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28/Jun/2022

Tendência de alta para o trigo no mercado interno

Os preços externos do trigo registram recuo expressivo, influenciados pelo avanço na colheita do cereal nos Estados Unidos, pela desvalorização do milho, substituto na alimentação animal e por expectativas de safra recorde da Rússia. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de expressivos 10,7% nos últimos sete dias, a US$ 9,23 por bushel (US$ 339,42 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Julho/2022 do trigo Hard Winter apresenta forte queda de 10,2% no mesmo período, a US$ 9,92 por bushel (US$ 364,68 por tonelada). Estes são os menores valores do primeiro vencimento desde o final de fevereiro deste ano, evidenciando que os preços voltaram aos patamares anteriores aos registrados no início do conflito entre Rússia e Ucrânia.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a semeadura do trigo de primavera nos Estados Unidos havia atingido 98% da área até o dia 19 de junho, próximo dos 100% observados no mesmo período da temporada anterior e da média dos últimos cinco anos (100%). Destes, 89% do trigo já emergiu e 59% da área está em condições excelentes/boas, melhora em comparação à semana anterior. Em relação ao trigo de inverno, até a mesma data, 25% da área havia sido colhida, acima do mesmo período do ano passado (15%), mas inferior à média dos últimos cinco anos (22%). Na Argentina, mesmo diante da redução de área, as cotações FOB no Porto de Buenos registram recuo de 1,5% nos últimos sete dias, a US$ 475,00 por tonelada.

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu, novamente, em 100 mil hectares a projeção da área semeada com trigo no País, devido ao déficit hídrico em algumas regiões. Assim, a safra 2022/2023 deverá somar 6,3 milhões de hectares, dos quais 61,9% já foram semeados, atraso em comparação à temporada passada. Em relação às condições das lavouras, 59% estão normais, 26%, boas/excelentes e 15%, regulares/ruins. Dados divulgados na semana passada pela consultoria russa SovEcon elevaram a produção de trigo da Rússia para 89,2 milhões de toneladas, um recorde. A alta de 600 mil toneladas na safra 2022/2023 foi justificada pela maior área destinada ao cereal no país e pelo clima favorável. Na Ucrânia, foi iniciada a colheita de trigo, com produtores ainda na dúvida de como ocorrerá o transporte desta safra, já que os portos seguem bloqueados.

Apesar das desvalorizações no mercado externo, os preços no Brasil permaneceram em alta, ainda sob influência da elevação do dólar e da baixa disponibilidade de trigo nacional. Inclusive, está sendo necessário importar o cereal de países vizinhos, Argentina e Paraguai, para suprir a demanda interna no curto prazo. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam avanço de 5,47% no Rio Grande do Sul, 0,94% em Santa Catarina e de 0,35% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações registram alta de 2,16% no Paraná e 2,09% no Rio Grande do Sul, mas com quedas de 1,54% em São Paulo e 0,32% em Santa Catarina.

Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 13 a 16 de junho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 488,59 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,11, o cereal importado era negociado a R$ 2.499,68 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 2.181,98 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 459,29 por tonelada, o equivalente a R$ 2.349,79 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 2.128,04 por tonelada na média do Estado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de junho, as importações somam 353,78 mil toneladas, contra 541,58 mil toneladas em todo o mês de junho de 2021.

Os preços de importação registram média de US$ 389,60 por tonelada FOB origem, 44,9% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 269,00 por tonelada). As exportações atingiram 47,2 mil toneladas. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 20 de junho, 82% da área estimada havia sido semeada no Paraná, sendo que 82% estão em desenvolvimento vegetativo, 14%, em germinação e 4%, em floração. Em relação às condições das lavouras, 97% estão boas e apenas 3%, em médias. Dados da Conab mostram que a semeadura no País somava, até o dia 18 de junho, 55,4% da área esperada. Os trabalhos foram finalizados em Goiás, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul e alcançaram 69% no Paraná, 35% no Rio Grande do Sul, e 12% em Santa Catarina. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.