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07/Jun/2022

Tendência de preços do trigo sustentados no Brasil

A possibilidade de a Rússia liberar as exportações de grãos ucranianos pelo Mar Negro tem pressionado com força as cotações externas do trigo. No dia 3 de junho, especificamente, o movimento de queda foi intensificado pela expectativa de que a Rússia exporte maior volume na safra 2022/2023. A consultoria russa SovEcon prevê que as vendas externas do país somem 42,3 milhões de toneladas entre julho/2022 e junho/2023, sendo 1,3 milhão a mais que estimativas anteriores. Assim, nos Estados Unidos, o contrato Julho/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago tem desvalorização de expressivos 10,2% nos últimos sete dias, a US$ 10,40 por bushel (US$ 382,13 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Julho/2022 do trigo Hard Winter registra recuo de 9,2% no mesmo período, a US$ 11,21 por bushel (US$ 411,90 por tonelada). Apesar disso, na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires apresentam avanço de 1,5% nos últimos sete dias, a US$ 482,00 por tonelada.

No dia 31 de maio, inclusive, o valor do trigo na Argentina atingiu US$ 487,00 por tonelada, a máxima desde 2009, quando o Cepea começou a compilar esses dados. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicou redução na área semeada com trigo do país, em 100 mil hectares, devido à baixa umidade em áreas agrícolas, atualizada agora para 6,5 milhões de hectares. A semeadura da safra 2022/2023 atingiu 13,9% da área. Mesmo com as desvalorizações nos Estados Unidos, os preços no Brasil acompanham o avanço das cotações argentinas. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram avanço de 1,24% no Paraná e de 0,06% em Santa Catarina, com recuo de 0,92% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 1,7% no Rio Grande do Sul, 1,29% no Paraná, 0,65% em Santa Catarina e 0,51% em São Paulo. As negociações estão em ritmo lento, em decorrência da baixa disponibilidade do grão e dos altos preços.

Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 23 a 27 de maio, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 473,76 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,79, o cereal importado era negociado a R$ 2.272,22 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 2.112,06 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 445,12 por tonelada, o equivalente a R$ 2.134,86 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 2.093,63 por tonelada na média do Rio Grande do Sul. Em relação à semeadura de trigo no País, dados da Conab mostram que somava, até o dia 28 de maio, 29,5% da área estimada. A semeadura já foi finalizada em Goiás, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul e alcançou 68% em São Paulo, 53% no Paraná, 0,3% em Santa Catarina e 0,2% no Rio Grande do Sul.

No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informou que, até o dia 30 de maio, 61% da área estimada havia sido semeada no Estado, sendo que 79% estão em desenvolvimento vegetativo, 20%, em germinação e 1% em floração. Quase 100% das lavouras seguem em boas condições. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS informou que o excesso de umidade no solo dificultou o avanço da semeadura na região oeste do Estado, no final de maio. Dados da A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que, em 2022, a produção de cereais deverá ser a menor em quatro anos, totalizando 2,78 bilhões de toneladas, influenciada pelo recuo do trigo, milho e arroz. De acordo com o Amis (Agricultural Market Information System), a produção mundial de trigo também deverá recuar pela primeira vez em quatro anos e somar 770,8 milhões de toneladas, 0,8% inferior ao recorde de 2021 (776,8 milhões de toneladas).

Em relação ao consumo, deve ceder 0,4% em comparação à temporada anterior, indo para 768,6 milhões de toneladas. De acordo com estimativas da Ikon, na Austrália, a semeadura deste ano foi praticamente finalizada no País e atingiu 14,45 milhões de hectares, um recorde. A previsão é colher no final de 2022 entre 30 e 35 milhões de toneladas, volume um pouco menor que as 36 milhões de toneladas na temporada 2021/2022. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a semeadura do trigo de primavera havia atingido 73% da área até o dia 29 de maio, ainda abaixo dos 97% observados no mesmo período da temporada anterior e da média dos últimos cinco anos (92%). Destes, 42% do trigo já emergiu. Em relação ao trigo de inverno, 29% estavam em condições boas/excelentes, 31%, em intermediárias e 40%, ruins/muito ruins, melhora de 1% em comparação à semana anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.