27/Jul/2021
As geadas das últimas semanas e a possibilidade de quedas bruscas na temperatura nesta semana e na primeira quinzena de agosto têm deixado os agentes preocupados quanto ao impacto nas lavouras de trigo no Brasil. Vale lembrar que ainda não há estimativas quanto aos danos causados pelas geadas registradas anteriormente. Mesmo que a cultura seja menos vulnerável às baixas temperaturas, especialmente nos estágios iniciais e intermediários de desenvolvimento, muitas áreas foram afetadas pelas geadas verificadas em períodos anteriores. Quanto aos preços internos, seguem em alta nos mercados de balcão (preço pago ao produtor) e no mercado de lotes (negociação entre empresas). Além da preocupação quanto ao clima, as perdas no milho e a alta do dólar também estão elevando as cotações, limitando a movimentação.
Nos últimos sete dias, as valorizações do trigo no mercado de balcão (ao produtor) são de 1,87% no Paraná, de 1,14% no Rio Grande do Sul e de 0,39% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços registram alta de 2,09% no Rio Grande do Sul, 1,82% em São Paulo, 1,69% em Santa Catarina e 0,23% no Paraná. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 19 de julho, 95% das lavouras de trigo estavam em boas condições, e 5%, em médias. Do total, 90% estão em desenvolvimento vegetativo, 9%, em floração e 1% está em germinação. Com as geadas da última semana, as lavouras que estavam em fase de floração podem ter sido prejudicadas, pois é a fase mais suscetível ao clima adverso. Apesar disso, ainda não é possível dimensionar os danos reais. No Rio Grande do Sul, informações da Emater-RS mostram que a semeadura atingiu 97% da área, acima da média dos últimos cinco anos.
Em Santa Catarina, segundo a Epagri/Cepa, as atividades chegaram a 74,2% da área total (de 88,2 mil hectares) até o dia 20 de julho. Apesar das geadas, as lavouras apresentam boas condições, já que estão nas fases de germinação e desenvolvimento vegetativo. Quanto à Argentina, segundo informações divulgadas pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura do trigo também está quase finalizada, atingindo 97,9% da área até 21 de julho, com 57% das lavouras em excelentes condições, 39%, em normais, e apenas 4% em situação ruim. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 18 de julho, 73% da área total do trigo de inverno no país havia sido colhida, avanço semanal de 14%. O ritmo está igual ao observado no mesmo período da temporada passada e apenas 1% inferior à média dos últimos cinco anos, de 74%. Para o trigo de primavera, 11% da área estava entre condições boas e excelentes, ainda muito abaixo dos 68% do ano passado. Em condições médias estavam 26% das lavouras, e entre ruins e muito ruins, 63%.
Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 278,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra recuo de 1,2% nos últimos sete dias, a US$ 6,84 por bushel (US$ 251,33 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta baixa de 0,8% no mesmo período, a US$ 6,46 por bushel (US$ 237,36 por tonelada). A baixa está relacionada à desvalorização do milho e a uma correção devido às altas anteriores expressivas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de julho, as importações de trigo tiveram média diária de 21,43 mil toneladas, contra 22,12 mil toneladas por dia no mesmo mês de 2020, redução de 3,15%. Os preços de importação registram média de US$ 269,50 por tonelada FOB origem, 20,18% acima dos verificados no mesmo período de 2020 (US$ 224,30 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.