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02/Ago/2022

Tendência de recuo nos preços domésticos do trigo

As cotações do trigo estão pressionadas no Brasil, principalmente no mercado de lotes, enquanto os preços internacionais estão em alta. No cenário externo, as cotações avançam devido à alta demanda global, à piora da qualidade das lavouras dos Estados Unidos e a incertezas quanto às exportações de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro. O contrato Setembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem valorização de 6,4% nos últimos sete dias, cotado a US$ 8,07 por bushel (US$ 296,80 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Setembro/2022 do trigo Hard Winter apresenta forte alta de 6,6% no mesmo período, a US$ 8,74 por bushel (US$ 321,32 por tonelada). Em julho, no entanto, o movimento foi de forte queda, em função da possível liberação das exportações ucranianas e da estimativa de safra de trigo recorde na Rússia. Os recuos do primeiro vencimento nas Bolsas de Chicago e de Kansas foram de expressivos 20,2% e 19,7%, respectivamente, em comparação a junho/2022, com médias de US$ 8,06 por bushel (US$ 296,41 por tonelada) para o Soft Red Winter na Bolsa de Chicago e de US$ 8,73 por bushel (US$ 320,87 por tonelada) para o Hard Winter na Bolsa do Kansas.

Foi a primeira vez que os preços mensais externos fecharam abaixo de US$ 10,00 por bushel desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 24 de julho, 68% das lavouras de trigo de primavera nos Estados Unidos estavam em condições excelentes/boas, 24%, regulares, e 8%, ruins/péssimas, piora em comparação à semana anterior. Em relação ao trigo de inverno, 77% da área havia sido colhida até a mesma data, inferior ao mesmo período do ano passado (82%) e à média dos últimos cinco anos (80%). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 410,00 por tonelada. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura atingiu 98,8% da área. Chuvas foram registradas em algumas regiões, o que melhorou as condições hídricas. Assim, atualmente, 65% das lavouras estão em condições hídricas adequadas/ótimas, enquanto 35% do total está em situação regular/seca.

A consultoria russa SovEcon aumentou a estimativa de exportação russa de trigo da temporada 2022/2023 para 42,9 milhões de toneladas, alta de 300 mil toneladas. Se isso for confirmado, será um volume recorde para o país; porém, há dificuldades nos embarques. No mercado interno, a forte desvalorização do dólar nos últimos dias pressionou as cotações do trigo, principalmente no mercado de lotes. O recuo da moeda norte-americana, por sua vez, favorece a importação do cereal externo. Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de lotes (negociações entre empresas) registram recuo de 3,33% no Paraná, 1,24% no Rio Grande do Sul, 0,94% em São Paulo e 0,39% em Santa Catarina. No mercado de balcão (preço pago ao produtor) os valores têm aumento de 2,51% em Santa Catarina e 0,76% no Paraná, mas recuo de 1,19% no Rio Grande do Sul. Quanto à comercialização, a baixa disponibilidade de trigo e o fato de moinhos estarem abastecidos no Brasil devem manter os negócios pontuais até a entrada da nova safra.

Em relação aos preços mensais, vale ressaltar que a média nominal estadual do Rio Grande do Sul foi superior à do Paraná em julho, o que não era verificado desde novembro de 2020. Em termos reais, utilizando o IGP-DI, os valores mensais nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são recordes da série do Cepea. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 18 a 22 de julho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 414,12 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,42, o cereal importado era negociado a R$ 2.245,43 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 2.177,60 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 389,06 por tonelada, o equivalente a R$ 2.109,56 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 2.162,60 por tonelada na média do Estado. Dados da Conab mostram que a semeadura no País somava, até o dia 23 de julho, 96,6% da área total.

Os trabalhos foram finalizados em Goiás, Minas Gerais, Bahia, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e alcançaram 94,7% em Santa Catarina. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que 91% das lavouras estão em boas condições, 8%, em médias, e 1% está em situação ruim, piora em comparação à semana anterior. Destas, 58% estão em desenvolvimento vegetativo, 31%, em floração, e 11%, em frutificação. A área destinada ao cereal no Estado foi 5% inferior à da safra passada, com a 2ª safra de milho de 2022 sendo mais atrativa para alguns produtores. A produção no Paraná está prevista em 3,9 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS, a semeadura atingiu 93% da área, e houve o início da floração em algumas áreas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de julho, as importações brasileiras somaram 356,75 mil toneladas, contra 534,87 mil toneladas em todo o mês de julho de 2021. Os preços de importação registram média de US$ 415,8 por tonelada FOB origem, 51,8% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 274,00 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.