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13/Jul/2021

Brasil deverá colher safra recorde de trigo em 2021

As geadas que ocorreram no Brasil na primeira semana de julho não prejudicaram de forma intensa a maior parte das lavouras de trigo, já que estas ainda estavam em período inicial de desenvolvimento. Diante disso e do avanço do cultivo da nova temporada, novos dados oficiais reforçam as expectativas de maior área e de safra recorde no País. O avanço na área semeada, por sua vez, se deve aos elevados preços do trigo, especialmente entre o quarto trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2020, que atraíram produtores para a cultura. Nos últimos dias, especificamente, os valores do cereal registram alta na maior parte das regiões, influenciados pela valorização do dólar frente ao Real, que encarece as importações. O ritmo de negócios no Brasil, contudo, segue lento, devido aos baixos estoques da safra passada. Além disso, alguns compradores estão afastados das aquisições internas, à espera de queda nos preços. Por enquanto, esses agentes estão recebendo produto que foi importado.

Nos últimos sete dias, as valorizações do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) são de 2,46% no Paraná e de 0,8% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços registram alta de 1,25% no Paraná e 0,97% no Rio Grande do Sul, mas queda de 0,57% em São Paulo. Em Santa Catarina, os valores estão praticamente estáveis, com leve baixa de 0,07% no mercado de balcão e leve alta de 0,08% no mercado de lotes. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área com trigo em 2021 deve crescer 12,3% frente à anterior, atingindo 2,62 milhões de hectares, a maior desde 2014. A produtividade está estimada para ser recorde, em 3,23 toneladas por hectare, sendo 21,1% acima da registrada em 2020 e da de 2016, quando foi de 3,18 toneladas por hectare, a máxima, até o momento. Se os números se confirmarem, especialmente os da produtividade, a produção nacional poderá chegar ao recorde de 8,48 milhões de toneladas, expressivo aumento de 36% em comparação à safra anterior.

Com isso, foi prevista queda na importação do cereal entre agosto/2921 e julho/2022, para 6 milhões de toneladas, 9,1% a menos que na safra atual (de agosto/2020 a julho/2021). Mesmo assim, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) seria de 14,6 milhões de toneladas, 11,7% acima da safra anterior e o maior volume desde 2016. Do lado da demanda, estima-se consumo interno de 12,12 milhões de toneladas, 0,2% a mais que na temporada atual. As exportações são estimadas em 600 mil toneladas, 29,4% inferiores ao volume previsto para a temporada em andamento. Desta forma, o estoque final, em julho/2022, deverá ser de 1,87 milhão de toneladas, contra 113 mil toneladas em julho/2021. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 5 de julho, a semeadura havia atingido 98% da área esperada para o Estado, mantendo 95% das lavouras em boas condições e 5%, em médias. No Rio Grande do Sul, informações da Emater-RS mostram que a semeadura atingiu 91% da área, acima da média dos últimos cinco anos, mas 3% abaixo do mesmo período do ano passado.

A área com cereal no Estado é de 1,12 milhões de hectares nesta temporada. Na Argentina, segundo informações divulgadas pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura de trigo havia atingido 91,3% da área até o dia 7 de julho, favorecida pelo clima. Nos Estados Unidos, o USDA indicou que, até o dia 4 de julho, 45% da área total do trigo de inverno havia sido colhida, avanço semanal de 12%, contudo, abaixo do mesmo período da temporada passada (54%) e inferior à média dos últimos cinco anos (de 2016 a 2020), de 53%. Para o trigo de primavera, 16% estavam entre condições boas e excelentes, muito abaixo dos 70% do ano passado e piora de 4% em comparação à semana anterior. Em condições médias estavam 34% das lavouras, e entre ruins e muito ruins, 50%. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil importou 540,87 mil toneladas de trigo em junho/2021, redução de 8,4% em relação ao mês anterior, mas alta de 24,6% frente a junho/20. Do total importado pelo Brasil, 80,17% vieram da Argentina, 13,2%, do Paraguai, 3,6%, do Uruguai e 3,05%, dos Estados Unidos.

Os preços de importação registraram média de US$ 268,97 por tonelada FOB origem, 0,3% abaixo dos preços de maio/2021, entretanto, 16,9% superiores aos de junho/2020 (US$ 230,04 por tonelada). Ao se considerar o dólar médio de R$ 5,02 em junho/2021, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.351,31 por tonelada FOB, 13% a mais que em junho/2020. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 273,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de expressivos 5,8% nos últimos sete dias, a US$ 6,08 por bushel (US$ 223,59 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter acumula queda de 2,0% no mesmo período, a US$ 5,99 por bushel (US$ 220,09 por tonelada). A queda no preço do cereal está relacionada à baixa do contrato futuro do milho, substituto em ração animal. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.