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25/Mai/2022

Importação brasileira tem recuo no 1º quadrimestre

O Brasil importou menos trigo no primeiro quadrimestre deste ano. De janeiro a abril deste ano, as compras somaram 2,043 milhões de toneladas, 5,9% abaixo do reportado em igual período do ano anterior, de acordo com dados do Agrostat, sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro. Como motivos pode-se citar os elevados preços internacionais, a maior disponibilidade de cereal nacional no início deste ano e a demanda pouco aquecida nos primeiros meses do ano. A baixa demanda do Brasil pela retração econômica, a menor moagem de farinha, o menor consumo escolar dos derivados de trigo por regime híbrido de ensino e a maior disponibilidade interna de cereal contribuíram para retração na importação. No acumulado do ano, 1,706 milhão de toneladas das 2,043 milhões de toneladas trazidas de fora foram de cereal argentino.

A maior parte se referiu a contratos fechados nos últimos meses do ano passado, com embarques programados para ocorrer durante a janela de exportação argentina (dezembro a março). Apesar de o volume ser menor na comparação com o montante adquirido pelo País nos quatro primeiros meses do ano passado, o valor desembolsado com as compras do cereal foi 9,3% superior, para US$ 602,660 milhões gastos de janeiro a abril deste ano O preço médio do trigo importado avançou 16,2%, passando de US$ 253,91 por tonelada no primeiro quadrimestre de 2021 para US$ 294,92 por tonelada nos últimos quatro meses. Esses números refletem a alta da cotação do trigo na moeda norte-americana, especialmente após a guerra entre Rússia e Ucrânia. O trigo argentino, por exemplo, passou de US$ 300,00 por tonelada um dia antes da guerra para ser cotado atualmente entre US$ 385,00 e US$ 400,00 por tonelada.

Em abril, 515,25 mil toneladas de trigo foram importadas pela indústria moageira, 10,2% mais que em igual mês do ano passado. O valor desembolsado com o produto no mês subiu 29,8% para US$ 163,132 milhões, e o preço médio do trigo importado aumentou 17,8%, para US$ 316,61 por tonelada em abril deste ano. A partir de março e abril, a demanda por derivados de trigo começou a melhorar e a importação a crescer. Dados de line-ups de navios apontam para 173 mil toneladas de trigo em navios nomeados para portos brasileiros no início desta semana, contra 237 mil toneladas programadas na semana passada e 195 mil toneladas programadas em igual período do ano passado. A programação por navios nomeados mostra menor importação no comparativo anual, mas a tendência é que a importação venha a aumentar nos próximos meses e o volume do acumulado do ano fique próximo do ano passado.

Para os próximos meses, a tendência é de aumento nas importações brasileiras de trigo à medida que o País está no período de entressafra e que o consumo de derivados de trigo continue estável ou até mesmo aumente durante o inverno. A perspectiva é de aumento dos embarques a partir de meados de abril e maio, acompanhando o aumento da moagem local. Normalmente, a partir de abril e maio, os importadores começam a olhar mais para trigo norte-americano e russo. O mercado tende, a partir de maio, a consumir mais trigo importado e, depois, a partir de agosto reduzir as importações com a entrada do cereal nacional. A previsão é que a importação aumente também na safra deste ano, mesmo em meio ao provável aumento na produção nacional, em virtude da tendência de o Brasil continuar exportando volumes significativos. A demanda de importação deve ficar no patamar de 6 milhões e 7 milhões de toneladas, ante 6 milhões a 6,5 milhões de toneladas previstas para o ciclo atual.

Mesmo que o Brasil produza mais, tende a ter importação elevada porque deve vender mais trigo no mercado externo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê aumento de 5,9% na produção da próxima safra para 8,131 milhões de toneladas. A estimativa para a importação é de 7 milhões de toneladas de trigo pelo Brasil na próxima safra. Considerando os bons volumes que devem ser exportados e o patamar atual de consumo. A questão é se o consumidor vai aguentar os repasses de preços e aumento do custo dos produtos. Para o ano civil de 2022, o País deve gastar US$ 500 milhões a mais com cereal importado do que desembolsou no ano passado, em virtude do aumento dos preços internacionais do trigo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.