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14/Set/2021

Tendência de sustentação para os preços do trigo

A colheita da nova safra de trigo no Brasil se inicia com certo otimismo. As expectativas são de produtividades recordes em dois dos principais Estados produtores, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Paraná, o rendimento, embora não atinja recorde, também deve crescer frente ao de 2020. Quanto aos preços, seguem operando em altos patamares, sustentados especialmente pela elevada paridade de importação. Os trabalhos de colheita no País já foram iniciados. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, até o dia 4 de setembro, 3,8% da safra de trigo havia sido colhida no País, com as atividades ocorrendo em Goiás (82,9% da área já colhida), Minas Gerais (63%) e São Paulo (10%). Enquanto isso, os compradores aguardam a entrada de maiores volumes da nova safra, na expectativa de menores preços.

Na semana passada, os valores chegaram a apresentar leves quedas. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), as desvalorizações do trigo em grão são de 0,58% no Rio Grande do Sul e de 0,3% em Santa Catarina. No Paraná, os valores se mantêm estáveis. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações estão praticamente estáveis no Rio Grande do Sul, Paraná, em São Paulo e Santa Catarina. Dados divulgados pela Conab no dia 9 de setembro apresentaram reajustes negativos na produção frente às estimativas de agosto, em decorrência de geadas e do clima seco, mas os números ainda são recordes. A área com trigo em 2021 deve atingir 2,69 milhões de hectares, 14,9% acima da safra anterior. A produtividade está estimada em 3,03 toneladas por hectare, ainda 13,8% superior à de 2020.

Assim, a produção poderá somar 8,156 milhões de toneladas, significativo aumento de 30,8% em comparação à safra anterior e um recorde. A disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) deverá ser de 14,303 milhões de toneladas, 11,14% acima da safra anterior e o maior volume desde 2016. Do lado da demanda, a estimativa do consumo interno continuou sendo de 12,34 milhões de toneladas, 3,7% a mais que na última temporada, e as exportações permanecem projetadas em 600 mil toneladas. Desta forma, o estoque final, em julho/22, foi reduzido frente ao relatório de agosto, devido à menor produção, e deverá ser de 1,35 milhão de toneladas. Contudo, o volume ainda é expressivamente superior às 146,9 mil toneladas de julho/2021. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 10 de setembro, manteve a estimativa da produção brasileira de 7,7 milhões de toneladas, 23,2% acima da safra 2020/2021.

Em termos mundiais, foi elevada a estimativa de produção global da safra de trigo 2021/2022, agora apontada em 780,279 milhões de toneladas, com maiores lavouras na Austrália, China e Índia. Assim, a produção global deve ser 0,6% superior à temporada 2020/2021. Quanto ao consumo, deve haver alta de 1,1% de 2020/2021 para 2021/2022, a 789,62 milhões de toneladas, devido ao maior consumo em alimentação e uso residual. Os estoques mundiais avançaram 1,5% frente ao relatório de agosto, com maior oferta da União Europeia, Canadá e Índia, mas ainda são 3,2% inferiores aos da safra 2020/2021, indo para 283,21 milhões de toneladas. A relação estoque/consumo apresentou leve melhora, saindo de 35,5% para 35,9%. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê 200,92 milhões de toneladas, elevação de 1,6% em comparação à safra anterior.

Os destaques nas exportações permanecem sendo a Austrália (24,0 milhões de toneladas) e a Ucrânia (23,5 milhões de toneladas), com avanços expressivos de 21,3% e de 39,5%, respectivamente, entre as temporadas 2020/2021 e 2021/2022. Os maiores exportadores continuam sendo a Rússia e a União Europeia, com 35 milhões de toneladas cada. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 594,13 mil toneladas de trigo em agosto/2021, elevação de 11,1% sobre o mês anterior e alta de 5,7% frente a agosto/2020. Do total importado pelo Brasil, 90,53% vieram da Argentina, 5,6%, dos Estados Unidos, 2%, da Rússia, 1,29% veio do Canadá, 0,5%, do Paraguai e 0,1%, do Uruguai. Os preços de importação registraram média de US$ 276,32 por tonelada FOB origem, 0,9% acima dos preços de julho/2021 e 22,6% superiores aos de agosto/2020 (US$ 225,30 por tonelada).

Ao se considerar o dólar médio de R$ 5,25 em agosto/2021, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.450,69 por tonelada FOB, 18,1% a mais que em agosto/2020. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram avanço de 0,3% nos últimos sete dias, a US$ 290,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta recuo de 5,5% nos últimos sete dias, a US$ 6,75 por bushel (US$ 248,02 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter também acumula baixa de 5,5%, a US$ 6,76 por bushel (US$ 248,48 por tonelada). A divulgação do relatório do USDA influenciou as quedas, tendo em vista que a estimativas ficaram acima do esperado pelo mercado. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.