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06/Dez/2021

Tendência é de preços sustentados para trigo grão

A negociação de trigo no spot está desacelerando nas principais regiões produtoras, após período de fluxo intenso de negócios. Parte do menor ritmo de efetivação de novos contratos deve-se à proximidade do recesso de fim de ano, adotado pela maior parte da indústria moageira. Mesmo com a menor liquidez, os preços se mantêm estáveis, em patamares considerados firmes para o período da safra, tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul. Em ambos os Estados, a colheita está na reta final. No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), os preços firmes vistos ao longo de novembro, em plena safra, superaram em 16% as cotações observadas em igual período do ano passado. Os preços têm se mantido desde agosto na ordem de R$ 87,00 por saca de 60 Kg no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Mesmo com essa sustentação, o mercado local está mais favorável que o argentino, que, por sua vez, está mais favorável em relação ao cereal de outras origens.

Na região dos Campos Gerais, apenas lotes pontuais de trigo são comercializados. Há registro de negócios pontuais a R$ 1.650,00 por tonelada, para o cereal colocado em moinho da região de Ponta Grossa com entrega imediata e pagamento em 30 dias. As indústrias que estão bem compradas oferecem este preço. Para liberar grandes lotes, o produtor indica entre R$ 1.700,00 e R$ 1.750,00 por tonelada FOB, para embarque imediato e pagamento em 30 dias. Há, ainda, moinhos que oferecem pagamento só em janeiro. Com a comercialização patinando, os preços se mantêm estáveis nos últimos 10 dias. A cotação do trigo veio subindo em plena safra (a colheita já se encerrou no Estado), num ano atípico para a cultura. O preço internacional subiu bastante e o produtor capitalizado liberou poucos lotes. Além disso, a produtividade foi afetada por causa de chuva e geada.

No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, o fechamento de novos contratos também é mais esporádico. As indicações de compra estão na média de R$ 1.580,00 por tonelada FOB, para entrega imediata e pagamento no fim de janeiro para cereal tipo pão com PH 78, valor estável nos últimos sete dias. Os moinhos estão abastecidos até o fim do ano e, por isso, pouco ativos na mesa de negócios. Há apenas interesse em compras de lotes para o próximo ano. O movimento forte de compras visto nas semanas anteriores deve-se à baixa antecipação das aquisições, já que a indústria esperava uma possível queda no preço do produto. Hoje, as indicações de vendedores no disponível estão altas. Ainda tem trigo para ser comercializado, mas um bom volume já foi para exportação e para indústria de ração. Com as atuais cotações de soja e milho, o produtor tende a optar por se desfazer de cargas e liberar estoques de trigo para armazenagem de milho e soja, a fim de especular preços.

A estimativa é de que não há muito volume para ser comercializado, até porque granjas e indústrias também compraram bastante para proteína. Os moinhos correm o risco de ficar sem trigo disponível para compras mais à frente, com exceção dos que têm estoques alongados. Pode haver alguma pressão de venda em janeiro e fevereiro. Mas, o preço não deve cair muito, já que o trigo importado da Argentina está cotado, hoje, a R$ 2.070,00 por tonelada. Porém, em janeiro e fevereiro a logística no Paraná começa a ficar complicada para o trigo, por causa da colheita de soja e do milho safra de verão (1ª safra 2021/2022). O Sindicato da Indústria do Trigo avalia que a conjuntura não indica arrefecimento dos preços no FOB. Lotes de qualidade superior variam de R$ 1.600 a R$ 1700 por tonelada FOB. A percepção é de que o viés de alta é maior que o de estabilidade ou de pressão para queda, porque a produção ficou aquém da necessidade de moagem.

Cerca de 60% do cereal de qualidade superior para panificação já deve ter sido comercializado. Uma eventual alta de preços e maior necessidade de trigo por moinhos deve ficar mais explícita a partir de meados de fevereiro e março, já que a maioria da indústria está abastecida até lá. Embora os preços locais estejam elevados na comparação com o período de pico da comercialização da temporada anterior, o cereal nacional ainda permanece com a paridade superior ao do importado. O trigo argentino é ofertado em torno de US$ 300,00 por tonelada colocada no interior do Paraná, aproximadamente R$ 2.000,00 por tonelada. Há viés de alta que fornece espaço para esse cereal aumentar US$ 30,00 por tonelada até janeiro e o Brasil terá de importar muito trigo. É uma conjuntura complexa. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.