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18/Jan/2022

Tendência de preços firmes no mercado doméstico

Os preços do trigo em grão estão firmes em patamares elevados no mercado interno neste período de entressafra. De modo geral, esse cenário é observado mesmo com o recuo internacional. Vale considerar que, em parte das regiões produtoras, como o trigo concorre com o milho de 2ª safra, é preciso manter a atratividade ao produtor, para que a área com trigo não perca espaço em relação a 2021. A liquidez ainda está abaixo do esperado por alguns agentes, mas há sinais de recuperação nas transações dos derivados, como no caso do farelo de trigo. Mesmo assim, as cotações do grão seguem em patamares elevados, em termos reais. Em São Paulo, o preço do trigo no mercado disponível é o maior desde maio/2020, e nos demais Estados, desde abril/2021. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 1,26% em Santa Catarina, 0,82% no Rio Grande do Sul e 0,08% no Paraná.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 3,19% no Rio Grande do Sul, 2,43% em Santa Catarina, 0,26% no Paraná e 0,15% em São Paulo. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 2% nos últimos sete dias, a US$ 300,00 por tonelada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita de trigo foi finalizada no país. Nos Estados Unidos, o contrato Março/2022 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra baixa de 2,2% nos últimos sete dias, a US$ 7,41 por bushel (US$ 272,45 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta recuo de 3,9%, a US$ 7,45 por bushel (US$ 273,74 por tonelada). Os valores estão sendo pressionados pelas informações divulgadas no último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que indicaram aumento na projeção da produção mundial e menor volume exportado pelos Estados Unidos.

Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na semana passada apontaram menores produção e produtividade frente ao divulgado em dezembro. A baixa está atrelada às adversidades climáticas que prejudicaram o desenvolvimento do grão. Apesar disso, os dados ainda são maiores que os registrados em 2020. A produção foi estimada em 7,68 milhões de toneladas, queda de 1,7% frente ao relatório de dezembro, mas expressiva elevação de 23,2% em relação à safra anterior. A área nacional cresceu 17,0% sobre a da temporada 2020, atingindo 2,73 milhões de hectares. A produtividade foi estimada em 2,803 toneladas por hectare, 2,3% abaixo do relatório anterior, porém, 5,3% superior à da safra passada (2,663 toneladas por hectare). A disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) foi estimada em 14,33 milhões de toneladas, 11,3% acima da safra anterior. Do lado da demanda, a estimativa de consumo interno é de 12,54 milhões de toneladas, 5,5% maior que na última temporada.

A exportação brasileira de trigo entre agosto/2021 e julho/2022 foi elevada para 1,5 milhão de toneladas, justificada pela maior aceitação do cereal com menor PH em outros países, além da alta do câmbio. A estimativa para a importação no mesmo período aumentou para 6,5 milhões de toneladas. Assim, o estoque final, em julho/2022, foi reduzido para 276,5 mil toneladas, contra 146,9 mil toneladas estimadas em julho/2021. Em termos mundiais, o USDA, em relatório divulgado em janeiro, elevou em 0,1% a estimativa de produção global da safra de trigo 2021/2022 frente aos dados indicados em dezembro. Frente à temporada anterior, o aumento deve ser de 0,4%. Agora, a produção está apontada em 778,6 milhões de toneladas, principalmente devido ao maior volume da Argentina. O crescimento na Argentina foi de 2,5% frente a dezembro, a 20,5 milhões de toneladas, sendo 16,2% superior à safra de 2020/2021.

Quanto ao consumo, passou para 787,47 milhões de toneladas em janeiro, queda de 0,2% sobre os dados de dezembro, em decorrência de menor uso na alimentação animal. No entanto, ainda deve ser 0,6% maior que em 2020/2021. Os estoques mundiais devem totalizar 279,95 milhões de toneladas, aumento de 0,6% frente ao relatório de dezembro, mas 3,1% menor que na safra 2020/2021 e o mais baixo desde 2016/2017. A relação estoque/consumo melhorou, saindo de 35,2% para 35,6%. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê 206,69 milhões de toneladas transacionadas, 0,1% inferior ao relatório passado, principalmente com redução da Rússia e dos Estados Unidos; porém, 4,4% maior em comparação à safra anterior. Vale ressaltar que, apesar da menor exportação mundial, a Argentina aumentou o volume exportado em 1 milhão de toneladas, atingindo 14 milhões de toneladas na safra. Porém, a Rússia diminuiu as exportações, que devem ser de 35 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.