno de R$ 1.700,00 por tonelada FOB em meados de setembro e outubro, quando entra a safra.
Para a safra nova, tradings indicam R$ 1.850,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande, para entrega em novembro ou dezembro e pagamento em janeiro, estável ante a semana anterior. Mas, a movimentação está escassa, apenas pontual. Esse valor não atrai o produtor. Os produtores alegam que pagaram caro pelos insumos e que o cereal precisa valer mais, mas o moinho precisa ver reação do mercado interno. Os produtores indicam entre R$ 1.800,00 e R$ 1.850,00 por tonelada FOB, o que não inclui o custo para comprador de R$ 100,00 a R$ 150,00 por tonelada de frete. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.