21/Jun/2021

O recuo do dólar ante o Real, de 1% nos últimos sete dias no mercado à vista, pressiona os preços do trigo nacional. Isso porque a desvalorização da moeda norte-americana ante a local torna a importação do cereal mais vantajosa para os moinhos brasileiros. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo entre R$ 30,00 e R$ 50,00 por tonelada. Apesar das cotações mais atraentes para os moinhos, a comercialização do cereal é lenta. Em meio à entressafra, há apenas lotes remanescentes para negociação e os produtores estão firmes nos valores pedidos. Na comparação com igual período dos últimos anos, o ritmo dos negócios está bem lento. O produtor está capitalizado e indica pelo menos R$ 1.600,00 por tonelada FOB interior do Paraná. Esse valor é indicado pelos compradores para lotes CIF, ou seja, incluindo o custo de deslocamento até o moinho. Resulta em uma diferença de R$ 70,00 a R$ 150,00 por tonelada. Nos últimos sete dias, há registro de lotes pontuais a R$ 1.600,00 por tonelada colocada em moinho de Curitiba (PR) e a R$ 1.580,00 por tonelada posta em fábrica de Ponta Grossa (PR).

Esses patamares estão de R$ 30,00 a R$ 50,00 por tonelada abaixo do reportado na semana anterior. O frete está dificultando os negócios e chega a representar entre 6% e 10% do preço do produto. Assim, o cereal argentino fica mais barato. Os custos para escoamento do cereal da fazenda até a fábrica estão proporcionalmente superiores ao reportado nas temporadas passadas. Isso limita a comercialização entre os Estados. Moinhos do Paraná, que em anos anteriores compravam praticamente toda semana trigo do Rio Grande do Sul está fazendo outros negócios atualmente. No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, os compradores indicam R$ 1.560,00 por tonelada, para entrega imediata e pagamento em 30 dias, após terem indicado R$ 1.590,00 por tonelada no começo da semana passada. Nesta semana, os preços podem cair abaixo de R$ 1.500,00 por tonelada, chegando à faixa de R$ 1.470,00 a R$ 1.480,00 por tonelada, em virtude da demanda fraca de moinhos.

Em alguns casos, os moinhos trabalham com 40% a 50% da capacidade diante da dificuldade de repassar o preço do cereal para a farinha. O Rio Grande do Sul também está se abastecendo com trigo importado e do Paraná. Os moinhos procuraram alternativas e estão estocados, só negociam pontualmente. Tanto o trigo do Paraná quanto o importado chegam abaixo de R$ 1.450,00 por tonelada ao Estado. Os negócios envolvendo lotes da nova safra, que entra no mercado a partir de setembro, também estão em compasso de espera. No Paraná, há disputa sobre preços entre vendedores e compradores. Não há propostas firmes e referências de cotações de ambos os lados. O produtor costuma vender para entrega futura para custear despesas, mas como está capitalizado não há necessidade de comercialização adiantada e segura os lotes. No Rio Grande do Sul, também não há interesse de compra ou venda. Os produtores estão plantando neste momento com clima favorável no Estado. Os vendedores devem se voltar para comercialização antecipada dentro de mais 30 dias. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.