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09/Jun/2022

Embrapa espera resultado do teste com transgênico

A Embrapa Trigo prevê os primeiros resultados do teste com plantio de trigo geneticamente modificado para meados de julho e agosto deste ano, quando as plantas serão colhidas. As plantas transgênicas devem ser colhidas em julho e agosto, quando será analisado o comportamento do cereal transgênico no Cerrado. Este é o primeiro evento geneticamente modificado de trigo avaliado a campo no País. O cultivar HB4, desenvolvido pela argentina de biotecnologia Bioceres, é resistente a estresse hídrico e tolerante ao herbicida glufosinato. A pesquisa é desenvolvida em parceria pela Embrapa Trigo e Embrapa Cerrado e o desenvolvimento do cereal é acompanhado semanalmente pelos pesquisadores da Embrapa Cerrado in loco. No momento, o material segue o trabalho normal de desenvolvimento do ciclo da cultura. Ainda não há elementos que possam levar a qualquer aspecto conclusivo. Se bem-sucedida nas lavouras brasileiras a variedade poderá ser uma alternativa para contribuir no aumento da produção de trigo do País no Cerrado.

Se for promissor, é uma alternativa ao sistema na busca por ampliar a produção de trigo, a fim de evitar desembolso de US$ 1 bilhão com importação do cereal. A Embrapa semeou aproximadamente 100 m² com a cultivar que tem gene transgênico HB4. O plantio começou em 23 de março na Fazenda Sucupira, localizada na região administrativa de Riacho Fundo II, no Distrito Federal. A área é cercada e segue todos os protocolos de biossegurança necessários. O plantio experimental para pesquisa foi autorizado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 10 de março. O objetivo é avaliar o comportamento do gene adicionado em três cultivares da Embrapa. É um gene que vem do girassol e que possui essa condição de adaptação a ambiente mais restrito de água, tendendo a consumir menos água e ser mais tolerante ao estresse hídrico e ao calor. Está sendo avaliado o comportamento das plantas para ver se isso efetivamente ocorre no ambiente do Cerrado.

Apesar dos primeiros exemplares serem colhidos em agosto, as análises da funcionalidade da cultivar com transgenia podem levar outros dois a quatro anos. Não tenho dúvida de que depois desse experimento, será preciso voltar a colocar o cereal no campo para ver aspectos. Se tiver funcionalidade, começará uma outra lógica de produção de sementes, mas isso é para mais à frente. Primeiro, é preciso gerar informações, dados, até porque não se começa a produzir semente com avaliação de apenas um ano. A avaliação da cultivar levará de dois a quatro anos. A Embrapa não planeja estender a pesquisa para a Região Sul do Brasil, que concentra 90% da área cultivada com o cereal no País, em virtude do regime hídrico mais adequado da região ao cereal. Na Região Sul, não há déficit hídrico para o trigo. Há potencial mais adequado do cultivar para o Cerrado que tem regime hídrico diferenciado, com longo período de seca. Todas essas questões ainda poderão ser avaliadas, mas, neste momento inicial, a pesquisa é restrita ao Cerrado.

Após a conclusão dos testes e caso se verifique que o uso da cultivar é promissor no País, será necessário abertura de outro processo para autorização de produção e comercialização de sementes do cereal HB4 no País pela CTNBio. Este processo pode ser aberto tanto pela Embrapa, quanto pela Bioceres, como pelas duas em parceria de co desenvolvimento. Todas essas questões comerciais estão sendo e serão discutidas, mas não para outro momento. Neste momento, o aspecto relevante é realizar a pesquisa para ver se o cereal é viável ou não é viável em ambiente brasileiro. O estudo do cultivar com transgenia no Cerrado integra a agenda da estatal de expandir a produção do cereal para o bioma em sistema de produção complementar à soja e ao milho. A Embrapa já possui quatro cultivares desenvolvidas exclusivamente para o Cerrado, sendo três para sistema irrigado e uma para ambiente de sequeiro. Estes cultivares já demonstram boa performance em ambiente de temperatura elevada e de restrição de oferta de água.

Há muitas áreas com soja e milho que podem entrar na produção de trigo sem necessidade de abrir área novas áreas. A estratégia da estatal é ampliar a produção nacional de trigo pelo Cerrado e assim diminuir a necessidade de importação do Brasil, que hoje internaliza cerca de metade do trigo consumido pela indústria moageira. O trigo está se mostrando algo relevante para o País e importante em aspecto de segurança alimentar. Em menos de dez anos, o Brasil será autossuficiente em trigo. A Argentina foi o primeiro país do mundo a permitir o plantio comercial do cereal HB4, em maio deste ano. De acordo com informações da Bioceres, Austrália, Nova Zelândia e Colômbia também já concederam aval para o uso da variedade. No Brasil, até o momento, a CTNBio permitiu somente o uso e comercialização da farinha de trigo proveniente de cereal HB4, assim como o plantio experimental pela Embrapa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.