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29/Mar/2022

Tendência de baixa do trigo com pressão do dólar

Depois de subirem por praticamente duas semanas seguidas, os valores internos do trigo voltaram a cair nos mercados de balcão e de lotes, acompanhando a desvalorização do dólar frente ao Real, contexto que, vale lembrar, reduz a paridade de importação e, portanto, favorece a compra externa do cereal. No mercado internacional, os preços seguem avançando, diante de preocupações com o fornecimento mundial de trigo. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram baixa de 1,49% no Rio Grande do Sul e de 1,5% no Paraná, mas estão sustentados (0,38%) em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam queda de 2,35% no Rio Grande do Sul, 2,1% no Paraná, 1,31% em São Paulo e 0,69% em Santa Catarina. Mesmo com esse recente enfraquecimento dos valores, as médias estaduais de março já atingiram as máximas nominais históricas da série do Cepea, iniciada em 2004.

Esse cenário, por sua vez, pode levar os produtores a aumentarem a área destinada ao cereal no País, mas o alto custo de produção pode limitar esse avanço. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 14 a 18 de março, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 405,52 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,08, o cereal importado era negociado a R$ 2.060,64 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.908,34 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 380,79 por tonelada, o equivalente a R$ 1.934,95 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.902,50 por tonelada na média do Estado. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2022 do Soft Red Winter registra valorização de 3,6% nos últimos sete dias, cotado a US$ 11,02 por bushel (US$ 405,01 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Maio/2022 do trigo Hard Winter apresenta alta de 3,8% no mesmo período, a US$ 11,10 por bushel (US$ 408,13 por tonelada).

Os futuros chegaram a cair em alguns dias da semana passada, mas voltaram a subir com força na sexta-feira (25/03). No geral, os preços internacionais ainda estão voláteis e sendo influenciados pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia e por preocupações com a oferta mundial de trigo. Ressalta-se que a nova safra da Ucrânia pode ser bem inferior às expectativas de antes do conflito. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, a US$ 401,00 por tonelada. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana deste mês, o Brasil exportou 752,3 mil toneladas de trigo, o terceiro maior volume mensal desde 1996. O volume exportado desde agosto/2021 é de 2,048 milhões de toneladas. Já as importações de trigo, na parcial deste mês, somam 304,16 mil toneladas, contra 611,44 mil toneladas em março de 2021, redução de 50,3%.

Os preços de importação registram média de US$ 299,30 por tonelada FOB origem, 15% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 260,30 por tonelada). De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 17 de março, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2021/2022) somavam 16,55 milhões de toneladas, 17,4% inferior ao volume escoado no mesmo período do ano passado (20,04 milhões de toneladas). Na semana do dia 10 de março, especificamente, foram exportadas 330,63 mil toneladas, quantidade 7,6% superior à da semana anterior (307,21 mil toneladas) e 49,6% abaixo da registrada em período equivalente de 2021 (de 656,91 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Coreia do Sul (61,63 mil toneladas), Filipinas (57,58 mil toneladas) e Honduras (54,84 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.