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19/Abr/2022

Brasil expande exportações no 1º trimestre de 2022

Tradicional importador de trigo, o Brasil buscou menos cereal no exterior e exportou mais o produto nos primeiros três meses do ano. Entre os motivos pode-se citar o dólar valorizado ante o Real, os preços elevados do grão no mercado internacional e, indiretamente, os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Na comparação anual, a importação do cereal recuou 10,4% em volume no trimestre, enquanto a exportação cresceu 288,5%. Em três meses, o País exportou mais que em todo o ano passado. No primeiro trimestre deste ano, o País exportou 2,207 milhões de toneladas do cereal, com geração de receita de US$ 662,56 milhões, e importou 1,528 milhão de toneladas, despesa de R$ 439,502 milhões, de acordo com dados do Agrostat (sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro) divulgados no dia 14 de abril. A valorização do cereal no mercado internacional estimulou produtores, especialmente os do Rio Grande do Sul, a vender cereal remanescente da safra passada após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

No Rio Grande do Sul, os produtores venderam ao exterior mais 175 mil toneladas e, no Paraná, mais de 150 mil toneladas forma exportadas após o início da guerra. No acumulado da safra 2020/2021, estima-se exportação de 3,185 milhões de toneladas de trigo. Na importação, 1,309 milhão de toneladas das 1,528 milhão de toneladas trazidas de fora de janeiro a março foram de cereal argentino. A maior parte referente a contratos fechados nos últimos meses do ano passado, com embarques programados para ocorrer durante a janela de exportação argentina (dezembro a março). A baixa demanda do Brasil pela retração econômica, a menor moagem de farinha e os moinhos segurando as compras contribuíram para a redução. Greve de trabalhadores argentinos na área de logística também contribuiu para a queda. Na comparação com o montante adquirido pelo País nos três primeiros meses do ano passado, de 1,705 milhão de toneladas, o volume foi 10,4% menor. Já o valor desembolsado com as compras do cereal foi 3,2% superior em relação aos US$ 425,9 milhões gastos de janeiro a março do ano passado.

O preço médio do trigo importado avançou 15,1%, passando de US$ 249,80 por tonelada no primeiro trimestre de 2021 para US$ 287,63 por tonelada nos últimos três meses, números que refletem a alta da cotação do trigo na moeda norte-americana. Principalmente no último mês, o mercado adicionou um prêmio de risco de guerra nos preços mundiais do cereal, o que fez as cotações dispararem. O volume exportado, 288,5% superior ao comercializado em igual período do ano passado, de 567,76 mil toneladas, supera o recorde alcançado ao longo de todo 2021, de 1,779 milhão de toneladas. Em 2021, foi a primeira vez desde 2015 que as vendas externas de trigo superaram 1 milhão de toneladas. Em faturamento, a alta foi de 440%, ante a receita de US$ 112,591 milhões obtidas no primeiro trimestre do ano passado. O preço médio do cereal exportado foi 39% acima, a US$ 300,20 por tonelada. O trigo brasileiro era um dos mais baratos do mundo com Real desvalorizado e preços mundiais elevados. Além disso, com a quebra na safra de soja e milho safra de verão (1ª safra 2021/2022), os portos não estavam sobrecarregados, abrindo espaço para exportação de trigo.

O dólar valorizado ante o Real, em média na faixa de R$ 5,40 a R$ 5,50 neste período, combinado com o cenário de cotações mundiais elevadas puxou a competitividade do cereal brasileiro frente aos concorrentes e até mesmo ante exportadores tradicionais de trigo. Por outro lado, para os produtores, o valor pago pelo mercado externo era mais atrativo que o pago pelos moinhos locais, além da menor exigência de qualidade. A maior parte do volume exportado pelo Brasil no primeiro trimestre deste ano foi adquirido entre meados de outubro e novembro do ano passado, período de entrada da safra nacional. Foi uma janela de oportunidade com competitividade elevada ante outras origens, mas tende a ser semelhante na próxima safra, com exportação de até 3 milhões de toneladas. No momento, ainda é cedo para falar que Brasil vai se tornar exportador e continuar com este mercado, vai depender dos preços.

O principal destino do cereal brasileiro no primeiro trimestre foi a Arábia Saudita, que comprou 504,969 mil toneladas de trigo do País. Na sequência, aparecem Indonésia (360,498 mil toneladas) e Marrocos (288,278 mil toneladas). São países que costumam adquirir cereal russo, europeu, ucraniano e argentino. Contudo, nos três primeiros meses do ano, além de o cereal brasileiro estar mais barato, por questões sazonais Europa e países do Mar Negro estavam fora do mercado. Em março, o Brasil importou 527,70 mil toneladas de trigo, com desembolso de US$ 159,539 milhões. O volume foi 13,6% inferior ao montante adquirido pelo País em igual mês do ano passado, enquanto o valor gasto foi 0,34% maior. O preço médio do trigo importado avançou 16,12%, para US$ 302,16 por tonelada no último mês. Em março, o Brasil exportou 800,802 mil toneladas, com geração de receita de US$ 245,562 milhões, alta anual de 1.666% e 1.908%, respectivamente. O preço médio do cereal exportado avançou 12,8% em um ano, para US$ 306,57 por tonelada no último mês. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.