11/Abr/2022

A comercialização de trigo no mercado interno continua enfraquecida. Além de o período ser de entressafra, a volatilidade cambial e as incertezas quanto ao abastecimento mundial do cereal afastam agentes da mesa de negócios. Na última semana, apenas lotes pontuais rodaram nas principais regiões produtoras. Os preços do cereal continuam firmes. Os produtores que ainda possuem produto da safra passada não cedem nos preços, enquanto moinhos, a maioria estocados até meados de maio, desaceleram as compras. No Paraná, na região dos Campos Gerais, a negociação vem ocorrendo pontualmente. O mercado está praticamente travado há cerca de três semanas. Na semana anterior, lotes pequenos foram firmados a R$ 2.000,00 por tonelada colocada em Ponta Grossa, para entrega e pagamento no fim de abril para uso como semente.

Na última semana, contudo, não foram reportados novos negócios. Não há sequer indicação de compra na região. A maioria dos moinhos está abastecida para moagem ao longo de abril e meados de maio, porque o consumo de farinha em janeiro e fevereiro foi baixo e o estoque alongou. Os compradores atuantes querem retirar somente em maio, mas estão cautelosos. O produtor indica entre R$ 2.300,00 e R$ 2.500 por tonelada FOB, para retirada no fim deste mês. Há pouca oferta e o produtor está focado na colheita de soja. Há relatos de comercialização a R$ 2.000,00 por tonelada na região de Guarapuava. O cereal importado chega no Paraná por volta de R$ 2.000,00 por tonelada. Contudo, não há novos negócios sendo efetivados, apenas embarques de compras feitas anteriormente.

Para a safra futura, que começa a ser semeada no Estado e entra no mercado a partir de agosto, os moinhos indicam R$ 1.500,00 por tonelada CIF, para entrega em agosto e R$ 1.300,00 por tonelada CIF, para entrega em setembro. Mas, os produtores indicam entre R$ 1.700,00 e R$ 1.750,00 por tonelada. O custo interno está muito elevado, o que dificulta pensar em valor menor do produto. Algumas regiões do Estado, como o norte e parte do oeste, iniciaram o plantio de trigo nos últimos dias de forma incipiente. A previsão aponta para o La Niña terminando, o que traz chuvas mais pontuais, e para frio mais cedo, o que é bom para a cultura.

No Rio Grande do Sul, o mercado também está estagnado. Na região de Passo Fundo, não há registro de negócios no disponível. No spot, os moinhos indicam R$ 1.600,00 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento à vista ou em 15 dias, dependendo do volume, enquanto o produtor indica R$ 1.800,00 por tonelada CIF. Os produtores têm expectativa de alta nos preços. O valor pago pelo cereal na região registra recuo de R$ 50,00 por tonelada nos últimos sete dias. Os moinhos do Estado estão abastecidos. Até o momento, não há reportes de negociação antecipada na região. Os preços estão altos, mas o custo também está elevado. O produtor teve problemas com a safra de verão (1ª safra 2021/2022) e não vai investir muito na safra de inverno. Haverá investimento do produtor em trigo para ração e em menor proporção na produção de cereal tipo pão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.