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26/Jul/2022

Tendência de preços internos do trigo sustentados

As cotações internacionais do trigo foram fortemente pressionadas pelo acordo para a exportação de grãos ucranianos nos últimos dias, além da maior estimativa da safra russa. Esse cenário foi observado mesmo após a divulgação da queda na safra da Argentina na última semana. O acordo entre Rússia e Ucrânia ocorreu na sexta-feira (22/07) e possibilitará a exportação de 22 milhões de toneladas de grãos ucranianos e outros produtos agrícolas, o que não era verificado desde o início do conflito, que já dura cinco meses. O acordo permite as movimentações pelo Mar Negro nos próximos 120 dias. Vale ressaltar que a Ucrânia é um importante exportador de milho e trigo. Desde a invasão do país e a paralisação de suas exportações, as cotações externas vinham apresentando altas expressivas.

Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 2,3% nos últimos sete dias, a US$ 7,59 por bushel (US$ 278,88 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Setembro/2022 do trigo Hard Winter apresenta recuo de 2,1% no mesmo período, a US$ 8,20 por bushel (US$ 301,39 por tonelada). Esses são os menores valores do primeiro vencimento desde o período anterior ao conflito (início de fevereiro/2022). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram baixa de 2,6% nos últimos sete dias, a US$ 412,00 por tonelada. Dados divulgados pela consultoria russa SovEcon elevaram a projeção da produção da safra 2022/2023 da Rússia para o recorde de 90,9 milhões de toneladas, alta de 1,7 milhão.

A SovEcon também aumentou a estimativa de produtividade no país. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a falta de chuvas segue prejudicando a safra 2022/2023, com 44% das áreas em condições hídricas regulares/ruins, leve piora em comparação à semana anterior. Por isso, a área semeada com trigo foi novamente reduzida em 100 mil hectares, agora em 6,1 milhões de hectares. Deste total, 96,8% já foram semeados, com 50% em condições normais, 25%, em regulares/ruins, e 16%, em boas/excelentes. Vale lembrar que a área plantada com o cereal foi de 6,7 milhões de hectares na temporada 2021/2022. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 17 de julho, 71% das lavouras norte-americanas de trigo de primavera estavam em condições excelentes/boas, 23%, regulares, e 6%, ruins/péssimas.

Em relação ao trigo de inverno, até a mesma data, 70% da área havia sido colhida, levemente inferior ao mesmo período do ano passado e à média dos últimos cinco anos (ambos em 71%). No mercado interno, nos últimos sete dias, os valores do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram recuo de 2,86% no Rio Grande do Sul e 0,60% em Santa Catarina, mas avanço de 0,25% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações têm alta de 1,85% no Paraná, 1,16% em São Paulo e 0,17% em Santa Catarina, enquanto registram baixa de 1,95% no Rio Grande do Sul. As negociações seguem ocorrendo de forma pontual, cenário que deve permanecer até a entrada do trigo da safra que está sendo semeada, quando há expectativa de redução mais expressiva de preços.

Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 11 a 15 de julho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 424,98 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,40, o cereal importado era negociado a R$ 2.296,12 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 2.171,13 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 399,32 por tonelada, o equivalente a R$ 2.157,45 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 2.189,95 por tonelada na média do Estado. Dados da Conab mostram que a semeadura no País somava, até o dia 16 de julho, 93,6% da área esperada. Os trabalhos foram finalizados em Goiás, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul e alcançaram 99% no Paraná e 88% no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

No Paraná, com a semeadura finalizada, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que 95% das lavouras estão em boas condições e 5%, em médias. Destas, 71% estão em desenvolvimento vegetativo, 23%, em floração, 4%, em frutificação, e 2% estão em germinação. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS, a semeadura atingiu 90% da área do Estado, com as atividades prejudicadas pelas chuvas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de julho, as importações brasileiras somaram 229,49 mil toneladas, contra 534,87 mil toneladas em todo o mês de julho de 2021. Os preços de importação registram média de US$ 421,80 por tonelada FOB origem, 54% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 274,00 por tonelada).

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 14 de julho, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2022/2023) totalizaram 2,10 milhões de toneladas, 26,5% inferiores ao volume escoado no mesmo período do ano passado (2,87 milhões de toneladas). Na semana do dia 14 de julho, especificamente, foram exportadas 185,98 mil toneladas, quantidade 40% menor que na semana anterior (310 mil toneladas) e 65,1% inferior à registrada em período equivalente de 2021 (de 532,89 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Iêmen (55,30 mil toneladas), Nigéria (27 mil toneladas) e Brasil (26mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.