ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

26/Out/2021

Tendência de preço sustentado pelo alta do dólar

Apesar de este ser um período de colheita e da chegada de uma possível safra recorde, os preços do trigo estão firmes no Brasil nos últimos dias. A sustentação vem especialmente do aumento da paridade de importação, devido à valorização do dólar frente ao Real, e da alta nos valores externos do cereal. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 11 a 15 de outubro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 313,71 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,50, o cereal importado era o equivalente a R$ 1.726,24 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média menor, de R$ 1.572,03 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 294,22 por tonelada, o equivalente a R$ 1.618,98 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.464,73 por tonelada na média do Estado.

Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram elevação de 1,36% no Rio Grande do Sul, de 0,85% em Santa Catarina e de 0,39% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam recuo de 1,24% em Santa Catarina e 0,42% em São Paulo. No Rio Grande do Sul e no Paraná, há valorização de 0,69% e de 0,07%, respectivamente. Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta avanço de 3% nos últimos sete dias, a US$ 7,56 por bushel (US$ 277,78 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra alta de 4,1% no mesmo período, a US$ 7,74 por bushel (US$ 284,40 por tonelada). A alta dos preços internacionais, por sua vez, é influenciada pela expectativa de menor oferta global do cereal. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram baixa de 1% nos últimos sete dias, a US$ 298,00 por tonelada.

No geral, a liquidez segue baixa no Brasil, com as atenções voltadas à colheita, que tem sido interrompida por chuvas, sobretudo no Rio Grande do Sul. Além disso, alguns agentes estão preocupados com a baixa qualidade de parte do cereal colhido. Muitos produtores também estão afastados do mercado, na expectava de preços maiores, fundamentados na valorização do dólar. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro, as importações de trigo tiveram média diária de 25,54 mil toneladas, contra 25,42 mil toneladas no mesmo mês de 2020, elevação de apenas 0,47%. Os preços de importação registram média de US$ 273,60 por tonelada FOB origem, 19,97% acima dos verificados no mesmo período de 2020 (US$ 228,10 por tonelada). A Emater-RS sinalizou que, até 21 de outubro, a colheita no Rio Grande do Sul havia alcançado 9% da área, avanço de 4% na semana, mas com as atividades sendo limitadas por precipitações e, em alguns casos, por ventos e granizo. No mesmo período da temporada passada, a colheita já estava em 34% da área.

Em relação ao desenvolvimento, 51% estão em maturação; 35%, em enchimento de grãos; e 5%, em floração. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), apesar de as atividades de campo terem sido prejudicadas por chuvas nas últimas semanas, até o dia 18 de outubro, 74% da área do Paraná havia sido colhida, sendo que, das lavouras no campo, 74% estavam em maturação; 25%, em frutificação; e 1%, em floração. Algumas lavouras apresentam acamamento e menor peso dos grãos, visto que foram atingidas por ventos e precipitações, o que deve reduzir a produtividade. Em contrapartida, em Santa Catarina, segundo Epagri/Cepa, as estimativas para a safra 2021/2022 foram novamente revisadas positivamente, com aumento da área destinada ao cereal no Estado, alta de 74% em comparação à safra anterior, e produtividade 16% superior ao mesmo período, atingindo 3.419 quilos por hectare.

Assim, a estimativa da produção também teve alteração positiva em comparação ao relatório de setembro, agora indicada em 348 mil toneladas, a maior produção do estado na última década, volume expressivamente maior (102%) que o da temporada 2020/2021, que foi de 172 mil toneladas. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até 20 de outubro, a colheita de trigo na Argentina havia alcançado 3% da área no País. Em relação às condições das lavouras, 44% estão excelentes/boas; 31%, normais; e 25%, em situação ruim. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a semeadura do trigo de inverno no país havia atingido 70% da área até o dia 17 de outubro, abaixo do mesmo período da temporada anterior (76%) e da média dos últimos cinco anos (71%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.