ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Mai/2022

Tendência de alta para preços domésticos do trigo

Agentes do setor tritícola nacional estão focados na semeadura da nova safra. Na semana passada, com a chegada de uma forte frente fria, os produtores estiveram bastante atentos ao campo. No entanto, no Paraná, os indicativos são de que as baixas temperaturas registradas no período favoreceram as lavouras de trigo, à medida que ajudaram no controle de pragas e de plantas invasoras. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informou que, até o dia 16 de maio, 43% da área estimada havia sido semeada no Paraná, sendo que 59% estão em desenvolvimento vegetativo e 41%, em germinação. No Brasil, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a semeadura de trigo somava, até o dia 14 de maio, 16,2% da área estimada. A semeadura já foi finalizada em Goiás e alcançou 92% da área em Mato Grosso do Sul, 60% na Bahia, 33% em São Paulo e 26% no Paraná. Quanto aos preços, seguem em alta e renovando as máximas nominais, ainda impulsionados pela baixa oferta doméstica, pela menor produção na Argentina e na Ucrânia e por preocupações quanto à menor oferta mundial.

Ressalta-se que o movimento de alta é verificado mesmo diante da desvalorização do dólar frente ao Real, que favorece a importação, e de informações indicando maior safra na Rússia. Na parcial de maio, as médias mensais são recordes nominais nos Estados da Região Sul e em São Paulo, considerando-se as séries de preços iniciadas em 2004. Em termos reais, a atual média no Rio Grande do Sul, de R$ 1.959,52 por tonelada, segue recorde (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo, as médias mensais reais são as maiores desde 2013. Diante dos elevados preços e da baixa disponibilidade, os negócios seguem de forma pontual. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 3,99% no Rio Grande do Sul, 3,45% no Paraná e 3,43% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam valorização de 3,83% no Paraná, 2,77% em Santa Catarina, 2,27% no Rio Grande do Sul e 2,12% em São Paulo.

Tomando-se como base dados da Conab, de 9 a 13 de maio, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 447,87 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,12, o cereal importado era negociado a R$ 2.295,91 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.989,37 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 420,82 por tonelada, o equivalente a R$ 2.157,25 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.954,24 por tonelada na média do Estado. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires têm alta de 3%, a US$ 475,00 por tonelada. Vale ressaltar que, na última semana, o preço atingiu a máxima da série histórica (iniciada em 2009), de US$ 481,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2022 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago, registra desvalorização de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 11,68 por bushel (US$ 429,44 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Julho/2022 do trigo Hard Winter apresenta recuo de 2,3% no mesmo período, a US$ 12,52 por bushel (US$ 460,31 por tonelada).

Apesar de ter iniciado a semana passada em alta, devido às restrições de exportação da Índia, os futuros encerraram o período em queda, com movimento de correção, além da possibilidade de chuvas na região de lavoura dos Estados Unidos e de informações indicando expectativa de safra recorde na Rússia. A consultoria Sovecon estima que a safra 2022/2023 da Rússia some 88,6 milhões de toneladas, um recorde. As exportações da temporada 2022/2023, que terá início em 1º de julho, estão estimadas em 41 milhões de toneladas pela Sovecon e em 39 milhões de toneladas pela consultoria Ikar. Na Índia, segundo informações do Ministério da Agricultura do país, a colheita de trigo deste ano deverá ser de 106,4 milhões de toneladas, baixa de 4,4% em comparação à estimativa passada, em decorrência das altas temperaturas. Isso influenciou na decisão do governo de restringir as exportações de trigo. Na Ucrânia, o conflito causou uma queda de aproximadamente 25% na área semeada com trigo de primavera frente a 2021, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura do país.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a semeadura norte-americana do trigo de primavera havia atingido 39% da área até o dia 15 de maio, expressivamente abaixo dos 83% observados no mesmo período da temporada anterior e da média dos últimos cinco anos (67%), sendo que 16% do trigo já emergiu. Em relação ao trigo de inverno, 27% estavam em condições boas/excelentes, 32%, intermediárias e 41%, ruins/muito ruins. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de maio, foram exportadas 45,4 mil toneladas de trigo em grão pelo Brasil, acima de toda a quantidade embarcada em maio do ano passado (4,1 toneladas). As importações de trigo somam 241,0 mil toneladas na parcial deste mês, contra 591,0 mil toneladas em maio de 2021, redução de 59,2%. Os preços de importação registram média de US$ 324,40 por tonelada FOB origem, 20,2% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 269,90 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.