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14/Jun/2022

Tendência de alta para os preços do trigo persiste

Os preços do trigo seguem em alta no mercado internacional e no Brasil, ainda influenciados pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a não realização de acordo entre esses países para a exportação de grãos pelo Mar Negro. O movimento de alta nos valores é reforçado por dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), apontando menor oferta mundial na safra 2022/2023. Na Argentina, maior fornecedora de trigo do Brasil, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicou nova redução na área semeada com o cereal. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem valorização de 3% nos últimos sete dias, a US$ 10,70 por bushel (US$ 393,43 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Julho/2022 do trigo Hard Winter registra avanço de 3,7% no mesmo período, a US$ 11,62 por bushel (US$ 427,15 por tonelada). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 2,1% nos últimos sete dias, a US$ 492,00 por tonelada, nova máxima da série compilada pelo Cepea desde 2009.

No Brasil, apesar de estimativas apontarem safra recorde nacional neste ano, os preços seguem em alta, acompanhando as valorizações externa e do dólar e devido à baixa disponibilidade atual. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor) os valores apresentam avanço de 2,92% no Paraná, 0,72% em Santa Catarina e 0,18% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações têm alta de 1,56% em São Paulo, 1,5% em Santa Catarina e 1,42% no Paraná, com baixa de 0,5% no Rio Grande do Sul. A Emater-RS divulgou que a safra de inverno de 2022 no Rio Grande do Sul pode atingir recorde, de 5 milhões de toneladas de grãos (trigo, aveia, cevada e canola). A produção de trigo é estimada em 3,99 milhões de toneladas, alta de 12,5% frente à temporada passada. Isso se deve ao crescimento de 15,04% na área em relação ao ano anterior, com 1,41 milhão de hectares. A produtividade está apontada em 2,82 toneladas por hectare, queda de 2,17% no mesmo comparativo.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informou que, até o dia 6 de junho, 65% da área estimada havia sido semeada no Estado, sendo que 90% estão em desenvolvimento vegetativo, 9%, em germinação e 1% está em floração. Em relação às condições das lavouras, 97% estão boas e apenas 3%, em médias. De acordo com dados divulgados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa da produção nacional na safra 2022/2023 aumentou em comparação ao relatório anterior e deve somar 8,35 milhões de toneladas, 8,8% acima da temporada passada. Isso se deve à elevação de 5,4% da área destinada ao cereal, que deverá atingir 2,88 milhões de hectares, e à produtividade, de 2,89 toneladas por hectare, alta de 3,2%, ambos em relação a 2021. Foi mantida a estimativa de importação de 6,5 milhões de toneladas, porém, foi elevado em 500 mil toneladas o volume exportado na temporada 2022/2023, a qual deverá ser de 1,5 milhão de toneladas.

A disponibilidade interna está prevista em 15,04 milhões de toneladas, recuo de 2,9% em comparação a 2021. O consumo segue projetado em 12,76 milhões de toneladas, 5% maior que a estimativa de 2021. Assim, os estoques finais, em julho/2023, seriam de 770,5 mil de toneladas, redução em comparação à estimativa de maio (1,2 milhão de toneladas), mas ainda superior ao ano anterior (188,3 mil toneladas). Na última semana, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu em 100 mil hectares a área destinada ao trigo na Argentina na safra 2022/2023, fato ainda relacionado ao déficit hídrico, e deverá somar 6,4 milhões de hectares. A semeadura alcançou 30,3% da área total, e as condições hídricas são ótimas/adequadas em 65% da área já semeada no país. Em termos globais, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam redução da produção, do consumo e dos estoques da safra 2022/2023, em comparação ao relatório de maio e à temporada anterior.

A produção mundial 2022/2023 deverá ser de 773,4 milhões de toneladas, 0,7% inferior à temporada anterior. O consumo mundial está estimado em 785,9 milhões de toneladas em 2022/2023, 0,7% inferior ao de 2021/2022. Em relação aos estoques finais, podem somar 266,8 milhões de toneladas, queda de 4,5% no mesmo comparativo, com reduções expressivas da oferta da Índia (4,9 mil toneladas menor) e da União Europeia (3,4 mil toneladas inferior). Em relação às exportações da safra 2022/2023, a previsão é de 205,4 milhões de toneladas transacionadas, apenas 0,1% acima do relatório de maio, com maiores volumes da Argentina e da Rússia. Em relação à safra anterior, o volume exportado deverá ser 2,1% maior, com as principais origens na Rússia e na União Europeia, com volumes de 40 milhões de toneladas e 36 milhões de toneladas, respectivamente. Ainda vale ressaltar que as exportações da Ucrânia deverão cair drasticamente (47,4%), passando de 19 milhões de toneladas para 10 milhões de toneladas em um ano. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.