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17/Nov/2021

Tendência de preços firmes com vendedor recuado

A colheita de trigo no País já se aproxima do fim, e estimativas oficiais divulgadas na semana passada indicaram reajustes negativos para as ofertas brasileira e mundial. No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) diminuiu a produtividade esperada em vários Estados, com destaque para o Paraná e o Rio Grande do Sul. Em termos globais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também reduziu as estimativas de produção, o que, por sua vez, pode levar os estoques de passagem em 2021/2022 para os menores volumes desde 2015/2016. Esse cenário afastou muitos vendedores do mercado spot brasileiro e mantém os preços de comercialização do cereal firmes, especialmente no Paraná. No Rio Grande do Sul, o avanço da colheita ainda pressiona os valores do trigo. Nos últimos sete dias, o preço no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registra recuo de 3,44% no Rio Grande do Sul e de 0,15% no Paraná.

Em Santa Catarina, o preço acumula avanço de 0,74%. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 1,23% em São Paulo e de 0,13% no Paraná, com estabilidades em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A Conab reduziu a estimativa de produtividade da safra de trigo no Brasil, devido aos impactos de geadas e seca durante o desenvolvimento da cultura, agora estimada em 2,832 toneladas por hectare, 6,4% abaixo do relatório anterior, mas ainda 6% superior à de 2020. A área com o cereal cresceu 16% sobre a temporada anterior, para 2,715 milhões de hectares. Com isso, a produção ficou estimada em 7,68 milhões de toneladas, queda de 6,1% frente ao relatório de outubro, porém, forte aumento de 23,3% em comparação à temporada anterior (6,23 milhões de toneladas). No relatório de novembro, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) foi estimada em 14,035 milhões de toneladas, 9,1% acima da safra anterior.

Do lado da demanda, a estimativa de consumo interno continuou em 12,34 milhões de toneladas, 3,76% maior que na última temporada. A exportação entre agosto/2021 e julho/2022 permaneceu estimada em 900 mil toneladas, mas, com a redução da expectativa da produção nacional, a importação foi elevada para 6,2 milhões de toneladas. Assim, o estoque final, em julho/2022, foi novamente reduzido e deverá ser de 789 mil toneladas, ainda expressivamente superior às 146,9 mil toneladas estimadas para julho/2021. Em termos mundiais, o USDA, em relatório divulgado em novembro, reduziu em 0,1% a estimativa de produção global da safra de trigo 2021/2022 frente aos dados indicados em outubro, agora apontada em 775,27 milhões de toneladas, principalmente em decorrência das menores produções na União Europeia, Reino Unido e Turquia, apesar de um aumento na Rússia. Ainda assim, a produção global deverá ser 0,1% superior à temporada anterior. Para a Rússia, há elevação na estimativa de produção em comparação ao relatório de outubro, atingindo 74,5 milhões de toneladas.

Apesar disso, ainda é expressivamente inferior (12,7%) à da safra passada (85,35 milhões de toneladas). Quanto ao consumo, há leve alta em comparação ao relatório anterior, passando de 787,05 milhões de toneladas para 787,42 milhões de toneladas, o que representa acréscimo de 0,7% entre 2020/2021 e 2021/2022. Os estoques mundiais recuaram 0,5% frente ao relatório de outubro e 4,2% em relação aos da safra 2020/2021, com um volume de 275,80 milhões de toneladas, ainda o menor desde 2016/2017. Assim, a relação estoque/consumo piorou, saindo de 35,2% para 35%, a menor desde 2015/2016. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê 205,008 milhões de toneladas transacionadas, elevações de 1,6% em comparação ao relatório passado e de 3,5% da safra anterior, com reajustes de maiores volumes da União Europeia, Rússia e Índia.

Os maiores exportadores permanecem sendo a União Europeia (36,5 milhões de toneladas) e a Rússia (36 milhões de toneladas). Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra alta expressiva de 6,6% nos últimos sete dias, a US$ 8,17 por bushel (US$ 300,20 por tonelada), o valor mais alto desde 2012. Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta avanço de 7% no período, a US$ 8,33 por bushel (US$ 306,08 por tonelada). A alta dos preços está relacionada à menor oferta mundial do cereal e à desvalorização do dólar, que atrai compradores aos Estados Unidos. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram aumento de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 315,00 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.