08/Fev/2022
Neste começo de fevereiro, a taxa de câmbio e os preços externos pressionam as cotações domésticas em algumas regiões, devido à queda na paridade de exportação. Ainda assim, estimativas oficiais sinalizam demandas doméstica e externa firmes, o que tende a sustentar os valores nacionais. No caso da demanda interna, mesmo com a produção nacional sendo recorde, de 7,8 milhões de toneladas, as importações estão elevadas, acima de seis milhões de toneladas na soma dos últimos 12 meses. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 0,32% em Santa Catarina e de 0,15% no Paraná, mas queda de 0,39% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 0,88% no Rio Grande do Sul e 0,59% em Santa Catarina. Em São Paulo e no Paraná, as desvalorizações são de 0,67% e de 0,49%, respectivamente.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontaram que, em janeiro/2022, o Brasil exportou 648,1 mil toneladas de trigo, se caracterizando como o segundo maior volume mensal já embarcado na série, iniciada em janeiro/1996, abaixo apenas do volume de março/2011 (de 763,7 mil toneladas). Além disso, também foi o segundo maior valor de superávit comercial mensal nas transações de trigo, de US$ 52,6 milhões, perdendo apenas para o maio/2011 (US$ 75,6 milhões). Vale considerar que, desde janeiro/1996, a balança comercial do trigo foi superavitária em apenas quatro meses, sendo que dois deles foram em dezembro/2021 e janeiro/2022. Nos últimos 12 meses, por exemplo, o déficit foi de US$ 1,26 bilhão. Entre fevereiro/2021 e janeiro/2022, as exportações somaram 1,38 milhão de toneladas, o maior volume em seis anos (desde janeiro/2016). Do lado das importações, em janeiro/2022, chegaram aos portos brasileiros 501,55 mil toneladas de trigo, elevação de 13,1% sobre o mês anterior, mas baixa de 22,1% frente a janeiro/2021.
Do total importado pelo Brasil, 85,4% vieram da Argentina; 6,1%, do Uruguai; 4,7%, do Paraguai; 3,8%, dos Estados Unidos; e 0,01%, da França e da China. Em 12 meses, o volume importado totaliza 6,1 milhões de toneladas. Os preços de importação registraram média de US$ 275,86 por tonelada FOB origem, 3,2% abaixo dos de dezembro/2021, mas 14,7% superiores aos de janeiro/2021 (US$ 240,58 por tonelada). Ao se considerar o dólar médio de R$ 5,52 em janeiro/2022, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.524,66 por tonelada FOB, 18,3% a mais que em janeiro/2021. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 307,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Março/2022 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra recuo de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 7,63 por bushel (US$ 280,45 por tonelada).
Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta baixa de 2,1%, a US$ 7,85 por bushel (US$ 288,71 por tonelada). Os valores estão sendo pressionados pela menor tensão entre Rússia e Ucrânia, pela desvalorização do milho no mercado externo, substituto do trigo na alimentação animal, e pelo menor volume de trigo exportado pelos Estados Unidos. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 27 de janeiro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2021/2022) somavam 13,59 milhões de toneladas, 17,9% inferior ao volume escoado no mesmo período de 2021. Na semana do dia 27 de janeiro, especificamente, foram exportadas 361,37 mil toneladas, quantidade 12,07% menor que na semana anterior (411,01 mil toneladas) e 12,7% abaixo do registrado em período equivalente de 2021 (de 414,25 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Japão (119,52 mil toneladas), Colômbia (65,84 mil toneladas) e Tailândia (55,35 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.