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05/Jul/2022

Tendência de preços internos do trigo sustentados

Os valores externos do trigo seguem em queda, pressionados pelo clima favorável ao desenvolvimento das lavouras em importantes países produtores, como Estados Unidos e Austrália, e pela desvalorização do milho. Além disso, apesar da redução da estimativa de produção da safra na Ucrânia, a possibilidade de exportação recorde por parte da Rússia reforça o movimento de queda nos preços externos, à medida que reduz preocupações com a oferta mundial do cereal. Estimativas da consultoria russa SovEcon indicam redução de 1,4 milhão de toneladas na safra de trigo na Ucrânia, somando 20,7 milhões de toneladas. Essa queda está atrelada à menor semeadura em regiões de conflito com a Rússia e ao clima seco. Para a Rússia, a consultoria elevou em 300 mil toneladas a estimativa de exportação na temporada 2022/2023, atingindo o recorde de 42,6 milhões de toneladas. Ressalta-se, contudo, que há preocupações com a falta de navios na região, devido às atividades militares.

Assim, nos Estados Unidos, o contrato Julho/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de expressivos 10% nos últimos sete dias, a US$ 8,31 por bushel (US$ 305,43 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Julho/2022 do trigo Hard Winter apresenta forte queda de 8,2% no mesmo período, a US$ 9,11 por bushel (US$ 334,74 por tonelada). Agora, esses são os menores patamares desde fevereiro/2022. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 5,3% nos últimos sete dias, a US$ 450,00 por tonelada. Dados divulgados na semana passada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, em 1º de junho deste ano, os estoques de trigo nos Estados Unidos somavam 17,96 milhões de toneladas, 22% inferiores aos do mesmo período de 2021 e expressivamente abaixo das 27,87 milhões de toneladas de março deste ano. A área total com trigo nos Estados Unidos foi estimada em 19,06 milhões de hectares, baixa de 0,6% frente à estimativa de março/2022, mas alta de 1% em relação ao mesmo período de 2021. Se confirmada, esta será a quinta menor área anual com trigo desde 1919.

A área de trigo de inverno de 2022 nos Estados Unidos foi estimada em 13,8 milhões de hectares, 1% acima da de 2021, porém, 1% abaixo da estimativa anterior. A área prevista para o trigo de primavera de 2022 é de 4,5 milhões de hectares, 3% abaixo da de 2021. Espera-se que a área plantada de trigo Durum para 2022 totalize 0,8 milhão de hectares, aumento de 21% em relação ao ano anterior. O USDA indicou que, até o dia 26 de junho, 98% do trigo de primavera nos Estados Unidos já havia emergido, com 59% das lavouras em condições excelentes/boas, 33%, regulares e 8%, ruins e/ou péssimas. Em relação ao trigo de inverno, até a mesma data, 41% da área havia sido colhida, acima do mesmo período do ano passado (31%) e superior à média dos últimos cinco anos (35%). Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a semeadura de trigo atingiu 73,5% da área total, 10,6% abaixo do mesmo período de 2021. Em relação às condições das lavouras, 59% estão normais, 24%, boas/excelentes e 17%, regulares/ruins, uma leve piora em comparação à semana anterior.

No Brasil, apesar das baixas externas, os preços do trigo seguem firmes na maioria das regiões. A sustentação continua vindo da baixa disponibilidade de trigo no País e da valorização da moeda norte-americana. As negociações ocorrem de forma pontual, apenas para suprir a necessidade. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 0,93% em Santa Catarina e 0,56% no Paraná, mas recuo de 0,88% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 1,12% em São Paulo, 0,56% no Rio Grande do Sul e 0,04% em Santa Catarina, mas queda de 0,87% no Paraná. Em termos reais, os preços médios mensais de junho ainda são recordes no Rio Grande do Sul (R$ 2.147,24 por tonelada) e em Santa Catarina (R$ 2.094,40 por tonelada), considerando-se a série histórica do Cepea, iniciada em 2004. No Paraná e em São Paulo, as médias de junho são as maiores desde 2013.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos 21 dias úteis de junho, foram exportadas 47,02 mil toneladas de trigo. As importações somaram 627,11 mil toneladas, contra 541,58 mil toneladas em junho/2021. Em relação ao preço de importação, a média de junho/2022 esteve em US$ 388,90 por tonelada FOB origem, 44,6% acima da registrada no mesmo mês de 2021 (de US$ 269,00 por tonelada). No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informou que, até o dia 27 de junho, 88% da área estimada havia sido semeada no Estado, sendo que 83% estão em desenvolvimento vegetativo, 10%, em germinação e 7%, em floração. Em relação às condições das lavouras, 97% permanecem boas e apenas 3%, em situação média. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a semeadura no País somava, até o dia 15 de junho, 63,7% da área esperada. Os trabalhos foram finalizados em Goiás, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul e alcançaram 82% no Paraná, 40% no Rio Grande do Sul e 22% em Santa Catarina. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.