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05/Jul/2022

Preços do trigo firmes com a oferta interna restrita

À medida que a entressafra se intensifica no mercado nacional, a comercialização de trigo se torna ainda mais lenta. As vendas do cereal no spot continuam pontuais nas principais regiões produtoras. Do lado da oferta, os produtores que possuem grão remanescente da safra anterior seguram os estoques, na expectativa de obter preços mais altos. Do lado da demanda, as cotações elevadas do cereal afastam os moinhos das compras, restritas à reposição de estoques. Os valores pagos pelo grão, por sua vez, se mantêm firmes mesmo em meio à baixa liquidez.

No Paraná, o mercado spot está praticamente parado. De um lado, não há muita disponibilidade de cereal e produtores não ofertam trigo, esperando a iniciativa do comprador. Do outro, moinhos possuem algum volume de estoque e só compram da mão para a boca. No Estado, a indústria moageira indica entre R$ 2.300,00 e R$ 2.400,00 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento no máximo em 30 dias. O valor se mantém estável, mas abaixo da indicação de venda (R$ 2.500,00 por tonelada CIF nos mesmos prazos). Os moinhos não conseguem repassar esse preço que não é absorvido pelo consumidor final. Os moinhos adotam estratégias diferentes para enfrentar o cenário de preços elevados do trigo.

Alguns reduziram a moagem até a entrada de trigo novo no mercado, alegando que o preço recebido pela farinha não cobre o pago pelo trigo. Outros interromperam as operações até a colheita da nova safra, a fim de não terem prejuízo. Um terceiro grupo opta pela venda de trigo estocado, compra de farinha e revenda da farinha para evitar perda de clientes cativos. Esses preferem comprar farinha de trigo pronta por preço mais baixo e revender do que moer o cereal e, assim, manter o fornecimento. Do lado da oferta, a estimativa é de que há somente 75 mil toneladas de cereal remanescente da safra passada No Rio Grande do Sul, e, no máximo, outras 100 mil toneladas disponíveis para serem comercializadas no Paraná.

O volume disponível é suficiente para cerca de 15 dias de moagem no Rio Grande do Sul e para aproximadamente um mês de moagem no Paraná. A disponibilidade é muito baixa até a entrada da safra. Até lá, a necessidade nacional seria de 2 milhões de toneladas. Para enfrentar este cenário e manter a moagem em níveis normais, os moinhos vêm recorrendo ao cereal importado. Fábricas da região leste do Paraná se abasteceram com 30 mil toneladas de trigo paraguaio em maio, enquanto moinhos da região oeste adquiriram novos lotes na semana passada. O preço do trigo paraguaio está mais atrativo que o trigo paranaense, chegando no moinho em torno de R$ 2.300,00 por tonelada CIF, porém há pouco volume. Para o trigo argentino, novos lotes chegariam a R$ 2.800,00 por tonelada CIF, acima da paridade do nacional.

A movimentação para a safra nova, que será colhida a partir de agosto no Paraná e de outubro no Rio Grande do Sul, está ainda mais cadenciada. No Paraná, os compradores indicam R$ 2.000,00 por tonelada CIF moinho, para entrega em setembro e R$ 1.900,00 por tonelada CIF, para entrega em outubro. Os vendedores indicam pelo menos R$ 2.200,00 por tonelada nos mesmos prazos, o que limita a comercialização. Com as quedas sucessivas na Bolsa de Chicago não têm rodado cargas. Compradores e vendedores estão retraídos porque o cereal futuro é baseado nos preços da Bolsa de Chicago.

No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, há registro de negócios a R$ 2.250,00 por tonelada, para entrega imediata e pagamento à vista. O preço se mantém estável nos últimos sete dias. Muitos produtores restringem a oferta porque possuem armazenagem disponível. A indústria moageira mantém as indicações de compra e demonstra interesse por novos acordos. O repasse do custo do trigo para farinha melhorou. No inverno, o consumo dobra, pois tem maior procura por massa, pão, bolo, cuca. Sobre a safra nova, a previsão de tempo mais seco nos próximos dias deve favorecer a semeadura do cereal.

Para a safra nova, os exportadores indicam R$ 2.080,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande, para entrega em dezembro. O produtor, contudo, indica R$ 2.200,00 por tonelada. Além da volatilidade dos preços, a incerteza do custo do frete, em virtude das oscilações dos combustíveis, também retrai a comercialização. Tanto vendedor quanto comprador não sabem quanto será o frete em dezembro. Outro fator que trava o mercado é o atraso na semeadura das lavouras, que também afasta os produtores dos negócios antecipados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.