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08/Mar/2022

Tendência de alta externa deverá chegar ao Brasil

O mercado internacional está apreensivo com o impacto das restrições de exportações de trigo pela Ucrânia e Rússia, devido aos desdobramentos da guerra. As atividades nos portos da Ucrânia foram paralisadas desde o início do conflito, e o plantio da próxima safra no país pode ser prejudicado e/ou impossibilitado. Com isso, as cotações em bolsas de futuros norte-americanas continuam em forte alta, atingindo patamares recordes. Na Argentina, os preços também tiveram reações expressivas. Assim, é de se esperar que, no Brasil, os valores também tenham reajustes ao longo das próximas semanas. Por enquanto, o volume de novos negócios é limitado no mercado interno, diante das incertezas quanto à tendência futura. Nos Estados Unidos, os preços futuros subiram com tanta força, que registraram limites de alta diários. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2022 do Soft Red Winter registra valorização de significativos 59,9% nos últimos sete dias, saindo de US$ 8,43 por bushel para US$ 13,48 por bushel (US$ 495,31 por tonelada), um recorde. Na parcial deste ano, o aumento é de 74,9%.

Na Bolsa de Kansas, o vencimento Mar/2022 do trigo Hard Winter tem avanço de 35,4% nos últimos sete dias, saindo de US$ 8,86 por bushel para US$ 12,00 por bushel (US$ 441,20 por tonelada), o maior valor desde fevereiro de 2008. No ano, a elevação é de 49,8%. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires apresentam avanço expressivo de 18,1%, a US$ 425,00 por tonelada, um recorde. Para o Brasil, as reações ainda são menos expressivas, diante da baixa liquidez, mas é de se esperar que as cotações do cereal subam e que estes reajustes sejam repassados aos derivados. Como o maior fornecedor de trigo ao Brasil é a Argentina, não há demonstrações de problemas com o abastecimento, até o momento. Porém, em termos de paridade, a desvalorização do dólar frente ao Real não deverá ser suficiente para pressionar a paridade de exportação e eliminar o impacto dos maiores preços externos.

Tomando-se como base dados da Companhia Nacional (Conab), de 21 a 25 de fevereiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 312,92 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,08, o cereal importado era negociado a R$ 1.591,47 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média maior, de R$ 1.715,52 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 293,30 por tonelada, o equivalente a R$ 1.491,64 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.591,10 por tonelada na média do Estado. Observa-se, portanto, que as paridades estavam muito inferiores aos patamares atuais de preços na Argentina, o que deverá afetar as novas compras do produto e o custo para o importador. No mercado spot brasileiro, nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram alta de 5,77% no Rio Grande do Sul, 5,21% no Paraná e 0,54% em Santa Catarina.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços têm avanço de 4,84% no Rio Grande do Sul, 3,18% em São Paulo, 2,96% em Santa Catarina e 1,63% no Paraná. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 24 de fevereiro, as exportações norte-americanas de trigo da safra 2021/2022 somavam 15,48 milhões de toneladas, 14,6% inferior ao volume escoado no mesmo período do ano passado. Na semana do dia 24 de fevereiro, especificamente, foram exportadas 406,13 mil toneladas, quantidade 28,8% menor que na semana anterior (570,85 mil toneladas), mas 15,5% acima da registrada em período equivalente de 2021 (de 343,00 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Filipinas (67,74 mil toneladas), México (65,96 mil toneladas) e Nigéria (52,59 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.