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30/Mai/2022

Preço do trigo seguirá alinhado à paridade externa

A comercialização de trigo no mercado interno é diversa entre as principais regiões produtoras. No Paraná, os preços estão em alta, o que estimula o fechamento de acordos. No Rio Grande do Sul, a movimentação no spot é restrita, com fechamento pontual de negócios em algumas regiões. Para a safra nova, as vendas estão lentas no Rio Grande do Sul, em início de colheita, e no Paraná, onde a colheita começa em agosto. No Paraná, na região dos Campos Gerais, os vendedores indicam R$ 2.500,00 por tonelada FOB, para retirada imediata e pagamento em 30 dias. Na semana anterior, saíram lotes a R$ 2.200,00 por tonelada nos mesmos prazos. Os moinhos indicam R$ 2.100,00 por tonelada, nas mesmas condições, mas não mostram interesse firme de compra. Para a safra nova, indústria moageira indica R$ 2.000,00 por tonelada colocada em moinho em Ponta Grossa, para entrega em outubro e pagamento em novembro. Na semana anterior, a indicação era de R$ 2.220,00 por tonelada.

A maior parte dos produtores da região planta em meados de junho e julho. A previsão de chuva na região até o fim desta semana tende a limitar o avanço dos trabalhos de campo, mas é benéfica para a umidade do solo. No Paraná, os produtores estão indicando preços com base na paridade de importação. Os compradores indicam R$ 2.200,00 por tonelada FOB, mas os vendedores indicam R$ 2.500,00 por tonelada FOB. O cereal argentino chega atualmente no Estado a R$ 2.700,00 por tonelada. Ainda tem espaço para o preço do trigo nacional subir mais, porque a entressafra está no começo. Os compradores de farinha estão resistentes quanto ao reajuste de preço proposto pelos moinhos, em virtude do aumento do custo do trigo. Além disso, eles anteciparam as compras em março e abril e estão fora do mercado neste momento. Esta situação deixa os moinhos com pouca margem de repasse e baixa demanda no spot. Os moinhos alegam que não estão conseguindo vender porque os compradores de farinha se anteciparam nas compras.

Até o fim de abril, os moinhos diziam que estavam trabalhado em 100% da capacidade. Agora, caiu para 70% e outros para 30%. Em meio ao impasse com compradores de farinha, os moinhos cogitam vender o próprio trigo adquirido em vez de moer e comercializar farinha. No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, o mercado é pontual. Há poucas ofertas de cereal, os estoques estão apertados e os moinhos estão demandando menos trigo porque estão com reservas alongadas. O mercado vem nessa lentidão há cerca de quatro semanas e deve seguir assim até a entrada da próxima safra. Na região, moinho indica entre R$ 2.130,00 e R$ 2.150,00 por tonelada FOB, para em embarque em junho e pagamento no fim de julho, enquanto os compradores indicam R$ 2.220,00 por tonelada FOB. Os valores pagos pelo cereal se mantêm estáveis nos últimos sete dias, em meio à correção dos preços internacionais do cereal na Bolsa de Chicago. Como tem pouco trigo, os produtores estão retraídos. Os moinhos, por não conseguirem repassar aumento de custo ao preço da farinha, não têm interesse em ficar muito ativos no spot.

Então, o mercado fica desaquecido, sem pressão de compra ou de venda. A indústria moageira está observando que terá maior dificuldade de encontrar cereal disponível no segundo semestre deste ano, especialmente em julho e agosto, antes da colheita no Paraná, em meio aos estoques apertados do Estado. A estimativa é de que há no máximo 100 mil toneladas disponíveis no Paraná remanescentes da safra passada. É produto que vai entrar aos poucos no mercado, à medida que produtor for vendendo. Historicamente, há produtores que preferem guardar o cereal como 'poupança verde' a vender e aplicar o dinheiro. Neste cenário de estoques locais apertados, os moinhos do Rio Grande do Sul já começaram a comprar trigo do Paraná da nova safra para chegada em setembro. Os moinhos do Rio Grande do Sul indicam R$ 2.000,00 por tonelada FOB no interior do Paraná, para retirada em setembro e pagamento em novembro deste ano, o que seria equivalente a R$ 2.150,00 por tonelada posto no moinho. Deve aumentar o volume de entrada de cereal importado no Estado antes da nova safra.

Também deve haver aumento da importação tanto de cereal argentino, uruguaio, paraguaio, quanto de cereal norte-americano e canadense. Hoje, tem chegado pouco trigo importado, assim como em todo o acumulado do ano, o que leva a crer que indústria opera em menor moagem. Para a nova safra de trigo do Rio Grande do Sul, os moinhos indicam R$ 2.000,00 por tonelada FOB, para entrega em outubro, mas não encontra interesse de venda por parte dos produtores. Os vendedores já tem 315 mil toneladas de trigo firmadas para exportação. Agora, ele não está ofertando nem para moinho e nem para exportação. Trading indica em torno de US$ 395,00 por tonelada embarcada para o Porto de Rio Grande, para entrega em novembro e pagamento no fim de dezembro. A semeadura ainda incipiente no Estado é um dos motivos para retração do produtor da comercialização antecipada. O plantio não atingiu ainda nem 8% da área, não é um fator que motiva as vendas. Por enquanto, não está atrasado e não há nenhum risco de plantio fora da janela ideal, que vai até o fim de junho.

Os trabalhos de campo no Estado tendem a progredir pouco nesta semana, já que as previsões apontam chuvas volumosas no Rio Grande do Sul. Na região de Passo Fundo, no início da semana passada, o trigo tipo pão era negociado de R$ 115,00 a R$ 117,00 por saca de 60 Kg FOB (entre R$ 1.915,00 e R$ 1.950,00 por tonelada) e entre R$ 123,00 e R$ 125,00 por saca de 60 Kg colocada no Porto de Rio Grande (entre R$ 2.050,00 e R$ 2.083,00 por tonelada), ambos com entrega imediata e pagamento em 30 dias. Nos últimos sete dias, o valor registra alta de R$ 3,00 a R$ 4,00 por saca de 60 Kg, refletindo aumento na Bolsa de Chicago. Quem tem trigo está comercializando, tanto no mercado interno como para exportação. Em relação à comercialização antecipada da próxima safra, os negócios ainda não deslancharam na região com produtores esperando iniciar o plantio no começo de junho para avaliar o clima e travar os volumes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.