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15/Jun/2021

Preços elevados devem gerar safra recorde de trigo

Apesar das recentes quedas, avaliando-se os últimos 12 meses, os preços do trigo no Brasil registram alta expressiva. Esse comportamento está em linha com os observados no mercado externo e na paridade de importação. Como resultado, já era de se esperar um crescimento de área, especialmente na Região Sul do País. Assim, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é de aumento de 8,1% na área com trigo em 2021 em relação à temporada de 2020, atingindo 2,53 milhões de hectares. A produtividade pode crescer 3%, resultando em produção 11,3% maior, de 6,94 milhões de toneladas, o que seria um recorde. Apesar da maior estimativa de produção, a previsão de importação entre agosto/2021 e julho/2022 seguiu em 6,4 milhões de toneladas. Portanto, a disponibilidade interna, por sua vez, foi elevada para 13,45 milhões de toneladas, a maior desde 2018. Este volume deve atender à previsão da demanda doméstica, de 12,12 milhões de toneladas, apenas 0,2% acima do observado em 2020.

As estimativas de exportações para o mesmo período se mantiveram em 600 mil toneladas, como no relatório de maio. Assim, o estoque final, em julho/2022, deverá ser o maior desde 2018, a 732,0 mil toneladas. O mercado de trigo não apresenta alterações expressivas, com as negociações se mantendo pontuais. Agentes de moinhos permanecem abastecidos, e a demanda por farinhas, baixa. Há uma maior demanda pelo trigo em grão por parte de indústrias de ração do Rio Grande do Sul. Ressalta-se, também, que, as importações do cereal seguem mais vantajosas. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores registram recuo de 1,06% no Rio Grande do Sul, 1,02% em São Paulo, 0,63% em Santa Catarina e 0,06% no Paraná. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), os valores continuam praticamente estáveis nos três Estados da Região Sul do País.

Tomando-se como base dados da Conab, de 31 de maio a 4 de junho, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 284,14 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,39, o cereal importado era negociado a R$ 1.532,54 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média maior, de R$ 1.610,50 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 266,33 por tonelada, o equivalente a R$ 1.435,96 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.549,22 por tonelada na média do Estado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 590,569 mil toneladas de trigo em maio/2021, elevação de 26,3% em relação ao mês anterior e alta de 26,5% frente a maio/2020. Do total importado pelo Brasil, 77,11% vieram da Argentina, 15,22%, do Uruguai, 7,64%, do Paraguai e 0,02%, da França.

Os preços de importação registraram média de US$ 269,69 por tonelada FOB origem, 0,2% acima dos de abril/2021 e 20,8% superiores aos de maio/2020 (US$ 223,19 por tonelada). Ao se considerar o dólar médio de R$ 5,29 em maio/2021, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.427,45 por tonelada FOB, 13,4% a mais que em maio/2020. Dados divulgados neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam produção mundial 2,4% maior em 2021/2022 frente à safra 2020/2021, somando 794,440 milhões de toneladas, um recorde. Este aumento está relacionado às previsões de maiores safras na União Europeia, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos. Os estoques mundiais devem subir 0,7% sobre a safra 2020/2021, indo para 296,80 milhões de toneladas, principalmente devido à maior produção na União Europeia e na Rússia. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê um volume de 203,22 milhões de toneladas, elevação de 3,1% em comparação à safra passada.

O maior aumento nas vendas externas deverá ocorrer pela Ucrânia e Índia. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram queda de 0,7%, a US$ 273,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 1,0% nos últimos sete dias, a US$ 6,80 por bushel (US$ 250,13 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra leve alta de 0,2%, a US$ 6,38 por bushel (US$ 234,42 por tonelada). A desvalorização do cereal na Bolsa de Chicago é influenciada pelo comportamento do milho, já que ambos são utilizados em ração animal, e pela alta do dólar, que reduz a competitividade das commodities norte-americanas. A leve alta na Bolsa de Kansas foi relacionada à menor estimativa do USDA do estoque do cereal no país. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.