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17/Mai/2022

M. Dias Branco: alta de custos e repasse aos preços

A M. Dias Branco, líder nacional em massas e biscoitos, tende a fazer novos repasses de preços ao valor final de seus produtos, em meio ao aumento contínuo do trigo. O preço do trigo continua subindo em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia. A tendência é fazer repasses ao preço final dos produtos em fases, por região, canal, categoria. No momento, está sendo possível repassar os preços e vender um mix melhor. Em vez de aumentar em dois dígitos, a empresa consegue repassar pouco por mês. O aumento do custo do trigo adquirido é o principal reflexo da guerra no Leste Europeu sentido pela companhia, que não compra cereal dos países daquela região. A não exposição aos países dessa região não elimina os problemas de custo. A tendência é de que preços internacionais do trigo continuem subindo aos poucos.

A M. Dias adota política de estocagem, redução de embalagens e mix com produtos de maior valor agregado para enfrentar momento de custos elevados. A empresa lançou mão também de alavancas de controles dos custos como a capacidade de estocagem que é grande, equivalente a quatro meses de consumo, e política de proteção de preços (hedge do câmbio e das commodities). São instrumentos que têm funcionado bem. Apesar dos impactos no custo da sua principal matéria-prima, a M. Dias Branco não enxerga risco de desabastecimento no mercado de trigo. A Rússia teve um clima bom e vai produzir mais na safra 2022/2023, o que ajuda a aliviar o aperto da oferta. O Brasil também deve produzir recorde de 8,5 milhões de toneladas. Isso ajuda a contrabalançar o problema da guerra. Até o momento, a companhia não enfrentou nenhum problema quanto à disponibilidade de cereal no mercado.

Existe a expectativa de crescimento importante da safra do Brasil e da própria Rússia. A questão que tem de ser endereçada é o custo, o que a empresa vai fazer com o processo de reajuste gradual de preço. Neste cenário instável, a empresa também adota política de hedge para se proteger da volatilidade cambial, além da volatilidade da commodity. O cenário de câmbio está melhor do que foi previsto e o impacto do dólar nos custos da empresa está menor do que no ano passado. Apesar da guerra, o otimismo ainda é predominante para o desempenho da empresa ao longo do ano. A companhia deve continuar forte tanto em volume quanto em preços. A empresa enxerga um cenário de demanda normalizada para os setores em que atua. O cenário é desafiador, mas as categorias são menos discricionárias que outras no consumo pela população em geral.

Até agora, o mercado está normalizando, com demanda dentro do esperado, após aumento atípico e temporário da demanda em 2020 e 2021 com pandemia e auxílio emergencial. Neste cenário de inflação elevada e menor poder de compra, o consumidor busca produtos com preço médio menor, caso dos derivados de trigo. São produtos com preço médio mais baixo e atingem toda população. A dinâmica de demanda é muito similar ao visto historicamente e em termos de mercado. O consumidor busca produtos de preço médio menor por causa da inflação. Neste cenário, a companhia adota medidas como readequação de portfólio, mix de produtos e redução de embalagens. Massas e biscoitos são mercados maduros e que possuem quase 100% de penetração nos lares brasileiros, e, por isso, menos vulneráveis aos impactos de demanda. A demanda é mais elástica dentro da categoria entre itens de maior valor agregado. Entres as categorias, não há tanto movimento de mudança de demanda por serem itens menos discricionários. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.