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17/Ago/2021

Tendência de preços firmes com demanda aquecida

Apesar da previsão de safra recorde nacional de trigo, os preços do cereal seguem firmes no mercado brasileiro. A sustentação ainda vem das perdas registradas na produção da 2ª safra de milho de 2021 e, consequentemente, do aumento na demanda pelo trigo, especialmente de farelo, para alimentação animal. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), o preço do trigo em grão registra alta de 1,51% no Paraná e 0,61% em Santa Catarina, com estabilidade no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores apresentam avanço de 1,71% no Paraná, 0,89% em São Paulo, 0,37% no Rio Grande do Sul e 0,32% em Santa Catarina. No geral, os compradores aguardam o início da colheita e um possível enfraquecimento nos preços para voltar a realizar novas aquisições no spot. Os vendedores seguem afastados, à espera de novas altas nos preços. Relatório de agosto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que a área com trigo em 2021 deve atingir 2,69 milhões de hectares, 15,1% acima da safra anterior.

A produtividade da safra foi reduzida em relação aos dados indicados em julho, mas ainda está estimada para ser recorde, de 3,18 toneladas por hectare, e 19,7% acima da registrada em 2020. Assim, a produção poderá atingir 8,59 milhões de toneladas, significativo aumento de 37,8% em comparação à safra anterior e um recorde. A previsão de importação do cereal entre agosto/2021 e julho/2022 é de 6 milhões de toneladas, 0,12% abaixo da safra anterior (de agosto/2020 a julho/2021). Com isso, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) deverá ser de 14,73 milhões de toneladas, 14,5% acima da safra anterior e o maior volume desde 2016. Do lado da demanda, estima-se consumo interno de 12,34 milhões de toneladas, 3,7% a mais que na última temporada, e as exportações permanecem estimadas em 600 mil toneladas. Desta forma, o estoque final, em julho/22, deverá ser de 1,79 milhão de toneladas, volume expressivamente superior às 146,9 mil toneladas de julho de 2021.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado na semana passada, estima que a produção brasileira seja de 7,7 milhões de toneladas, 23,2% acima da safra 2020/2021. Em termos mundiais, o USDA reduziu a estimativa de produção global da safra 2021/2022, agora apontada em 776,9 milhões de toneladas, tendo em vista menores ofertas da Rússia, Canadá, Turquia, Cazaquistão e dos Estados Unidos. Ainda assim, a produção segue acima da temporada 2020/2021, com leve alta de 0,1%. Quanto ao consumo, a previsão é de aumento de 0,3% de 2020/2021 para 2021/2022, a 786,67 milhões de toneladas, mas queda de 0,5% em comparação ao relatório de julho, devido ao menor consumo causado pelos altos preços. Os estoques mundiais recuaram 3,4% frente aos da safra 2020/2021, indo para 279,06 milhões de toneladas. A relação estoque/consumo permanece em queda, saindo de 36,9% para 35,5%.

Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê 199,81 milhões de toneladas, elevação de 0,8% em comparação à safra anterior. Os destaques nas exportações foram a Ucrânia (23,5 milhões de toneladas) e a Austrália (23,5 milhões de toneladas), com altas expressivas de 40,3% e de 18,8%, respectivamente, entre as temporadas 2020/2021 e 2021/2022. Os maiores exportadores permanecem sendo a Rússia e a União Europeia, com 35 milhões de toneladas cada. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram valorização de 1,1% nos últimos sete dia, a US$ 286,00 por tonelada. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires relata que a semeadura do trigo foi finalizada no país e que 46% das lavouras estão em excelentes condições, 38%, em normais, e 16%, em ruins. A piora em comparação à semana anterior foi causada por falta de chuvas nas regiões de lavouras mais desenvolvidas.

Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago, apresenta alta de 6% nos últimos sete dias, a US$ 7,62 por bushel (US$ 280,08 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta avanço de 5,2%, a US$ 7,42 por bushel (US$ 272,73 por tonelada). A alta foi influenciada pela divulgação do relatório do USDA, reduzindo as estimativas de produção dos Estados Unidos, da Rússia e do Canadá. Quanto às lavouras norte-americanas, o USDA indicou que, até o dia 8 de agosto, 95% da área total do trigo de inverno havia sido colhida, acima do mesmo período da temporada passada (89%) e da média dos últimos cinco anos (91%). Para o trigo de primavera, as condições das lavouras apresentaram leve melhora, com 61% entre ruins e muito ruins, 28%, em médias, e 11% da área estão boas e excelentes. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.