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06/Set/2021

Preços do trigo em baixa com a chegada da safra

A perspectiva de uma boa safra nacional de trigo, somada ao início da colheita no Paraná, deve pressionar ainda mais os preços do cereal no mercado interno ao longo deste mês. O arrefecimento das cotações no spot já foi observado ao longo da última semana. Em média, os valores pagos pelos lotes no disponível cederam R$ 50,00 por tonelada nas principais regiões produtoras. A magnitude do recuo dos preços vai depender da ocorrência ou não de chuvas sobre as lavouras do Paraná nos próximos 10 a 15 dias. Se o clima continuar seco, vai favorecer a maturação do cereal e a colheita. Se não chover neste período, o resultado será uma excelente produção, e os preços tendem a cair mais.

Por outro lado, caso haja precipitação volumosa na área produtora de trigo do Estado, poderá haver comprometimento das lavouras que estão em maturação, cerca de 8% da área plantada, e valorização do cereal. Se o clima continuar seco, a produção pode ser até maior do que esperado. Segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o Paraná deve colher 3,72 milhões de toneladas nesta safra, 17% mais que na temporada anterior. A colheita no Estado deve iniciar pela região norte até o dia 15 deste mês. Essa região planta antes o cereal e, por isso, também tem o desenvolvimento das lavouras adiantado.

Com a proximidade da entrada da nova safra no mercado, a comercialização continua pontual. No Paraná, a indicação de compra de moinhos passou de R$ 1.700,00 por tonelada para R$ 1.650,00 por tonelada para cereal posto em Curitiba, para entrega imediata. Na região dos Campos Gerais, a negociação é pontua. Os moinhos indicam R$ 1.600,00 por tonelada posto em Ponta Grossa para setembro, ante R$ 1.650,00 por tonelada na semana anterior. O trigo do Rio Grande do Sul chega a R$ 1.620,00 por tonelada no Estado.

Para compra antecipada dos lotes da safra nova, as indústrias indicam R$ 1.400,00 por tonelada CIF Curitiba, ante R$ 1.350,00 por tonelada na semana anterior. Na região dos Campos Gerais, a indicação de compra subiu de R$ 1.400,00 por tonelada para R$ 1.500,00 por tonelada, para entrega em outubro. Os preços internacionais estão avançando, puxados pela quebra da produção da Rússia. Tal fato impulsiona as cotações argentinas e aumenta a paridade do trigo nacional ante o importado. Nos últimos sete dias, o cereal argentino subiu do intervalo de US$ 275,00 a US$ 278,00 por tonelada FOB para entre US$ 283,00 e US$ 285,00 por tonelada.

No Rio Grande do Sul, a safra continua em bom desenvolvimento no campo. As chuvas recentes favoreceram as lavouras do Estado, recuperando as áreas que estavam com baixa umidade no solo e contribuindo para diminuir o déficit hídrico. O clima está ótimo para o trigo. O Estado deve colher cerca de 3 milhões de toneladas. A Emater-RS informou que 8% da área cultivada está em fase de enchimento de grãos, outros 27% em floração e 65% em germinação e desenvolvimento vegetativo. Os cultivos foram favorecidos pelo retorno da umidade do solo e da umidade relativa do ar.

O baixo apetite de compra por parte de moinhos tem deixado o spot do trigo praticamente paralisado no Rio Grande do Sul. Além disso, as agroindústrias na região de Passo Fundo têm adquirido o cereal para produção de ração e pagado mais para produtores, o que reforça o desinteresse dos moinhos em competir com este setor. De toda forma, eles estão abastecidos neste momento. Os moinhos indicam entre R$ 1.510,00 e R$ 1.540,00 por tonelada CIF, para entrega imediata e pagamento em 30 dias, valores estáveis nos últimos sete dias, muito mais pela lentidão do mercado do que por firmeza de preços. As agroindústrias indicam valor um pouco maior.

Os produtores, por sua vez, indicam entre R$ 1.600,00 e R$ 1.650,00 por tonelada FOB, para retirada imediata e pagamento em 30 dias. Com a retração econômica, os moinhos estão trabalhando com no máximo 50% da capacidade das unidades industriais, outro motivo da baixa demanda. Diminuiu bastante o consumo de farinha de trigo. Além disso, com a safra nova do cereal já no campo, os moinhos vão aguardar para fazer novas aquisições e, assim, adquirir produto novo, a partir de novembro. Os produtores aguardam por mais chuvas.

No Estado, observa-se o aumento das cotações dos contratos fechados previamente para entrega em outubro. Tradings indicam R$ 1.400,00 por tonelada para cereal para exportação, posto no Porto de Rio Grande em outubro ante R$ 1.350,00 por tonelada indicados nas mesmas condições na semana anterior. Mas, ainda há baixa liquidez de negócios para a indústria doméstica. Na região de Passo Fundo, os moinhos demandam pouco e sequer indicam preços, pois estão esperando a safra nova. O produtor também tem baixo interesse de venda por enquanto e não apresentou ofertas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.