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21/Set/2021

Comercialização de trigo limitada com nova safra

A proximidade da entrada de trigo da safra nova no mercado nacional nos próximos dias limita a comercialização do cereal tanto no spot quanto no futuro. Os produtores estão focados no desenvolvimento das lavouras e na preparação para a colheita e moinhos esperam uma queda nos preços com o avanço dos trabalhos de campo. A negociação evolui aos poucos, mas em ritmo menor do que o observado em igual período de temporadas anteriores. Em contrapartida, apesar da baixa liquidez, os preços se mantêm estáveis. No Paraná, na região de Curitiba, os moinhos adquirem cereal pontualmente e apenas produtores com necessidade de capitalização imediata liberam lotes. A indústria moageira continua administrando estoques e a chegada de trigo importado da Argentina e do Paraguai.

A retração deve-se também ao fato de os produtores estarem capitalizados, o que reduz a necessidade de venda imediata. Em anos anteriores, a comercialização estava forte neste período, independentemente da safra colhida ou não. O baixo volume de cereal disponível no mercado também contribui para o enfraquecimento dos negócios. Em praticamente todas as regiões do Estado está chovendo, o que atrapalhou os trabalhos de campo. A desta semana, a situação deve se normalizar e a colheita vai avançar. O mercado deve ganhar fôlego na virada de setembro para outubro. A partir de outubro, o mercado deve chegar em nível de negócios próximo da normalidade. Na região de Ponta Grosso, os moinhos indicam R$ 1.600,00 por tonelada para cereal da safra nova CIF, para entrega em setembro.

Os produtores indicam de R$ 1.600,00 a R$ 1.700,00 por tonelada FOB, o que representa um custo adicional de R$ 60,00 a R$ 80,00 por tonelada de frete para o comprador. Os produtores esperam que os preços se mantenham pelo patamar atual de câmbio e pela produção menor que o esperado em países como Rússia, Canadá e França. O trigo da Argentina, de contratos fechados previamente, chega no Estado entre US$ 305,00 e US$ 320,00 por tonelada (acima de R$ 1.600,00 por tonelada). Contudo, não há aquisição de novos lotes diante da expectativa dos moinhos de que o cereal argentino recuará no fim do ano com a forte colheita em novembro e dezembro. Para entrega em outubro, os moinhos indicam R$ 1.450,00 por tonelada CIF. Do lado dos produtores, as incertezas com o câmbio, clima e volume e a qualidade do cereal a serem colhidos afastam estes agentes da venda antecipada. O produtor está em boa condição financeira e, por isso, vai acompanhando o mercado e segurando os lotes.

No Rio Grande do Sul, o cenário se repete, com a indústria moageira aguardando a entrada do cereal da safra 2020/2021, que deve ser colhido no Estado a partir da segunda quinzena de outubro. Ainda tem cereal da temporada anterior disponível no mercado e não há movimento de compra. Os moinhos indicam entre R$ 1.520,00 e R$ 1.530,00 por tonelada CIF base Canoas, para entrega imediata ou dentro deste mês. Os produtores indicam o mesmo valor no FOB. A menor paridade do cereal argentino ante o local, que está com preços mais atrativos para a indústria moageira, também tem travado a comercialização.

O cereal argentino, por sua vez, chega ao Estado a R$ 1.680,00 por tonelada colocada no Porto de Rio Grande, considerando o dólar a R$ 5,29. Essa disparidade está estreita, o que diminui a competitividade do trigo do Rio Grande do Sul. Para entrega futura, não há referência de valores de compra e venda para o mercado interno. Os players estão aguardando a colheita para precificar os lotes. Os produtores querem começar a colher. Os moinhos não têm interesse em adquirir mais lotes, em virtude dos patamares elevados. Para exportação, tradings indicam R$ 1.470,00 por tonelada CIF no Porto de Rio Grande, para embarque em novembro e dezembro e pagamento em janeiro.

Esse preço não atrai o produtor porque seria equivalente a R$ 1.370,00 por tonelada FOB. Assim como no Paraná, o mercado deve se aquecer a partir de outubro, com necessidade da indústria moageira de repor e alongar estoques. No ano passado, nesse período, os moinhos estavam entre 35% e 40% de negócios antecipados. Somado a isso, observa-se uma recuperação das vendas de farinha, mesmo com valores reajustados. A incógnita segue sendo a colheita. Houve perdas expressivas no potencial produtivo de importantes regiões produtoras diante da estiagem, como as Missões. Algumas localidades tiveram 52 dias de seca. Haverá regiões com boa produção e outras muito ruins. As chuvas recentes não recuperaram totalmente as lavouras. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.