ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

30/Mai/2022

Pesquisa indica aceitação de produtos transgênicos

A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) mudou sua posição quanto ao uso de farinha de trigo geneticamente modificado (OGM) pela indústria. Agora, a Abimapi se diz favorável ao produto. A mudança no posicionamento da indústria veio do resultado de uma pesquisa, encomendada pela entidade, que mostrou que 72% dos consumidores não teriam restrição ao consumo de trigo e derivados do cereal transgênico. O resultado surpreendeu, pois mais de dois terços consumiriam transgênicos sem nenhuma restrição, corroborando aprovação dada pela CTNBio. Assim, não há por que não aprovar, se a segurança alimentar está garantida. Anteriormente, a Abimapi era contrária à aprovação do uso e comercialização da farinha de trigo transgênico no País e liderou movimentação contrária à entrada do produto, junto à Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e à Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), antes da liberação do produto pela CTNBio.

Em novembro do ano passado, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) deu aval ao uso, comercialização e importação de farinha de trigo geneticamente modificada da variedade argentina HB4. Mesmo após a aprovação do produto, tanto a indústria moageira quanto a de massas e biscoitos e a de panificação diziam que não comprariam o produto. A questão da Abimapi era relacionada a mercado e não havia dúvida quanto à segurança alimentar da farinha transgênica. A CTNBio garante a segurança alimentar da farinha transgênica. A entidade era contra porque este trigo ainda não havia sido aprovado em nenhum lugar do mundo. Não havia dúvida com a segurança alimentar do produto, mas sim com a aceitação pelo consumidor. Na pesquisa, realizada pela Indexsa no fim do ano passado, 72% dos 3.135 entrevistados (1.567 presencial e 1.568 online) responderam não ter restrição com o consumo de bolos, massas e biscoitos feitos a partir de farinha de trigo transgênico, enquanto outros 28% disseram que teriam restrição com o consumo desses produtos.

O estudo revelou também que 57% dos entrevistados sabiam o que é um alimento transgênico, sendo que 75,5% desta fatia responderam que sabiam que consumiam produtos OGM. De acordo com a pesquisa, das 1.345 pessoas que informaram não saber o que é um produto transgênico, 71,4% disseram que consumiriam esses alimentos após receberem informações sobre produtos OGM. Uma parcela de 26,6% do total de entrevistados informou que não consumiria alimentos transgênicos mesmo após receber informações sobre esses produtos. Foram entrevistados consumidores de até 69 anos de 12 capitais nas Regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste e do Distrito Federal. Com os resultados da pesquisa em mãos, a Abimapi vai propor ao governo a retirada do selo de transgênico (triângulo amarelo com a letra T) do rótulo dos produtos. A entidade alega que o símbolo não é totalmente compreensível pelo consumidor e que pode ser suprido por uma frase dizendo que o produto contém transgênico na embalagem.

Há pesquisas que mostram que o T (triângulo amarelo com letra T no centro) não significa nada para o consumidor. As reivindicações são trocar a identificação do T da frente do rótulo por um aviso escrito ao longo a embalagem e a não obrigatoriedade de colocar de qual variedade advém o produto, porque como pode mudar a cada safra, geraria muitos custos com trocas de embalagem. Contudo, mesmo após a pesquisa nacional há receio da indústria quanto à aceitação dos produtos pelos consumidores externos e de possíveis impactos às exportações brasileiras de massas e biscoitos, pelo fato de o País ser o único a permitir uso da farinha de trigo geneticamente modificado. No ano passado, as vendas externas das categorias Abimapi somaram 201 mil toneladas e geraram receita de US$ 245,5 milhões. O consumidor europeu e norte-americano, por exemplo, são mais sensíveis a essas mudanças. O setor não gostaria de colocar selo no produto e ter algum problema no mercado externo. Como vai demorar um tempo ainda para a produção desses alimentos, a expectativa é de que a lei seja atualizada.

O uso ou não da farinha de trigo OGM vai depender de decisão comercial e individual de cada fabricante. O produto deve estar disponível às indústrias brasileiras apenas em meados de 2023 e 2024. A Argentina aprovou a comercialização de sementes, mas ainda não começou o plantio. Então, vai demorar um pouco para chegar farinha OGM no Brasil, porque o trigo é colhido no fim do ano e não haverá tempo hábil de haver farinha transgênica na próxima safra. Até plantar, colher, moer, devemos ultrapassar este ano, mas será questão de tempo para farinha de trigo OGM e produtos com esta farinha chegarem. A Associação Brasileira Indústria Trigo (Abitrigo) não comentou o assunto. A entidade não respondeu se mantém ou se também mudou o seu posicionamento contrário ao uso da farinha de trigo geneticamente modificado. A Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Abip) também não se posicionou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.