01/Fev/2022
Os preços do trigo continuam firmes no Brasil, mesmo com a pressão causada pela queda da taxa de câmbio. A sustentação segue atrelada aos maiores preços externos, que mantêm a paridade de importação elevada. Nos últimos dias, os valores da paridade e do mercado interno se aproximaram ainda mais. Enquanto isso, o ritmo de vendas domésticas, especialmente no Paraná, segue alinhado ao observado em anos anteriores. Em 2021, o Brasil colheu a maior safra de trigo da história, com crescimento de 23,2% frente à anterior. No Paraná, por sua vez, a oferta foi a quarta maior já registrada, 3,8% acima da de 2020. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 88,6% da produção de 2021 já havia sido comercializada pelos produtores até o dia 27 de janeiro.
Esse volume representa 2,8 milhões de toneladas, maior que o observado no mesmo período de 2021 e acima da média dos últimos cinco anos. Das 3,2 milhões de toneladas produzidas no Paraná, 65% foram classificados como tipo 1 (melhor qualidade); 22%, como tipo 2; 10%, como tipo 3; e 4% estão fora de tipo. Nos últimos sete dias, os valores pagos ao produtor registram avanço de 0,38% no Rio Grande do Sul e de 0,29% em Santa Catarina, com estabilidade no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam avanço de 0,81% no Paraná, 0,60% em Santa Catarina, 0,58% em São Paulo e 0,57% no Rio Grande do Sul. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 17 a 21 de janeiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 307,82 por tonelada para o produto posto no Paraná.
Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,47, o cereal importado era negociado a R$ 1.685,54 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.683,75 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 288,64 por tonelada, o equivalente a R$ 1.580,53 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.603,54 por tonelada na média do Estado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de janeiro, as importações de trigo tiveram média diária de 21,64 mil toneladas, contra 32,21 mil toneladas no mesmo mês de 2021, redução de 32,8%. Na parcial do mês, o volume importado soma 324,64 mil toneladas, maior que em dezembro/2021 (291,08 mil toneladas), mas menor que em janeiro/2021 (664,15 mil toneladas). Os preços de importação registram média de US$ 271,50 por tonelada FOB origem, 12,9% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 240,60 por tonelada).
Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram avanço de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 308,00 por tonelada. Em relação à safra argentina, a produção da temporada 2021//2022 está estimada em 21,8 milhões de toneladas, um recorde, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 1,3 milhão acima do divulgado anteriormente. Com isso, a exportação da Argentina (grão + farinha) foi elevada para 15,2 milhões de toneladas. Para o Brasil, a projeção é de que a Argentina embarque 6 milhões de toneladas do grão (sem incluir farinhas). Nos Estados Unidos, o contrato Março/2022 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta alta de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 7,86 por bushel (US$ 288,90 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter tem avanço de 1,1% no mesmo comparativo, a US$ 8,02 por bushel (US$ 294,78 por tonelada).
Os valores seguem em alta, influenciados pelo clima seco nas Grandes Planícies Norte-Americanas, além da possibilidade de a Rússia continuar impondo cotas para a exportação de trigo do país. De acordo com o USDA, até o dia 20 de janeiro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2021/2022) somavam 13,22 milhões de toneladas, 18,1% inferior ao volume escoado no mesmo período do ano passado. Na semana do dia 20 de janeiro, especificamente, foram exportadas 400,97 mil toneladas, quantidade 4,3% maior que na semana anterior (384,29 mil toneladas); porém, 29,8% abaixo do registrado em período equivalente de 2021 (de 571,67 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos foram Filipinas (123,09 mil toneladas), Nigéria (50,25 mil toneladas) e Etiópia (40,00 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.