06/Jun/2022

A negociação de trigo ocorre da mão para a boca com pouca oferta remanescente da safra 2021 e moinhos com dificuldade de repassar os valores atuais para farinha. Para a safra 2022, os compradores relatam dificuldade em prever frete em virtude das altas do diesel, enquanto os vendedores acreditam que os preços podem subir mais. São reportados negócios de trigo branqueador no Rio Grande do Sul por R$ 2.300 por tonelada para retirada imediata e pagamento em 30 dias no nordeste do Estado, e até R$ 1.170 por tonelada por trigo pão, enquanto no Paraná saem negócios por R$ 2.250 a R$ 2.300 por tonelada para retirada imediata e pagamento em 30 dias nos Campos Gerais, norte e oeste do Paraná. O trigo está acabando. No Rio Grande do Sul tem menos de um mês de moagem e o Paraná tem mais ou menos um mês. Temos quatro meses antes de chegar a safra nova.

Nos três últimos meses, os moinhos vão reduzir moagem ou importar. O trigo argentino importado chegou a alcançar US$ 490 por tonelada, mas voltou à faixa de US$ 475 por tonelada. Com o dólar abaixo de R$ 5, ainda dá para comprar trigo argentino por R$ 2.500 a R$ 2.540 por tonelada, conforme o frete interno dentro do País, o que significa R$ 200 a R$ 250 por tonelada acima do preço mais alto pago pelo trigo nacional. Quanto à safra 2022, há interesse de compra, mas não de venda. A indicação de compra no Porto de Rio Grande é de R$ 1.950 por tonelada para dezembro. Chegou a estar R$ 100 por tonelada mais alto do que isso, mas com as quedas de Chicago o preço caiu. Os compradores também hesitam em negociar antecipadamente porque não sabem o preço do frete para carregar em dezembro em virtude das elevações do preço do combustível.

Na região de Campos Gerais (PR), os vendedores pedem ao menos R$ 2.300 por tonelada FOB, e, para lotes grandes, R$ 2.500 por tonelada FOB, mas os compradores indicam R$ 2.200 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. Quem está precisando compra da mão para boca e está começando a reclamar que não consegue repassar na farinha. Para a safra 2022, os moinhos oferecem R$ 1.900 por tonelada por trigo úmido e R$ 2.000 por tonelada por trigo limpo e seco para embarque em novembro e pagamento em dezembro, mesmos valores da semana passada, mas os vendedores estão retraídos. Na Bolsa de Chicago, os futuros de trigo fecharam em queda na sexta-feira (03/06), refletindo uma maior estimativa para exportações russas em 2022/2023. A consultoria russa SovEcon elevou sua projeção em 1,3 milhão de toneladas, para 42,3 milhões de toneladas.

A SovEcon ressaltou que a estimativa é baseada na expectativa de uma produção recorde, de 88,6 milhões de toneladas. A consultoria considera para a análise, porém, que a Rússia retomará a exportação ativa de trigo em julho e não introduzirá nenhuma restrição aos embarques, além das taxas de exportação existentes e das cotas de meio de temporada. Quanto à produção da Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu em 100 mil hectares sua estimativa de área semeada na temporada 2022/23, de 6,6 milhões para 6,5 milhões de hectares, por causa da falta de umidade no noroeste da área agrícola. O vencimento julho do trigo na CBOT recuou 18,25 cents (1,7%), para US$ 10,40 por bushel. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno perdeu 22,50 cents (1,9%) e terminou a semana em US$ 11,21 por bushel. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.