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15/Mar/2022

Tendência é de alta no mercado doméstico de trigo

Apesar das preocupações com o fornecimento mundial de trigo por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, as cotações internacionais do cereal registram recuo nos últimos sete dias, após as expressivas altas nas semanas anteriores. Além da realização de lucros, as quedas externas estão atreladas ao relatório de oferta e demanda mundial divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que apontou reduções no consumo e aumento dos estoques de passagens. Em contrapartida, no Brasil, os valores avançam de forma expressiva, devido a preocupações com a disponibilidade do cereal no País e ao volume cada vez maior das exportações dessa commodity. Nos Estados Unidos, apesar de fechar em alta na sexta-feira (11/03), por conta de correção técnica, o contrato Março/2022 do Soft Red Winter apresenta desvalorização de 19,1% nos últimos sete dias, saindo do recorde de US$ 13,48 por bushel para US$ 10,90 por bushel (US$ 400,51 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o vencimento Março/2022 do trigo Hard Winter registra recuo de 10,4% nos últimos sete dias, saindo de US$ 12,00 por bushel para US$ 10,75 por bushel (US$ 395,27 por tonelada). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires acumulam queda de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 419,00 por tonelada. Ressalta-se, contudo, que os preços ainda registram expressivo aumento na parcial de março. No Brasil, a liquidez segue baixa, mas com reajustes mais expressivos nos preços do trigo e repasses para os novos negócios dos derivados. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os valores registram alta de 6,44% em Santa Catarina, 6,39% no Rio Grande do Sul e 5,92% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações avançam de forma ainda mais expressiva no mesmo comparativo, com altas de 15,46% no Rio Grande do Sul, de 8,92% em Santa Catarina, de 7,0% no Paraná e de 6,08% em São Paulo.

No relatório de março, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou novamente ajustes positivos na estimativa para a importação total de agosto/2021 a julho/2022, para 7 milhões de toneladas. Com isso, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) subiu para 14,82 milhões de toneladas, 15,2% acima da safra anterior. Do lado da demanda, a estimativa de consumo interno é de 12,55 milhões de toneladas, 5,5% maior que na temporada anterior. Porém, as estimativas de exportação de trigo entre agosto/2021 e julho/2022 também foram atualizadas, para 2,1 milhão de toneladas, ainda sob influência da maior aceitação externa pelo grão de menor PH. Se confirmada, será equivalente a 2,5 vezes as exportações do período anterior, ou seja, um crescimento de 155%. Como o aumento das estimativas de exportações foi equivalente ao da importação, o estoque final, em julho/2022, foi mantido em 176,5 mil toneladas.

Em relação à nova temporada 2022/2023, que será iniciada apenas em agosto, as previsões são de produção de 7,87 milhões de toneladas de trigo, alta de 2,6% em comparação à safra anterior, com importações de 6,5 milhões de toneladas. A disponibilidade cairia 1,8%, o consumo é previsto em 12,75 milhões de toneladas (+1,6%), e as exportações, em um milhão de toneladas de trigo. Os estoques finais, em julho/23, subiriam para cerca de 806 mil toneladas. Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no relatório de março, aumentou em 0,3% a estimativa de produção global da safra de trigo 2021/2022 frente aos dados indicados em fevereiro, que ficaria também 0,3% superior ao volume da temporada 2020/2021. Esta elevação se deve especialmente à maior produção da Austrália, que deverá ser de 36,3 milhões de toneladas, volume 6,8% maior que o divulgado no relatório anterior. Quanto ao consumo mundial, a estimativa passou para 787,28 milhões de toneladas em março, queda de 0,1% sobre os dados de fevereiro, mas ainda 0,6% maior que na temporada passada.

Os estoques mundiais foram previstos para serem 1,2% maiores em relação aos do relatório de fevereiro e devem totalizar 281,5 milhões de toneladas, mas com queda de 3% no comparativo com a safra 2020/2021. Assim, a relação estoque/consumo melhorou, saindo de 35,3% previstos em fevereiro para 35,8%. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o volume previsto é de 204,8 milhões de toneladas sendo transacionadas, 1,7% inferior ao relatório passado, justificado pela redução das exportações da Rússia e da Ucrânia, em decorrência da guerra entre os países. A Rússia irá exportar 32 milhões de toneladas, 3 milhões a menos que o volume do relatório anterior, e a Ucrânia deverá exportar 20 milhões de toneladas, 4 milhões a menos no mesmo comparativo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontaram que, em fevereiro/2022, o Brasil exportou 836,8 mil toneladas de trigo, um recorde. Com isso, obteve-se o maior valor de superávit comercial mensal nas transações de trigo, de US$ 104,8 milhões.

Ressalta-se que, desde janeiro/1996, a balança comercial do trigo foi superavitária em apenas seis meses, sendo que, desde dezembro/2021, a balança está positiva. Entre março/2021 e fevereiro/2022, as exportações somaram 2,09 milhões de toneladas, a maior quantidade desde março/2013 (2,25 milhões de toneladas). Do lado das importações, em fevereiro/2022, chegaram aos portos brasileiros 498,76 mil toneladas de trigo, redução de 0,6% sobre o mês anterior, porém, alta de 10,9% frente a fevereiro/2021. Do total importado pelo Brasil, 86,1% vieram da Argentina; 6,1%, do Uruguai; 5,4%, dos Estados Unidos; e 2,7%, do Paraguai. Nos últimos 12 meses, o volume importado totalizou 6,1 milhões de toneladas. Os preços de importação registraram média de US$ 283,86 por tonelada FOB origem, 2,9% acima dos de janeiro/2022 e 14,1% superiores aos de fevereiro/2021 (US$ 248,84 por tonelada). Ao se considerar o dólar médio de R$ 5,19 em fevereiro/2022, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.473,53 por tonelada FOB, 9,2% a mais que em fevereiro/2021. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.