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06/Jun/2022

Brasil pode ser autossuficiente no trigo em 10 anos

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil pode se tornar autossuficiente na produção de trigo para consumo em até dez anos. Pesquisadores já colheram significativos resultados e os apresentaram na audiência pública promovida na quinta-feira (02/06), na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). O desafio é ultrapassar as quase 13 milhões de toneladas consumidas hoje no País, atualmente 50% importadas. Roraima, Ceará, Piauí e Maranhão são alguns dos Estados que aparecem como novas fronteiras do trigo, hoje produzido em maior parte na Região Sul (90%). Segundo a Embrapa, 19% do consumo é na Região Sul; 42% na Região Sudeste; 5,5% na Região Centro-Oeste; 22% na Região Nordeste; e 10% na Região Norte, em um total de 12,7 milhões de toneladas demandados. Há um esforço para o aumento da área de cultivo. Quando tiver rentabilidade, o produtor deverá de aumentar sua produção.

A área de produção do trigo está migrando para a região do Cerrado. São 204 milhões de hectares no Cerrado que podem ser explorados sem derrubar árvores, só cultivando em regiões degradadas. O Brasil tem condições de chegar à autossuficiência e até a exportação de trigo em menos de 10 anos. Em termos de custos de importação para o Brasil, o trigo só perde para o petróleo. A aposta é congregar genética, pesquisa e produtores qualificados. Além da demanda, o trigo é bem-vindo ao sistema de produção por ser uma planta supressora das doenças de solo e de plantas daninhas, além de reduzir a infestação de nematoides (vermes), fornecer palhada para o solo e tornar o sistema de produção mais saudável. O Cerrado pode se tornar terceira ou segunda região produtora nacional de trigo. A produção ocorre na entressafra, está próximo do centro consumidor e colhe um dos melhores trigos do mundo para a panificação. Também está sendo possível alcançar as melhores produtividades.

A média nacional é de 2,8 toneladas por hectare, mas, em 2021 já houve recorde com um produtor nacional obtendo 9 toneladas por hectare. A Embrapa Roraima confirmou que o Estado tem mais de 2 milhões de hectares aptos para a produção de grãos e que, mais recentemente, há uma demanda para a produção de trigo. O Estado enfrenta alguns desafios, como baixas latitude e altitude, altas temperaturas e umidade relativa do ar. Contudo, as pesquisas da Embrapa apontam bons resultados na produção do trigo. Acreditando na ciência, e respaldando-nos nas pesquisas da Embrapa, o Estado começou os primeiros ensaios com trigo. Os resultados foram muito animadores e as cultivares testadas mostraram excelente resultado, com produtividade de 3 toneladas por hectare, em um ciclo de 66 dias.

Isso é muito bom e permite fazer duas safras com esse trigo. Resultados mostraram ainda que a farinha oriunda dos grãos colhidos em Roraima apresenta uma boa qualidade para a panificação. A produção de trigo tropical em Roraima trará segurança alimentar e divisas. Será uma opção de cultivo após a safra da soja, que no Estado já sofre com a ferrugem (doença que atinge a cultura). Com o cultivo do trigo será possível atrair indústrias voltadas para a moagem. É preciso também inserir o cultivar no sistema de produção e estudar outras finalidades para seu uso, além do consumo humano. Há grandes desafios ainda, por isso, o apoio de todos os elos envolvidos na cadeia é extremamente importante. Em todo o mundo são colhidas hoje 779 milhões de toneladas de trigo.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a invasão da Ucrânia pela Rússia (dois grandes produtores do grão) mostrou que pode haver desabastecimento diante da paridade entre produção e consumo, sem excedentes significativos. Rússia e Ucrânia respondem por 30% da produção e o contexto de guerra influencia nos preços que serão repassados. Esses maiores preços são um atrativo para aumento da produção no Brasil. Na safra atual, o Brasil alcançou a marca de 7,7 milhões de toneladas de trigo e para a próxima safra deve chegar a 8 milhões de toneladas. Ainda são importados 50% do que se consome no País, sendo que desse montante 80% são provenientes da Argentina. O aumento da produção nacional tem de vir acompanhada da industrialização, assim como da organização de mercado e logística. O País tem hoje 165 moinhos de trigo em atividade. Fonte: Agência Senado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.