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21/Jun/2022

Preços do trigo sustentados por exportação recorde

A maior produção brasileira de trigo em 2021 e a manutenção das importações em volumes elevados resultaram em crescimento no excedente doméstico do cereal. Apesar disso, as exportações nacionais de trigo também registram bom desempenho, sobretudo devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia e ao dólar alto, contexto que limita a disponibilidade doméstica e mantém os preços nacionais em patamares recordes, acima de R$ 2.000,00 por tonelada. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em maio/2022, o Brasil exportou 117,12 mil toneladas de trigo, com o volume escoado somando 3,12 milhões de toneladas em 12 meses (de junho/2021 a maio/2022). Dessa quantidade, 2,55 milhões de toneladas foram embarcadas de janeiro a maio de 2022, um recorde para os cinco primeiros meses de um ano. Os principais destinos das exportações em maio foram Sudão e Angola.

Outros importantes destinos deste ano têm sido a Arábia Saudita, Marrocos, Indonésia, Vietnã e África do Sul. O preço médio de exportação foi de R$ 1.586,33 por tonelada em maio. Do lado das importações, chegaram aos portos brasileiros 534,03 mil toneladas, especialmente da Argentina e do Paraguai, ao preço médio de R$ 1.697,70 por tonelada. Em 12 meses, as importações somaram 6,04 milhões de toneladas, da quais 2,58 milhões de toneladas foram importadas nos primeiros cinco meses de 2022, muito em linha com as exportações. Ao se considerar os acumulados a cada 12 meses, as importações superam em 2,92 milhões de toneladas as exportações, sendo o menor déficit da balança comercial desde 1996. Os preços do trigo seguem em alta no Brasil, influenciados pela baixa disponibilidade e pela valorização do dólar. As negociações seguem pontuais, já que há pouco produto disponível e com preços cada vez mais altos.

Os compradores estão buscando contratos a termo para o trigo da nova temporada. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 3,12% no Paraná e 0,53% em Santa Catarina, com estabilidade no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações registram alta de 2,13% no Rio Grande do Sul, 1,64% em São Paulo e 0,62% em Santa Catarina, com baixa de 0,91% no Paraná. Nesta parcial de junho, as médias mensais são recordes nominais nos Estados da Região Sul e em São Paulo, considerando-se as séries de preços iniciadas em 2004, com todos os valores acima de R$ 2.000,00 por tonelada. Em termos reais, a atual média no Rio Grande do Sul, de R$ 2.124,43 por tonelada, segue recorde (valores deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo, as médias mensais reais são as maiores desde 2013.

Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 6 a 10 de junho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 477,50 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,88, o cereal importado era negociado a R$ 2.332,28 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 2.165,90 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 448,70 por tonelada, o equivalente a R$ 2.191,61 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 2.121,65 por tonelada na média do Estado. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informou que, até o dia 13 de junho, 69% da área estimada havia sido semeada no estado, sendo que 90% estão em desenvolvimento vegetativo, 9%, em germinação e 1% está em floração. Em relação às condições das lavouras, 97% estão boas e apenas 3%, médias.

Dados da Conab mostram que a semeadura no País somava, até o dia 11 de junho, 47% da área esperada. Os trabalhos foram finalizados em Goiás, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul e alcançaram 65% no Paraná, 20% no Rio Grande do Sul, e 3,4% em Santa Catarina. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 10,34 por bushel (US$ 380,02 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Julho/2022 do trigo Hard Winter registra recuo de 4,9% no mesmo período, a US$ 11,05 por bushel (US$ 406,02 por tonelada). As baixas estão atreladas ao avanço da colheita do trigo nos Estados Unidos e à alta da moeda norte-americana.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a semeadura do trigo de primavera nos Estados Unidos havia atingido 94% da área até o dia 12 de junho, abaixo dos 100% observados no mesmo período da temporada anterior e da média dos últimos cinco anos (99%). Destes, 72% do trigo já emergiu e 54% da área está em condições excelentes/boas. Em relação ao trigo de inverno, até a mesma data, 10% da área havia sido colhida, acima do mesmo período do ano passado (4%), porém, inferior à média dos últimos cinco anos (12%). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires apresentam baixa 2% nos últimos sete dias, a US$ 482,00 por tonelada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a semeadura de trigo no País atingiu 47,4% da área total na última semana, com avanço de 17,1% ante a semana anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.