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09/Nov/2021

Tendência de preços firmes para o trigo no Brasil

A colheita de trigo segue de forma satisfatória no Brasil. Com pouco mais da metade da área já colhida, agentes indicam que é bem provável que a produção atinja o recorde estimado para esta safra. E a qualidade do cereal está boa. Mesmo com esse cenário, as importações do trigo seguem firmes, o que vem aumentando a disponibilidade interna. Assim, caso uma parte dessa quantidade colhida no Brasil não seja exportada, os estoques finais, em meados de 2022, podem ser elevados. O que se verifica é que a maior parte dos produtores tem armazenado o cereal de maior qualidade, no intuito de negociá-lo no início do próximo ano, na expectativa de preços maiores. Do lado comprador, muitos estão à espera de queda nos valores, fundamentados na colheita recorde, e os mais ativos no mercado acabam importando o cereal. No campo, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, até o dia 30 de outubro, 58,6% da safra de trigo havia sido colhida no País, avanço semanal de 12,7%.

As atividades estão ocorrendo em São Paulo (95%), no Paraná (82%), em Santa Catarina (36,4%) e no Rio Grande do Sul (28%) e já foram finalizadas em Minas Gerais, Goiás e Bahia. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, até o dia 4 de novembro, a colheita havia alcançado 48% da área, progresso semanal de 20%, favorecido pelo clima. Apesar disso, as atividades ainda estão abaixo do verificado no mesmo período de 2020, quando 76% das lavouras já haviam sido colhidas. Das lavouras que estão no campo, 40% estão em maturação e 12%, em enchimento de grãos. Dados divulgados pela Conab em outubro apontavam safra nacional de 8,2 milhões de toneladas e importações (de agosto/2021 a julho/2022) de 6 milhões de toneladas. As importações nos últimos 12 meses somam 6 milhões de toneladas, das quais 5,4 milhões chegaram em 2021 e 517,5 mil toneladas somente em outubro/21. O volume do mês passado é superior às 508,57 mil toneladas de outubro/2020.

Em relação ao preço de importação, a média de outubro/2021 esteve em US$ 277,30 por tonelada FOB origem, 21,59% acima da registrada no mesmo mês de 2020 (de US$ 228,10 por tonelada). Mesmo com a boa colheita e importações elevadas, no mercado interno, as cotações seguem firmes, também sustentadas pela paridade de importação. Nos últimos sete dias, os preços pagos ao produtor registram alta de 1,38% em Santa Catarina, 0,36% no Rio Grande do Sul e de 0,06% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam avanço de 1,03% no Paraná, 0,69% em São Paulo, 0,52% em Santa Catarina e 0,42% no Rio Grande do Sul. Em relação à fixação de preços, informações do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) demonstraram que, até o final de outubro, apenas 36% (1,1 milhão de toneladas) da atual safra paranaense já estava com preço fixado, contra 47% na temporada anterior. Por um lado, isso se deve ao fato de alguns produtores estarem capitalizados, e, por outro, é importante lembrar que o volume da temporada atual é bem superior ao de 2020.

Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra recuo de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 7,66 por bushel (US$ 281,64 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta recuo de 0,9% no mesmo período, a US$ 7,78 por bushel (US$ 286,14 por tonelada). A baixa dos preços está relacionada à desvalorização do milho, substituto na alimentação animal, e à expectativa de que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indique maior estoque nos Estados Unidos em relatório que será divulgado nesta terça-feira (09/11). De acordo com o USDA, até o dia 28 de outubro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2021/2022) somavam 9,65 milhões de toneladas, volume 15,3% inferior ao escoado no mesmo período do ano passado. Na semana do dia 28 de outubro, especificamente, foram exportadas 115,34 mil toneladas, quantidade menor que a semana anterior (197,48 mil toneladas) e 63,19% abaixo da registrada em período equivalente de 2020 (de 313,35 mil toneladas).

Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram México (30,14 mil toneladas), Honduras (23,40 mil toneladas) e Jamaica (22,48 mil toneladas). O USDA também indicou que a semeadura do trigo de inverno havia atingido 87% da área até o dia 31 de outubro, apenas 1% abaixo do observado no mesmo período da temporada anterior e 1% superior à média dos últimos cinco anos. Do total, 67% já emergiram. Em relação às condições das lavouras, 45% estão boas/excelentes, 34%, regulares e 21%, ruins/muito ruins. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram aumento de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 314,00 por tonelada. Segundo informações da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 3 de novembro, a colheita de trigo havia alcançado 10,5% da área, avanço de 3,8% na semana. Quanto às condições das lavouras, 46% estão excelentes/boas; 37%, normais; e 17%, em situação ruim. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.