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03/Mar/2022

Tendência é de alta para os preços globais do trigo

Agentes do setor tritícola nacional estão tentando entender e absorver os impactos atuais e futuros da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre os mercados de grãos e cereais. No caso do trigo, os dois países estão entre os maiores produtores mundiais, mas com relevância ainda mais expressiva na oferta de excedentes para transações externas. Diante disso, os preços internacionais do cereal estão apresentando reações expressivas, o que, certamente, deve trazer reflexos sobre os valores de negociação no Brasil e em países vizinhos ao longo das próximas semanas. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Rússia é a quarta maior produtora mundial de trigo, com participação média de 10,3% nas últimas cinco safras, e a Ucrânia, o sétimo maior país produtor, com média de 3,7% da oferta mundial entre 2017/2018 e 2021/2022. Porém, esses países possuem pequeno consumo e, portanto, expressivo excedente, se enquadrando, respectivamente, como o segundo e o quarto maiores exportadores mundiais de trigo, somando 29,1% das transações externas dos últimos cinco anos-safras.

Assim, a redução da disponibilidade do cereal neste momento é algo que preocupa agentes globais, uma vez que a nova safra no Hemisfério Norte deverá ter início de cultivo somente em abril, para a safra de primavera. Nos Estados Unidos, o contrato Março/2022 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago teve alta significativa de 25,7% nos últimos sete dias, cotado a US$ 10,01 por bushel (US$ 368,08 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter teve avanço de 21,2% no mesmo período, a US$ 10,12 por bushel (US$ 371,85 por tonelada). Esses valores são os mais altos desde agosto de 2012, em termos nominais. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registraram aumento expressivo de 34,2% nos últimos sete dias, a US$ 360,00 por tonelada. No Brasil, por um lado, os produtores entendem que as reações positivas de preços podem ser um fator atrativo para a nova safra, a ser cultivada a partir de abril e maio. Porém, há preocupações com a disponibilidade de insumos, em especial os fertilizantes.

De outro lado, os moinhos seguem atentos às expressivas reações de preços em bolsas de futuros e mesmo na Argentina, o que deverá elevar o custo da importação brasileira. Por enquanto, os preços no mercado doméstico ainda não foram influenciados pela alta internacional, mas estes devem seguir sustentados pelo conflito e pela moeda norte-americana, que voltou a se valorizar. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram avanço de 0,3% no Rio Grande do Sul e de 0,16% em Santa Catarina, mas queda de 0,17% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 0,46% no Paraná, baixa de 0,17% em Santa Catarina e apresentam estabilidade no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Em fevereiro, as médias mensais superaram as de janeiro, em 2,1% em Santa Catarina, em 1,5% no Paraná, em 0,7% em São Paulo e em 0,6% no Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de fevereiro, foram exportadas 550,75 mil toneladas de trigo.

Esse volume é bem maior que toda a quantidade embarcada em fevereiro do ano passado (121,33 mil toneladas). Os dados consolidados de fevereiro devem ser divulgados nesta quinta-feira (03/02). As importações de trigo, na parcial de fevereiro, somavam 294,32 mil toneladas, contra 449,90 mil toneladas em fevereiro de 2021. Os preços de importação registram média de US$ 281,50 por tonelada FOB origem, 13,1% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 248,80 por tonelada). Na última semana, o Departamento de Agricultura dos estados Unidos (USDA) divulgou previsões para a safra 2022/2023 dos Estados Unidos, com expectativas de maior área cultivada. A área total do cereal deverá ser de 19,43 milhões de hectares, alta de 2,8% em comparação a 2021/2022 e a maior área desde a temporada 2016/2017. A produção está estimada em 52,8 milhões de toneladas, 17,9% superior à safra anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.